Qualidade de vida e transplante de células-tronco hematopoéticas alogênico

um estudo longitudinal

Autores

  • Aline Bicalho MATIAS Universidade de São Paulo, Membro do Núcleo de Ensino e Pesquisa em Psicologia da Saúde.
  • Érika Arantes de OLIVEIRA-CARDOSO Universidade de São Paulo, Membro do Núcleo de Ensino e Pesquisa em Psicologia da Saúde.
  • Ana Paula MASTROPIETRO Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Hospital das Clínicas, Unidade de Transplante de Medula Óssea.
  • Júlio César VOLTARELLI Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Hospital das Clínicas, Unidade de Transplante de Medula Óssea.
  • Manoel Antônio dos SANTOS Universidade de São Paulo, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Departamento de Psicologia e Educação.

Palavras-chave:

Células-tronco, Qualidade de vida, Saúde mental, Transplante de medula óssea

Resumo

Este estudo teve como objetivo avaliar a qualidade de vida de pacientes submetidos ao transplante de células-tronco hematopoéticas alogênico, comparando as fases pré-transplante de células-tronco hematopoéticas, o momento do isolamento protetor na Enfermaria e o pós-transplante de células-tronco hematopoéticas imediato. A amostra foi composta por sete pacientes (quatro homens e três mulheres) submetidos ao transplante de células-tronco hematopoéticas no primeiro semestre de 2008. Na coleta de dados foi utilizado o Questionário Genérico de Avaliação de Qualidade de Vida (SF-36), aplicado individualmente em situação face a face. A comparação das médias obtidas nas fases pré-transplante de células-tronco hematopoéticas e Enfermaria evidenciou diferença estatisticamente significante nos domínios Capacidade Funcional (p=0,022) e Dor (p=0,036). Comparando-se as etapas da Enfermaria e do pós-transplante de células-tronco hematopoéticas, evidenciou-se diferença significativa no Estado Geral de Saúde (p=0,036). Não foram encontradas diferenças estatisticamente significantes entre as variáveis no pré e pós-transplante de células-tronco hematopoéticas. Desse modo, comparando-se as três etapas do transplante foi possível verificar que houve depreciação da qualidade de vida durante o isolamento protetor na Enfermaria, seguida de recuperação dos aspectos mensurados.

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Publicado

2011-06-30

Como Citar

MATIAS, A. B., OLIVEIRA-CARDOSO, Érika A. de, MASTROPIETRO, A. P., VOLTARELLI, J. C., & SANTOS, M. A. dos. (2011). Qualidade de vida e transplante de células-tronco hematopoéticas alogênico: um estudo longitudinal. Estudos De Psicologia, 28(2). Recuperado de https://periodicos.puc-campinas.edu.br/estpsi/article/view/8871