Alimentos orgânicos da agricultura familiar no Programa Nacional de Alimentação Escolar: perspectivas de atores sociais em municípios de Santa Catarina
Resumo
Objetivo
Analisar sugestões de atores sociais da alimentação escolar em municípios de Santa Catarina para facilitar a utilização de alimentos orgânicos da agricultura familiar.
Métodos
Estudo qualitativo e exploratório. Em 2010, foi realizado censo nos 293 municípios catarinenses com questionário eletrônico, identificando-se o percentual de compras de alimentos orgânicos da agricultura familiar para a alimentação escolar. Em seguida, foram entrevistados in loco atores sociais de 52 municípios que realizavam a compra. As sugestões foram categorizadas e analisadas com base na técnica de análise de conteúdo.
Resultados
Foram identificadas 684 sugestões de 446 atores sociais, categorizadas em 4 temas: Estratégias de Sensibilização para a utilização dos alimentos orgânicos (n=286) foram destacadas por diretores e nutricionistas, com ênfase para formação e sensibilização de atores sociais e comunidade; Gestão Governamental do programa (n=148) foi tema de diretores e agricultores familiares que destacaram diminuição da burocracia, dos impostos, da terceirização e maior envolvimento dos gestores; Programação da Demanda e Oferta de alimentos orgânicos (n=130) foi apontada por diretores, agricultores familiares e merendeiras pelas dificuldades de logística e necessidade de organização da oferta e demanda dos alimentos orgânicos e Gestão da Produção da alimentação escolar (n=120) foi referida por diretores e merendeiras que relataram problemas com volume de um mesmo produto na safra, diversidade de alimentos orgânicos e certificação.
Conclusão
Para os atores sociais, a utilização dos alimentos orgânicos pelas escolas de Santa Catarina se dará pela formação dos atores (apoio técnico, estratégias educacionais e sensibilização comunitária), apoio governamental, organização entre demanda e oferta de alimentos orgânicos e melhoria na gestão da produção da alimentação.
Referências
Brasil. Ministério da Educação. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Lei nº 11.947, de 16 de julho de 2009. Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar aos alunos da educação básica no Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE. Diário Oficial da União. 2009 17 jun; Seção 1.
Brasil. Ministério da Educação. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Resolução/CD/FNDE nº 38, 16 de julho de 2009. Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar aos alunos da educação básica no Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE. Diário Oficial da União. 2009.
Triches RM, Schneider S. Alimentação escolar e agricultura familiar: reconectando o consumo à produção. Saúde Soc. 2010; 19(4):933-45.
Saraiva EB, Silva APF, Sousa AA, Cerqueira GF, Chagas CMS, Toral N. Panorama da compra de alimentos da agricultura familiar para o Programa Nacional de Alimentação Escolar. Ciênc Saúde Colet. 2013; 18(4):927-35. doi: 10.1590/S1413-81232013000400004
Nielsen T, Nolting B, Kristensen NH, Loes A-K. A comparative study of the implementation of organic food in school meal systems in four European countries. Bioforsk Report. 2009; 4(145):1-36.
Nolting B. Providing organic school food for youths in Europe: Policy strategies, certification and supply chain management in Denmark, Finland, Italy and Norway. Core Project Organic. 2009; (1881):1-30.
Kristensen NH, Netterstron S, He C, Mikkelsen BE. Making the organic food service chain work and survive. Agro Res. 2009; 7(2):618-24.
Strassner C, Loes A-K, Nolting B, Kristensrn NH. Organic food for youth in public setting: Potentials and challenges. Preliminary Recommendations from a European Study. Core Organic Project. 2010; (1881):1-46.
Izumi B, Alaimo K, Hamm M. Farm to school programs: Exploring the role of regionally-based food distributors in alternative agrifood networks. Agr Hum Values. 2009; 27(3):335-50. doi: 10.1007/s10460-009-9221-x
Izumi B, Alaimo K, Hamm M. Market diversification and social benefits: Motivations of farmers participating in farm to school programs. J Rural Stud. 2010; 26(4):374-82. doi: 10.1016/j.jrurstud.2010.02.002
Izumi B, Alaimo K, Hamm M. Farm-to-School Programs: Perspectives of school food service professionals. J Nutr Educ Behav 2010; 42(2):83-91.doi: 10.1016/j.jneb.2008.09.003
Conner D, Nowak A, Berkenkamp J, Feenstra G, Kim JVS, Liquori T, et al. Value chains for sustainable procurement in large school districts: Fostering partnerships. J Agr Food Systems Comm Devel. 2011; 1(4):55-68. doi: 10.5304/jafscd. 2011.014.005
Duval M, Moy J. Local food from farm to school: Investigating the skidmore dining hall s local partnerships. Environmental Studies Program. Skidmore College. 2011; 1-50.
Otsuki K. Sustainable partnerships for a green economy: A case of study of public procurement for home-grown school feeding. Nat Resour Forum. 2011; 35(3):213-22. doi: 10.1111/j.1477-8947.2011.01392.x
Morgan K, Sonnino R. Empowering consumers: The creative procurement of school meals in Italy and the UK. Int J Consum Stud. 2007; 31(1):19-25. doi: 10.1111/j.1470-6431.2006.00 552.x
Buttivant H, Knai C. Improving food provision in child care in England: A stakeholder analysis. Public Health Nutr. 2011; 15(3):554-60. doi: 10.1017/S1368980011001704
Azevedo E, Rigon SA. Sistema alimentar com base no conceito de sustentabilidade. In: Taddei JA, Lang RMF, Longo-Silva G, Toloni MHA, organizadores. Nutrição em saúde pública. Rio de Janeiro: Rubio; 2010. p.543-60.
Brasil. Ministério da Saúde. Escolas promotoras de saúde: experiências do Brasil. Brasília: Ministério da Saúde; 2006 [acesso 2012 jul 1]. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/escolas_promotoras_saude_experiencias_brasil_p1.pdf>.
Bonnal P, Maluf RS. Políticas de desenvolvimento territorial e multifuncionalidade da agricultura familiar no Brasil. Polít Soc. 2011; (14):211-50.
Brasil. Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição do Escolar. Relatório das atividades desenvolvidas pela subcoordenação de pesquisa do Cecane/SC: abril a dezembro de 2010. Florianópolis: Cecane; 2010.
Silva CR, Gobbi BC, Simão AA. O uso da análise de conteúdo como uma ferramenta para a pesquisa qualitativa: descrição e aplicação do método. Organ Rurais Agroind. 2005; 7(1):70-81.
Bezerra JAB. Alimentação e escola: significados e implicações curriculares da merenda escolar. Rev Bras Educ. 2009; 14(40):103-15. doi: 10.1590/S1413-24782009000100009
Bardin L. Análise de conteúdo. 3ª ed. Lisboa: Edições 70; 2004.
Zoldan P, Karam F. Estudo da dinâmica da comercialização de produtos orgânicos em Santa Catarina 2004. Florianópolis: Instituto Cepa; 2004.
Altmann R, Mior LC, Zoldan P. Perspectivas para o sistema agroalimentar e o espaço rural de Santa Catarina em 2015: percepção de representantes de agroindústrias, cooperativas e organizações sociais. Florianópolis: Epagri; 2008. p.133.
Santos LAS, Carvalho DMM, Reis ABC, Ramos LB, Freitas MCS. Formação de coordenadores pedagógicos em alimentação escolar: um relato de experiência. Ciênc Saúde Colet. 2013; 18(4):993-1000. doi: 10.1590/S1413-81232013000400012
Chaves LG, Santana TCM, Gabriel CG, Vasconcelos FAG. Reflexões sobre a atuação do nutricionista no Programa Nacional de Alimentação Escolar no Brasil. Ciênc Saúde Colet. 2013; 18(4):917-26. doi: 10.1590/S1413-81232013000400003
Juzwiak CR, Castro PM, Batista SHSS. A experiência da Oficina Permanente de Educação Alimentar e em Saúde (OPEAS): formação de profissionais para a promoção da alimentação saudável nas escolas. Ciênc Saúde Colet. 2013; 18(4):1009-18. doi: 10.1590/S1413-81232013000400014
Costa EQ, Ribeiro VMB, Ribeiro ECO. Programa de alimentação escolar: espaço de aprendizagem e produção de conhecimento. Rev Nutr. 2001; 14(3):225-9. doi: 10.1590/S1415-52732001000300009
Barbosa NVS, Machado NMV, Soares MCV, Pinto ARR. Alimentação na escola e autonomia: desafios e possibilidades. Ciênc Saúde Colet. 2013; 18(4):937-45. doi: 10.1590/S1413-81232013000400005
Almeida LMMC, Ferrante VLSB, Paullilo LF. Rede de Segurança Alimentar de forte coesão social a partir do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) no município de Araraquara-SP. Organ Rurais Agroind. 2010; 12(3):370-85.
Brasil. Ministério do Desenvolvimento Agrário. Alimentação escolar. Brasília: Ministério do Desenvolvimento Agrário; 2013 [acesso 2013 maio 20]. Disponível em: http://portal.mda.gov.br/portal/saf/programas/alimentacaoescolar/2500755>.
Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Cadeia produtiva de produtos orgânicos. Brasília: Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento; 2007 [acesso 2013 maio 20]. Disponível em: <http://www.ibraf.org.br/x_files/Documentos/Cadeia_Produtiva_de_Produtos_Org%C3%A2nicos_S%C3%A9rie_Agroneg%C3% B3cios_MAPA.pdf>.
Souza LBB. Organizações da agricultura familiar no Estado de São Paulo e sua experiência de fornecimento para o PNAE. In: Brasil. Projeto Nutre SP: Análise da inclusão da agricultura familiar na alimentação escolar no estado de São Paulo. São
Paulo: Ministério do Desenvolvimento Agrário; 2012 [acesso 2013 maio 20]. Disponível em: <http://www.mda.gov.br/portal/saf/arquivos/view/alimenta-o-escolar/arquivos-2012/Publica%C3%A7%C3%A3oNutreS%C3%83OPAULO.pdf>.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Gabriela de Andrade SILVERIO, Anete Araújo de SOUSA
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.