Educação escolar e relações étnico- -raciais a partir de representações dos professores
DOI:
https://doi.org/10.24220/2318-0870v21n3a3388Palavras-chave:
Branquidade, Educação, Escola, Professores, RaçaResumo
O artigo analisa representações de professores acerca das relações étnico-raciais nas escolas, tendo por base questões suscitadas em curso de formação continuada de professores atuantes em escolas públicas do Rio Grande do Sul. O curso situou-se na área dos direitos humanos, e os professores foram provocados a se posicionar por meio de instrumento próprio. O texto discute as características do racismo no Brasil contemporâneo e suas implicações para educação, bem como analisa os dados empíricos na relação com os conceitos de raça e branquidade. Os resultados evidenciam dificuldades dos docentes para lidar com a noção de raça. Além disso, o racismo é encarado como problema menor diante de desigualdades econômicas e, para parcela minoritária dos professores, o Brasil teria relações étnico-raciais harmônicas. Os dados mostram a persistência do mito da democracia racial nas representações docentes e a necessidade de políticas de formação sobre o tema com base na efetiva implantação da Lei nº 10.639.
Palavras-chave: Branquidade. Educação. Escola. Professores. Raça.
Downloads
Referências
Anjos, J.C. Parecer sobre o projeto de dissertação “A Importância das relações raciais na luta do MTD e o potencial revolucionário das cotas: um estudo de caso” de Gregório Durlo Grisa. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2009.
Antuniassi, M.H.R. A noção de representação social e a pesquisa nas ciências sociais. In: Encontro Nacional do Ceru, 33., 2006. Anais…, São Paulo: USP, 2009. p.67-73.
Apple, M.W. Políticas de direita e branquidade: a presença ausente da raça nas reformas educacionais. Revista Brasileira de Educação, n.16, p.61-67, 2001.
Bernardino, J. Ação afirmativa e a rediscussão do mito da democracia racial no Brasil. Estudos Afro-Asiáticos, v.24, n.2, p.247-273, 2002.
Brasil. Ministério da Educação. Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Diário Oficial da União. Parecer CNE/CP nº 3/2004, de 10 de março de 2004. Brasília: Mec, 2004.
Brasil. Presidência da República. Lei nº 12.288, de 20 de julho de 2010. Estatuto da Igualdade Racial. Edições Câmara. Brasília: Presidência da Republica, 2010. Disponivel em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
_Ato2007-2010/2010/Lei/L12288.htm. Acesso em: 15 dez. 2015.
Caregnato, C.E. Relatório curso de Educação para a diversidade UFRGS. Porto Alegre: UFRGS, 2014.
Caregnato, C.E; Bombassaro, L.C. (Org.). Diversidade cultural: viver diferenças e enfrentar desigualdades na Educação. Erechim: Ideal, 2013. 1v.
Coelho, W.B.; Cabral R.P. Relações sociais no “Paraíso Racial”: considerações iniciais sobre um mito. In: Coelho, W.B. Coelho, M.C. (Org.). Raça, cor e diferença: a escola e a diversidade. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2010. p.19- 33.
Fernandes, F. A integração do negro na sociedade de classes. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1965.
Frankenberg, R. A miragem de uma Branquitude não marcada. In: Vron, W. (Org.). Branquidade, identidade branca e multiculturalismo. Rio de Janeiro: Garamond, 2004. p.307- 338.
Gomes, N.L. Um olhar além das fronteiras: educação e relações raciais. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.
Grisa, G.D. As ações afirmativas na UFRGS: racismo, excelência acadêmica e cultura do reconhecimento. Tese (Doutorado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2015. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/
>. Acesso em: 8 dez. 2015.
Guimarães, A.S.A. Racismo e anti-racismo no Brasil. 34. ed. São Paulo: Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo, 1999.
Guimarães, A.S.A. Preconceito de cor e racismo no Brasil. Revista de Antropologia, v.47, n.1, p.9-46. 2004.
Guimarães, A.S.A. Entrevista com Carlos Hasenbalg. Tempo Social: Revista de Sociologia da USP, v.18, n.2, p.259-268, 2006.
Hasenbalg, C. Discriminação e desigualdades raciais no Brasil. Rio de Janeiro: Graal, 1979.
Hasenbalg, C; Silva, N.V. Educação e diferenças raciais na mobilidade ocupacional. In: Hasenbalg, C; Silva, N.V; Lima, M. (Org.). Cor e estratificação social. Rio de Janeiro: Contracapa, 1999. p.217-230.
Hofbauer, A. O conceito de ‘raça’ e o ideário do ‘branqueamento’ no século XIX: bases ideológicas do racismo brasileiro. Teoria e Pesquisa, n.42-43, 2003.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa nacional por amostra de domicílios 2014. Rio de Janeiro: IBGE, 2014. Disponivel em: <http://www.ibge.gov.br/estadosat/temas.php?sigla=rs&tema=sis_2015>. Acesso em: 6 dez. 2015.
Quijano, A. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: Leher, R; Setúbal, M. (Org.). Pensamento crítico e movimentos sociais. São Paulo: Cortez, 2005. p.35-95.
Skidmore, T.E. Preto no branco: raça e nacionalidade no pensamento brasileiro. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976.
Silva, N.V. Morenidade: modos de usar. In: Hasenbalg, C; Silva, N.V; Lima, M. (Org.). Cor e estratificação social. Rio de Janeiro: Contracapa, 1999. p.86-106.
Silva, N.V. Extensão e natureza das desigualdades raciais no Brasil. In: Guimarães, A.S.A; Huntley, L. (Org.). Tirando a máscara: ensaios sobre o racismo no Brasil. São Paulo: Paz e Terra, 2000. p.33-51.
Silvério, V.R; Trinidad, C.T. Há algo novo a se dizer sobre as relações raciais no Brasil contemporâneo? Educação e Sociedade, v.33, n.120, p.891-914, 2012. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0101-73302012000300013>. Acesso em: 8 dez. 2015.
Shucman, L.V. Sim, somos racistas: estudo psicossocial da branquitude paulistas. Psicologia & Sociedade, v.26, n.1, p.83-94, 2014.