CONSENSO E CONVENÇÃO NOS ANTIGOS

Authors

  • Selvino Antônio MALFATTI Universidade Federal de Santa Maria

Abstract

O presente artigo traz o debate havido entre os gregos antigos sobre a natureza da lei. Basicamente duas correntes defrontaram-se: os defensores de uma "lei natural" e os convencionalistas. Entre os primeiros podemos citar Sócrates Platão, Aristóteles e os estóicos. Nos segundos encontram-se os sofistas e os epicureus Os partidários da ideia de lei natural argumentavam que o homem nascia com uma lei e que ao cumpri-la se estaria fazendo justiça. Em torno desta ideia se poderia obter o consenso da sociedade sobre o que fazer e o que não fazer. O consenso dar-se-ia em questões fundamentais e com isso a lei poderia ser duradoura, geral, acima dos interesses dos grupos, e principalmente justa. Os convencionalistas, ao contrário pensavam que o dito consenso era só disfarce do grupo hegemônico. E se a lei fosse um mero capricho do grupo dominante, ela seria efêmera, particular. casuísta, e principalmente uma força impositiva Este debate foi tão significativo que não se extraviou na História mas suportou a Idade Média e reacendeu na Idade Moderna com o contratualismo, subdividido entre jusnaturalistas partidários de uma lei natural e convencionalistas, defensores da relatividade absoluta das leis. Até mesmo na Idade Contemporânea se defrontaram e se defrontam as duas vertentes, evidentemente revestidas com outras roupagens. Boa parte dos liberais, por exemplo, são caudatários do jusnaturalismo e boa parte dos marxistas seguem a linha convencionalista. Com certeza, atualmente os defensores do "direito alternativo" deitam suas raízes no convencionalismo, e os alinhados na ideia de um direito impessoal devem sua inspiração ao direito natural.

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Published

2024-02-20

How to Cite

MALFATTI, S. A. (2024). CONSENSO E CONVENÇÃO NOS ANTIGOS. Reflexão, 21(66). Retrieved from https://periodicos.puc-campinas.edu.br/reflexao/article/view/11514