Efeito do cultivo de hortas domiciliares sobre a disponibilidade domiciliar de frutas e hortaliças

Autores

  • Fabio da Silva GOMES Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva
  • Gulnar Azevedo e SILVA Universidade do Estado do Rio de Janeiro
  • Inês Rugani Ribeiro de CASTRO Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Palavras-chave:

Estudos de Avaliação, Cultivo de Alimentos, Promoção da Saúde, Participação Social, Hortaliças

Resumo

Objetivo
Analisar o efeito do plantio de sementes e mudas de temperos ou hortaliças sobre a disponibilidade domiciliar de frutas e hortaliças no âmbito de um estudo de intervenção. Este combinou diversas ações de promoção do consumo de frutas e hortaliças em múltiplos cenários, como práticas educativas, visitas domiciliárias, distribuição de sementes e mudas de temperos ou hortaliças.

Métodos
Foram analisados dados de 70 famílias selecionadas por meio de uma amostra estratificada. Esses dados permitiram inferir sobre o universo de 1.743 famílias que viviam em três comunidades de baixa renda da cidade do Rio de Janeiro. Três grupos definidos a posteriori foram comparados: não receberam sementes e mudas durante a intervenção; receberam mas não plantaram as sementes e mudas; e receberam e plantaram as sementes e mudas.

Resultados
Dentre as famílias que não cultivavam frutas e hortaliças antes da intervenção, aquelas que receberam e plantaram sementes e mudas atingiram um aumento na disponibilidade domiciliar de frutas e hortaliças (∆=+5,8 pontos percentuais) até três vezes maior (p<0,05) do que os experimentados pelas famílias que não receberam sementes e mudas (∆=+1,8 pontos percentuais) ou que receberam mas não plantaram (∆=+2,3 pontos percentuais). Dentre as famílias que já possuíam frutas e/ou hortaliças plantadas antes da intervenção, ao comparar os diferentes grupos, não foram encontradas diferenças na disponibilidade domiciliar de frutas e hortaliças.

Conclusão
O plantio de sementes e mudas entregues às famílias que não cultivavam frutas e hortaliças antes da intervenção contribuiu para o efetivo aumento da disponibilidade domiciliar de desse tipo de alimento. 

Referências

GBD Risk Factors Collaborators, Forouzanfar MH, Alexander L, Anderson HR, Bachman VF, Biryukov S, et al. Global, regional, and national comparative risk assessment of 79 behavioural, environmental and occupational, and metabolic risks or clusters of risks in 188 countries, 1990-2013: A systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2013. Lancet. 2015;386(10010):2287-32.

World Cancer Research Fund, American Institute for Cancer Research. Policy and action for cancer prevention. Food, nutrition, and physical activity: A global perspective. Washington (DC): AICR; 2009.

World Health Organization, Food and Agriculture Organization of the United Nations. Expert Report on Diet, Nutrition and the Prevention of Chronic Diseases. WHO Technical Report Series, nº 916. Geneva: WHO; 2003.

Food and Agriculture Organization of the United Nations. Manual “A vegetable garden for all”. 5th ed. Rome: FAO; 2014.

Marsh R. Building on traditional gardening to improve household food security. Food Nutr Agriculture. 1998;22:4-14.

Christian MS, Evans CE, Nykjaer C, Hancock N, Cade JE. Evaluation of the impact of a school gardening intervention on children’s fruit and vegetable intake: A randomised controlled trial. Int J Behav Nutr Phys Act. 2014;11:99. https://doi.org/10.1186/s12966-014-0099-7

Cabalda AB, Rayco-Solon P, Solon JA, Solon FS. Home gardening is associated with Filipino preschool children’s dietary diversity. J Am Diet Assoc. 2011;111(5): 711-5. https://doi.org/10.1016/j.jada.2011.02.005.

Heim S, Bauer KW, Stang J, Ireland M. Can a community-based intervention improve the home food environment? parental perspectives of the influence of the delicious and nutritious garden. J Nutr Educ Behav. 2011;43(2):130-4. https://doi.org/10.1016/j.jneb.2010.01.003

Adams J, Halligan J, Burges Watson D, Ryan V, Penn L, Adamson AJ, et al. The Change4Life convenience store programme to increase retail access to fresh fruit and vegetables: A mixed methods process evaluation. PLoS One. 2012;7(6):e39431. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0039431

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2002-2003: Análise da disponibilidade domiciliar de alimentos e do estado nutricional no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE; 2004.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009: Análise do consumo alimentar pessoal no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE; 2011.

Jaime P, Monteiro CA. Fruit and vegetable intake by Brazilian adults, 2003. Cad Saúde Pública. 2005;21(Supl.1):S19-24. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2005000700003

Levy-Costa RB, Sichieri R, Pontes NS, Monteiro CA. Disponibilidade domiciliar de alimentos no Brasil: distribuição e evolução (1974-2003). Rev Saúde Pública. 2005;39(4):530-40. https://doi.org/10.1590/S0034-89102005000400003

Camelo LV, Figueiredo RC, Oliveira-Campos M, Giatti L, Barreto SM. Healthy behavior patterns and levels of schooling in Brazil: Time trend from 2008 to 2013. Ciênc Saúde Coletiva. 2016;21(4):1011-21.

Buffarini R, Muniz LC, Barros AJ, Araújo CL, Gonçalves H, Menezes AM, et al. Stability and change in fruit and vegetable intake of Brazilian adolescents over a 3-year period: 1993 Pelotas Birth Cohort. Public Health Nutr. 2016;19(3):386-92.

Brasil. Ministério da Saúde. Vigitel Brasil 2014: Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenç˜as Crô˜nicas por Inquérito Telefô˜nico. Brasília: Ministério da Saúde; 2015.

Jaime PC, Stopa SR, Oliveira TP, Vieira ML, Szwarcwald CL, Malta DC. Prevalência e distribuição sociodemográfica de marcadores de alimentação saudável, Pesquisa Nacional de Saúde, Brasil 2013. Epidemiol Serv Saúde. 2015;24(2):267-76.

Farias SC, Castro IRR, Matta VM, Castro LMC. Impact assessment of an intervention on the consumption of fruits and vegetables by students and teachers. Rev Nutr. 2014;27(1):55-65. https://doi.org/10.1590/1415-52732014000100006

Universidade Estadual de Campinas. Tabela Brasileira de Composição de Alimentos – TACO. 2ª ed. Campinas: Unicamp; 2004.

United States Department of Agriculture. Agricultural Research Service. USDA National Nutrient Database for Standard Reference. Release 15. Beltsville: USDA; 2002.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009: Aquisição alimentar domiciliar per capita: Brasil e grandes regiões. Rio de Janeiro: IBGE; 2010.

Claro RM, Levy RB, Bandoni DH, Mondini L. Per capita versus adult-equivalent estimates of calorie availability in household budget surveys. Cad Saúde Pública. 2010;26(11):2188-95. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2010001100020

Pessoa DGC, Silva PLN. Análise de dados amostrais complexos. São Paulo: Associação Brasileira de Estatística; 1998.

Rao JNK, Scott AJ. The analysis of categorical data from complex sample surveys: Chi-squared tests for goodness-of-fit and independence in two way tables. J Am Stat Assoc. 1981;76(374):221-30. https://doi.org/10.1080/01621459.1981.10477633

Draper NR, Smith H. Applied Regression Analysis. 3rd ed. New York: John Wiley & Sons; 1998.

Sen A, Srivastava M. Regression analysis: Theory, methods and applications. New York: Springer-Verla; 1990.

Langellotto GA, Gupta A. Gardening increases vegetable consumption in school-aged children: A meta-analytical synthesis. Hort Tech. 2012;22(4): 430-45.

Poland BD, Green LW, Rootman I. Settings for health promotion: Linking theory and practice. Thousand Oaks: Sage Publications; 2000.

Appleton KM, Hemingway A, Saulais L, Dinnella C, Monteleone E, Depezay L, et al. Increasing vegetable intakes: Rationale and systematic review of published interventions. Eur J Nutr. 2016;55(3):869-96. https://doi.org/10.1007/s00394-015-1130-8

Pomerleau J, Lock K, Knai C, McKee M. Effectiveness of interventions and programmes promoting fruit and vegetable intake. Geneva: WHO; 2005.

Fulkerson JA, Rydell S, Kubik MY, Lytle L, Boutelle K, Story M, et al. Healthy Home Offerings via the Mealtime Environment (HOME): Feasibility, acceptability, and outcomes of a pilot study. Obesity. 2010;18(Suppl.1):S69-74. https://doi.org/10.1038/oby.2009.434

Krølner R, SuldrupJørgensen T, Aarestrup AK, Hjøllund Christiansen A, Christensen AM, Due P. The Boost study: Design of a school- and community-based randomised trial to promote fruit and vegetable consumption among teenagers. BMC Public Health. 2012;12:191. https://doi.org/10.1186/1471-2458-12-191

Clayton S. Domesticated nature: Motivations for gardening and perceptions of environmental impact. J Environ Psycho. 2007;27(3):215-24. https://doi.org/10.1016/j.jenvp.2007.06.001

Kortright R, Wakefield S. Edible backyards: A qualitative study of household food growing and its contributions to food security. Agr Hum Values. 2011;28(1):39-53. https://doi.org/10.1007/s10460-009-9254-1

Macinko J, Harris MJ. Brazil’s family health strategy: Delivering community-based primary care in a universal health system. N Engl J Med. 2015;372(23):2177-81. https//:doi.org/10.1056/NEJMp1501140

Lourenço AEP. Plantando, colhendo, vendendo, mas não comendo: práticas alimentares e de trabalho associadas à obesidade em agricultores familiares do Bonfim, Petrópolis, RJ. Rev Bras Saúde Ocup. 2012;37(125):127-42. https://doi.org/10.1590/S0303-6572012000100015

Downloads

Publicado

16-03-2023

Como Citar

da Silva GOMES, F. ., Azevedo e SILVA, G., & Rugani Ribeiro de CASTRO, I. . (2023). Efeito do cultivo de hortas domiciliares sobre a disponibilidade domiciliar de frutas e hortaliças. Revista De Nutrição, 30(2). Recuperado de https://periodicos.puc-campinas.edu.br/nutricao/article/view/7850

Edição

Seção

ARTIGOS ORIGINAIS