Consumo alimentar e estado nutricional de crianças atendidas em serviços públicos de saúde do município de Viçosa, Minas Gerais

Autores

  • Ana Augusta Monteiro CAVALCANTE Universidade Federal de Viçosa
  • Adelson Luiz Araújo TINÔCO Universidade Federal de Viçosa
  • Rosângela Minardi Mitre COTTA Universidade Federal de Viçosa
  • Rita de Cássia Lanes RIBEIRO Universidade Federal de Viçosa
  • Conceição Angelina dos Santos PEREIRA Universidade Federal de Viçosa
  • Sylvia do Carmo Castro FRANCESCHINI Universidade Federal de Viçosa

Palavras-chave:

antropometria, criança, consumo de alimentos, estado nutricional

Resumo

Objetivo
Avaliar o consumo alimentar e o estado nutricional de 174 crianças, entre 12 e 35 meses de idade, atendidas na rede pública de saúde de Viçosa, Minas Gerais, Brasil.

Métodos
O consumo alimentar foi investigado por meio de dois inquéritos dietéticos (recordatório 24 horas e questionário de freqüência de consumo alimentar). O estado nutricional foi avaliado pelos índices antropométricos peso/idade, peso/estatura e estatura/idade, e associado ao consumo alimentar. Utilizou-se o Teste “t” Student para comparar médias, Teste χ2 para verificar associação entre variáveis e Odds Ratio para avaliar fatores de risco envolvidos na ocorrência de déficits nutricionais (p<0,05).

Resultados
A quantidade média de energia consumida excedeu a recomendação para ambos os sexos (p<0,0001). A ingestão habitual de energia e nutrientes foi estatisticamente significante e maior entre os meninos (p<0,0001), exceto para vitamina C. Prevalências de inadequação foram observadas para as vitaminas C e A (96,6% e 36,8%) e os minerais ferro e zinco (13,2% e 99,4%). Com relação ao estado nutricional, as prevalências de desnutrição encontradas foram 13,2% para o índice peso/idade, 13,8% para peso/estatura e 4,0% para estatura/idade. Encontrou-se associação positiva entre déficit nutricional e consumo alimentar inadequado.

Conclusão
Estes resultados demonstram que o consumo alimentar inadequado tem contribuído para os déficits nutricionais do grupo pré-escolar. Recomenda-se a realização continuada de estudos de consumo alimentar nessa população, para conhecer sua prática alimentar. 

Referências

Margetts BM, Nelson M. Design Concepts in Nutritional Epidemiology. 2nd ed. New York: Oxford University Press; 1997.

Silva DG, Franceschini SCC, Priore SE, Ribeiro SMR, Szarfarc SC, Souza SB, et al. Anemia ferropriva em crianças de 6 a 12 meses atendidas na rede pública de saúde do município de Viçosa, Minas Gerais. Rev Nutr. 2002; 15(3):301-8.

Miranda AS, Franceschini SCC, Priore SE, Euclydes MP, Araújo RMA, Ribeiro SMR, et al. Anemia ferropriva e estado nutricional de crianças com idade de 12 a 60 meses do município de Viçosa, MG. Rev Nutr. 2003; 16(2):163-9.

Rotenberg S, De Vargas S. Práticas alimentares e ocuidado com a saúde: da alimentação da criança à alimentação da família. Rev Bras Saúde Matern Infant. 2004; 4(1):85-94.

Castro TG, Campos FM, Priore SE, Coelho FMG, Campos MTFS, Franceschini SCC, et al. Saúde e nutrição de crianças de 0 a 60 meses de um assentamento de reforma agrária, Vale do Rio Doce, MG, Brasil. Rev Nutr. 2004; 17(2):167-76.

Post CL, Victora CG, Barros AJD. Baixa prevalência de déficit de peso para estatura: comparação de crianças brasileiras com e sem déficit estatural. Rev Saúde Pública. 1999; 33(6):575-85.

Oliveira SP, Thébaud-Mony A. Estudo do consumo alimentar: em busca de uma abordagem multidisciplinar. Rev Saúde Pública. 1997; 31(2):201-8.

Bonomo E. Como medir a ingestão alimentar? In: Dutra de Oliveira JE. Obesidade e anemia carencial na adolescência. São Paulo: Instituto Danone; 2000.

Cintra IP, von Der Heyde Med, Schimitz BAS, Franceschini SCC, Taddei JA, Sigulem DM. Métodos de inquéritos dietéticos. Cad Nutr Soc Bras Alim Nutr. 1997; 13:11-23.

Sigulem DM, Devincenzi UM, Lessa AC. Diagnóstico do estado nutricional da criança e do adolescente. J Pediatria. 2000; 76(Supl 3): S275-84.

Sales RL, Eckhard VF, Costa NMB, Silva MMS, Euclydes MP, Coelho AIM. Desenvolvimento e validação de instrumentos para avaliação da ingestão alimentar de grupos populacionais. In: Anais do VII Simpósio de Iniciação Científica; 1997;

Viçosa, Minas Gerais. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa; 1997.

Pinheiro ABV, Lacerda EMA, Benzecry EH, Gomes MCS, Costa VM. Tabela para avaliação de consumo alimentar em medidas caseiras. Grupo de Pesquisa em Nutrição Materno-Infantil. Rio de Janeiro: UFRJ; 2004. 63p.

Sichieri R. Epidemiologia da obesidade. Coleção Saúde e Sociedade. Rio de Janeiro: UERJ; 1998. p.98.

Salvo VLMA, Gimeno SGA. Reprodutibilidade e validade do questionário de freqüência de consumo alimentar. Rev Saúde Pública. 2002; 36(4)505-12.

Crispim SP, Franceschini SCC, Priore SE, Fisberg RM. Validação de inquéritos dietéticos: uma revisão. Rev Nutrire. 2003; 26(2):127-41.

Salvo VLMA, Gimeno SGA. Métodos de investigação do consumo alimentar [entrevista]. [acesso 21 nov 2003]. Disponível em: www.nutricaoempauta.com.br

Galeazzi MAM, Meireles AJA, Viana RPT, Zabotto CB, Domene SAM. Registro fotográfico para inquéritos dietéticos: utensílios e porções. Goiânia: Unicamp; 1996.

Institute of Medicine. Food and Nutrition Board. Dietary Reference Intakes for Vitamin C, Vitamin E, Selenium and Carotenoids. Washington (DC): National Academy Press; 2000.

Institute of Medicine. Food and Nutrition Board. Dietary Reference Intakes for Vitamin A, Vitamin K, Arsenic, Boron, Chromium, Copper, Iodine, Iron, Manganess, Molybdenum, Nickel, Vanadium, and Zinc. Washington (DC): National Academy Press; 2001.

Institute of Medicine. Food and Nutrition Board. Dietary Reference Intakes for Energy, Carbohydrate, Fiber, Fat, Fatty Acids, Cholesterol, Protein, and Amino Acids. Washington (DC): National Academy Press; 2002.

Organización Mundial de la Salud. Medición del cambio del estado nutricional. Ginebra; 1983.

CDC Growth Charts for the United States. Methods Development Vital Health Statistic Series. 2000; 11(246):1-190.

Institute of Medicine. Dietary Reference Intakes: applications in dietary assessment. Washington (DC): National Academy Press; 2002.

Barquera S, Rivera JA, Safdie M, Flores M, Campos- -Nonato I, Campirano F. Energy and nutrient intake in preschool and school age Mexican children: National Nutrition Survey 1999. Salud Publica México. 2003; 45(Supl 4):S540-50.

Devaney B, KALB L, Zavitsky-Novak T, Clusen N, Ziegler P. Feeding infants and toddlers study: overview of the study design. J Am Diet Assoc. 2004; 104(Suppl 1):S8-S13.

Philippi ST, Cruz ATTR, Colucci ACA. Pirâmide alimentar para crianças de 2 a 3 anos. Rev Nutr. 2003; 16(1):5-9.

Fundo das Nações Unidas para a Infância. Relatório da Situação da Infância Brasileira. Brasília: Unicef; 2001.

Osório MM. Fatores determinantes da anemia em crianças. J Pediat 2002; 72(4):269-78.

Lima NMML. Evolução do estado nutricional de crianças menores de 5 anos, após Implantação do sistema de vigilância alimentar e nutricional no município de Viçosa, MG [monografia de especialização]. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa; 2002.

World Health Organization. Global database on child growth and malnutrition. Program of Nutrition Family and Reproductive Health. Geneve; 1997a.

Victora CG, Gigante DP, Barros AJD, Monteiro CA, Onis M. Estimativa da prevalência de déficit de altura/idade a partir da prevalência de déficit de peso/idade em crianças brasileiras. Rev Saúde Pública. 1998; 32(4):321-7.

Brasil. Pesquisa Nacional Sobre Saúde e Nutrição. Brasília: Ministério da Saúde; 1986.

Brasil. Pesquisa Nacional de sobre Demografia e Saúde. Indicadores e dados básicos,1998. Brasília: Benfam; 1999.

Downloads

Publicado

19-09-2023

Como Citar

Monteiro CAVALCANTE, A. A. ., Araújo TINÔCO, A. L., Minardi Mitre COTTA, R. ., Lanes RIBEIRO, R. de C. ., dos Santos PEREIRA, C. A. ., & Castro FRANCESCHINI, S. do C. . (2023). Consumo alimentar e estado nutricional de crianças atendidas em serviços públicos de saúde do município de Viçosa, Minas Gerais. Revista De Nutrição, 19(3). Recuperado de https://periodicos.puc-campinas.edu.br/nutricao/article/view/9767

Edição

Seção

ARTIGOS ORIGINAIS