Estado nutricional e práticas alimentares de trabalhadores acidentados

Autores

  • Maria Angélica Tavares de MEDEIROS Pontifícia Universidade Católica de Campinas
  • Ricardo CORDEIRO Universidade Estadual de Campinas
  • Lia Thieme Oikawa ZANGIROLANI Universidade Estadual de Campinas
  • Rosa Wanda Diez GARCIA Universidade de São Paulo

Palavras-chave:

acidentes de trabalho, estado nutricional, estudos transversais, inquéritos nutricionais, programas e políticas de nutrição e alimentação, saúde do trabalhador

Resumo

Objetivo
Identificar o estado nutricional e as práticas alimentares de trabalhadores acidentados de Piracicaba, SP.

Métodos
Estudo transversal com 600 trabalhadores acidentados, atendidos em um dos 8 serviços especializados do município, entre maio e outubro de 2004. Foram caracterizados a situação socioeconômica, ocupacional, as práticas alimentares e o estado nutricional (peso, altura e circunferência de cintura), verificando médias e desvio-padrão.

Resultados
Os acidentados eram, fundamentalmente, homens (87,33%), operários (55,17%), com idade média de 33 anos. A maioria se inseria no mercado formal (84,17%), em turno diurno fixo (91,00%), e 55,33% possuía trabalho fixo. Aproximadamente a metade deles apresentou sobrepeso (28,26%) ou obesidade (17,89%), sendo maior nos que referiam pouco esforço físico no trabalho (54,90%). Quase 1/3 dos trabalhadores tinha a circunferência da cintura aumentada, indicando risco cardiovascular. O benefício alimentação atendia a 85,33% dos entrevistados. Predominou, na rotina alimentar, a realização de duas grandes refeições, almoço (95,67%) e jantar (94,83%); 24,16% não ingeriam o desjejum diariamente, e 37,50% consumiam alimentos entre as grandes refeições. O arroz e o feijão eram consumidos, diariamente, por 98,67%, as carnes por 90,33% e os farináceos por 81,50%. Os laticínios compunham a alimentação diária de 63,33% dos trabalhadores; 55,17% consumiam verduras e/ou legumes diariamente e 32,67%, frutas. Em contrapartida, 53,00% mencionaram consumo diário de doces e refrigerantes e 38,67% de frituras e salgadinhos.

Conclusão
A alta prevalência de excesso de peso e os aspectos poucos saudáveis das práticas alimentares corroboram a tendência atual de aumento dessa doença, portanto, uma maior atenção a essas questões deve ser dada no tocante à vigilância à saúde dos trabalhadores. 

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Publicado

15-09-2023

Como Citar

Tavares de MEDEIROS, M. A. ., CORDEIRO, R. ., Oikawa ZANGIROLANI, L. T. ., & Diez GARCIA, R. W. . (2023). Estado nutricional e práticas alimentares de trabalhadores acidentados. Revista De Nutrição, 20(6). Recuperado de https://periodicos.puc-campinas.edu.br/nutricao/article/view/9714

Edição

Seção

ARTIGOS ORIGINAIS