Doença crônica e religiosidade/espiritualidade durante os estágios iniciais da pandemia de COVID-19
Palavras-chave:
Doenças crônicas, Infecções por coronavírus, COVID-19, Saúde mental, PandemiasResumo
Religiosidade e espiritualidade têm sido estudadas como recursos de enfrentamento em momentos de crise e disrupção social. Este estudo tem por objetivo investigar a religiosidade/espiritualidade como potencial recurso protetivo frente ao impacto emocional da pandemia de COVID-19 em indivíduos com diagnóstico de doenças crônicas, malignas e não malignas. Trata-se de estudo transversal, descritivo-exploratório, com abordagem quanti-qualitativa. A amostra de conveniência foi composta por 78 indivíduos, divididos em dois grupos. Foi utilizado um formulário on-line. Os dados das questões fechadas foram tabulados com uso de estatística descritiva. Os conteúdos das questões abertas foram examinados qualitativamente por meio de análise temática. Os grupos apresentaram indícios de sofrimento emocional em níveis semelhantes e expressaram aumento da fé e da crença de que ganhos futuros devem advir do sofrimento atual. Intensificação da espiritualidade foi expressa por indivíduos com doenças potencialmente fatais. A fé foi destacada pelos partipantes como recurso para enfrentar os desafios desse período dramático e deve ser valorizada pelas equipes de saúde.
Religiosidade e espiritualidade têm sido estudadas como recursos de enfrentamento em momentos de crise e disrupção social. Este estudo tem por objetivo investigar a religiosidade/espiritualidade como potencial recurso protetivo frente ao impacto emocional da pandemia de COVID-19 em indivíduos com diagnóstico de doenças crônicas, malignas e não malignas. Trata-se de estudo transversal, descritivo-exploratório, com abordagem quanti-qualitativa. A amostra de conveniência foi composta por 78 indivíduos, divididos em dois grupos. Foi utilizado um formulário on-line. Os dados das questões fechadas foram tabulados com uso de estatística descritiva. Os conteúdos das questões abertas foram examinados qualitativamente por meio de análise temática. Os grupos apresentaram indícios de sofrimento emocional em níveis semelhantes e expressaram aumento da fé e da crença de que ganhos futuros devem advir do sofrimento atual. Intensificação da espiritualidade foi expressa por indivíduos com doenças potencialmente fatais. A fé foi destacada pelos partipantes como recurso para enfrentar os desafios desse período dramático e deve ser valorizada pelas equipes de saúde.
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