PADRÃO E SELEÇÃO DE ALIMENTOS COMPLEMENTARES E SUCEDÂNEOS DO LEITE MATERNO EM COMUNIDADES RURAIS NO SEMI-ÁRIDO BAIANO

Autores

  • Matildes da Silva PRADO Universidade Federal da Bahia
  • Ana Marlúcia Oliveira ASSIS Universidade Federal da Bahia
  • Maria do Carmo Soares de FREITAS Universidade Federal da Bahia
  • Rita de Cássia Ribeiro SILVA Universidade Federal da Bahia
  • Maria Lúcia VARJÃO Universidade Federal da Bahia

Palavras-chave:

aleitamento materno, desmame, leite, leite humano, substitutos do leite materno, Brasil, população rural

Resumo

Pretende-se, com este trabalho, identificar as mudanças ocorridas na prática do desmame e na seleção e uso de alimentos complementares e sucedâneos do leite materno ao longo do tempo, em comunidades rurais do Município de Cansanção, semi-árido do Estado da Bahia. As informações que se referem ao passado foram obtidas através de vinte (20) histórias de vida coletadas entre os membros mais velhos da comunidade e do diário de campo, onde ficaram registrados conversas, depoimentos e fatos do cotidiano ao longo de cinco anos de convivência na área. Os dados referem-se a 226 crianças das famílias que, à data do estudo, apresentavam até 02 anos de idade. As informações foram coletadas através de formulários aplicados às mães ou responsáveis pelo menor, no período de 1988 a 1989. A introdução de alimentos complementares e sucedâneos do leite materno no regime infantil é feita, predominantemente, entre O e 29 dias de vida. A precocidade destà introdução guarda similitude com o padrão cultural do passado, parecendo ser uma prática antiga da população. Pode­ se observar também que o tipo de alimento selecionado como complementar e/ou sucedâneo do leite materno sofreu marcadas alterações no curso do tempo. Os alimentos de produção própria para o autoconsumo, a exemplo da farinha de mandioca, tapioca e o leite de cabra, utilizados em preparações infantis, cederam lugar aos alimentos industrializados, disponíveis no mercado consumidor. Ao completar um ano de idade, a criação começa a participar do cardápio familiar, tendo como alimentos básicos o feijão e a farinha de mandioca. Carnes e ovos são consumidos em pequenas quantidades. O consumo de frutas e verduras estão na dependência da sazonalidade.

Referências

ASSIS, A. M. O.; FREITAS, M. C. S.; PRADO, M. S. & OLIVEIRA, N.

M. Expropriação e fome: estudo sobre a determinação social da fome em dois municípios do Estado da Bahia. Salvador: Empresa Gráfica da Bahia, 1987. p. 85.89.

,---, ;MACHADO,A.D.;VAR-JAO, M. L. & SILVA, R. C. R. Bró, caxixe, ouricuri: uma estratégia alimentar. Salvador: Escola de Nutri-ção - UFBa, 1989. p. 50 (Mimeografado).

BARROS FILHO, A.A.; BARBIERI, M.A. SANTORO, J.R. Influência da duração do aleitamento materno na morbidade de lactentes. Boletim da La Oficina Sanitaria Panamericana, Washington, DC, n. 99, p. 594-604, 1985.

BOLTANSKI, L. Puericultura y moral de clase. Barcelona : Laia, 1974. 70p.

CANESQUI, A. M. Antropologia e alimentação. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 22, n. 3, p. 207-216, 1988.

CANGUILHEM, G. O normal e o patológico. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1982. p. 36-50.

GAUDENZI, E. N.; NASCIMENTO, A. D.; ASSIS, A. M. O.; FREITAS, M. C. S.; PRADO, M. S.; SANTANA, A. F.; FARIA, J. A. S. & FRIAS, J. J. Projeto Cansanção: uma vivência no sertão da Bahia. Salvador : UFBa, 1982. 34p. (Coordenação Central de Extensão/UFBa).

LEÃO, M. H.; COITINHO, D. C.; COSTA, L. A. L. & LACERDA, A. J. O perfil do aleitamento materno no Brasil. ln: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Aspectos de saúde e nutrição de crianças no Brasil, 1989: perfil estatístico de crianças e mães no Brasil. Rio de Janeiro : IBGE/INAN/ UNICEF, 1992. p.97-109.

MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo : Hucitec, 1992. p.107-182.

NOTZON, F. Trends in infant feeding in developing countries. Pediatrics, Evanston, v. 74, p. 648-666, 1984. (suppl. 2).

ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD. Necesidades de energia y de proteínas. Genebra, 1985. p. 219 (Série Informes Técnicos).

POPKIN, B.M.; BIJSBORROW, R.E. & AKIN, J.S. Breast-feeding patterns in low-income countries. Science, Washington, DC, V. 218, p. 1088-1093, 1982.

PRADO, M. S.; ASSIS, A. M. O.; MARTINS, M. C.; NAZARÉ, M. P. A.; REZENDE, 1. B. & CONCEIÇÃO, M. E. O. Prevalência de hipovitaminose A em comunidades rurais do semi-árido baiano. Salvador : Escola de Nutrição - UFBa, 1993, p. 27 (Relatório final).

QUEIROZ, M. 1. P. Histórias de vida e depoimentos pessoais. Sociologia, São Paulo, n.15, p.8-24, 1953.

SILVA, L. C.; FUENTELSAZ, C. &AMADOR, M. Características de la introducción de alimentos ai lactante en Cuba. Boletim de La Oficina Sanitaria Panamericana, Washington, DC, v. 114, n. 5, p. 407-413, 1993.

SILVA, R.C.R. Determinantes da anemia em população infantil da zona rural do semi-árido baiano. São Paulo : (s.n.], 1993. 67p. Dissertação (Mestrado) - Universidade de São Paulo, 1993.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Programme for control of a diarrhoeal diseases. Geneva, 1992. 50p.

WOORTMANN, K. Hábitos e ideologias alimentares em grupos de baixa renda: relatório final de pesquisa. Brasília: Universidade de Brasília, 1978. p. 65-87 (Série Antropológica).

Downloads

Publicado

25-06-1995

Como Citar

da Silva PRADO, M., Oliveira ASSIS, A. M., Soares de FREITAS, M. do C., Ribeiro SILVA , R. de C., & VARJÃO, M. L. . (1995). PADRÃO E SELEÇÃO DE ALIMENTOS COMPLEMENTARES E SUCEDÂNEOS DO LEITE MATERNO EM COMUNIDADES RURAIS NO SEMI-ÁRIDO BAIANO. Revista De Nutrição, 8(1). Recuperado de https://periodicos.puc-campinas.edu.br/nutricao/article/view/9893

Edição

Seção

ARTIGOS ORIGINAIS