n. 09 (2022): Revista TULHA N°9

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Revista TULHA n°09
Urbanidade: corpo e textura social

Pela definição do Dicionário Aurélio, urbanidade é a reunião dos costumes, formalidades e comportamentos que expressam respeito entre pessoas; demonstração de civilidade; afabilidade. Porém, o conceito de urbanidade vai muito além disso, pois também descreve a relação das pessoas com o espaço urbano, principalmente os espaços públicos, a partir do momento em que ele é utilizado, constituindo a relação da população com as cidades e com as edificações.

Ao se pensar sobre o conceito de urbanidade, devemos imaginar a relação do ambiente construído com o ser humano em diferentes escalas, sendo o material, o físico, o reflexo no cotidiano da maneira em que os espaços devem ser pensados para as pessoas, desde a acessibilidade até o desenho das ruas.

A cidade, local de encontro de pluralidades culturais, de trocas e enriquecimento pessoal, a partir de seu desenho urbano pode se tornar uma barreira, um espaço de segregação socioespacial, apagando e escondendo toda uma cultura e o sentimento de pertencimento daquele lugar, ampliando cada vez mais a desvalorização da população pelo seu próprio território.

O tema urbanidade: corpo e textura social, vem com o intuito de externar um discurso muito presente durante a nossa formação como arquiteto e urbanista e demonstrar as camadas e texturas da sociedade, as relações entre cidade, homem e cultura. Assim, traz a leitura crítica de pessoas com papéis sociais diferentes dentro dos espaços a partir de um tema de extrema versatilidade.

“AS RUAS são como arquivos, verdadeiras bibliotecas da história que pesquiso, escrevo e pela qual sou apaixonado. Ela, anal, é ancorada em um princípio: malucos, crianças, mulheres, bichas, sambistas, funkeiros, amantes desesperados, fracassados em geral, a vizinha do lado, o fantasma, a iaô, a prostituta, a beata, a minha mãe, a passista da Mangueira, a lha de Deus e o lho do Diabo, o pierrô, a colombina, o pirata de araque, o bicheiro, o empurrador de carro alegórico, a assombração, o macumbeiro, o portuga do botequim, o Rei Momo, o Menino Jesus do teatrinho da quermesse e a rezadeira suburbana não são objetos da história. São sujeitos dela.” - O corpo encantado das ruas, Luiz Antônio Simas.

Publicado: 2023-12-04