Avaliação da eficiência da nutrição parenteral quanto à oferta de energia em pacientes oncológicos pediátricos
Palavras-chave:
neoplasia, gasto energético, nutrição parenteral, terapia nutricionalResumo
Objetivo
Avaliar a eficiência da nutrição parenteral administrada a pacientes oncológicos pediátricos quanto à oferta de energia, indicações e principais dificuldades no procedimento.
Métodos
Estudo observacional descritivo, realizado entre julho de 2003 e julho de 2004 no Instituto de Oncologia Pediátrica da Universidade Federal de São Paulo. Critérios de inclusão: pacientes com câncer recebendo nutrição parenteral nas unidades de internação. A análise da adequação energética foi efetuada usando-se equações preditivas para o cálculo do gasto energético basal ajustado para a progressão inicial.
Resultados
Foram 41 episódios de nutrição parenteral de, 1.016, internações (4%): 54% do sexo masculino, com mediana de uso de 10 dias (1-51). Demonstrou-se que em 56% dos episódios não se atingiu o gasto energético basal ajustado; 26% ficaram entre 100% e 120% e 18% acima de 120%. A média do gasto energético basal ajustado foi 106%, com desvio-padrão de 38% e a mediana 96%. Os motivos associados às dificuldades para atingir o gasto energético basal foram intolerância metabólica, via de nutrição parenteral não exclusiva, suspensão ou interrupção da sua administração, prescrição sem discussão com nutricionista e uso de via periférica. A principal indicação foi por toxicidade gastrintestinal. O volume desprezado de nutrição parenteral demonstrou-se superior a 10% em 17 de 35 episódios (49%). Proteção contra luz ambiente (capa), avaliada em 19 pacientes durante os dias da administração, detectou ausência em 37 de 315 dias (12%).
Conclusão
A oferta de energia não contemplou as necessidades de alta porcentagem de pacientes, principalmente devido à gravidade do quadro clínico, às interrupções e ao uso de via não exclusiva, reduzindo o período disponível para administração da nutrição. A eficiência dos procedimentos por atuação de equipe multidisciplinar poderia reduzir o prejuízo, garantindo uma oferta mais adequada, aumentando os benefícios da nutrição parenteral.
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