Heidegger, leitor das "Confissões": a contribuição da autobiografia para sua fenomenologia da religião

Autores/as

  • Luís Gabriel Provinciatto Universidade Federal de Juiz de Fora

DOI:

https://doi.org/10.24220/2447-6803v45e2020a4908

Palabras clave:

Autobiografia. Experiência. Mundo próprio. Vida fática.

Resumen

Há duas premissas fundamentais nas preleções “Agostinho e o neoplatonismo”: primeiro, a experiência fática da vida, a partir da qual Heidegger afirma que o sentido de acesso ao “Livro X” das “Confissões” é histórico-realizador e não histórico-objetivo; segundo, a acentuação ao mundo próprio tornada propícia pelo cristianismo, segundo a qual o caráter autobiográfico das “Confissões” ganha relevância. Apresentar a implicação metodológica da primeira premissa para essas preleções é o primeiro objetivo deste artigo, que tornará possível entender a contribuição da autobiografia para a fenomenologia da religião levada a cabo por Heidegger. Utilizando a hermenêutica fenomenológica como método, será defendida a hipótese de que o caráter autobiográfico das “Confissões” não se centra na narrativa do passado, mas na condição presente de quem narra, deflagrando a vida em sua facticidade, tornando-a explícita a si mesma do modo como é. Isso permitirá compreender o entrelaçamento fundamental entre confissão, vida e fé, levando à conclusão de que nessas preleções é realizada uma fenomenologia da experiência religiosa.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Biografía del autor/a

Luís Gabriel Provinciatto, Universidade Federal de Juiz de Fora

Doutorando em Ciência da Religião pela Universidade Federal de Juiz de Fora com bolsa de financiamento CAPES e período sanduíche na Universidade de Évora (Portugal).

Citas

BRACHTENDORF, J. Confissões de Agostinho. São Paulo: Loyola, 2012. p. 48-219.

COUTINHO, J. Fazendo memória, hoje, da “memória de Deus” segundo Agostinho. In: CENTRO DE LITERATURA E CULTURA PORTUGUESA E BRASILEIRA. Actas do Congresso Internacional: as Confissões de Santo Agostinho. 1600 anos depois: presença e actualidade. Lisboa: Universidade Católica Editora, 2002. p. 647-656.

FISCHER, N. Narrativa, reflexão, meditação: o problema do tempo na estrutura global das Confissões. In: CENTRO DE LITERATURA E CULTURA PORTUGUESA E BRASILEIRA. Actas do Congresso Internacional: as Confissões de Santo Agostinho 1600 anos depois: presença e actualidade. Lisboa: Universidade Católica Editora, 2002. p. 255-266.

FLÓREZ, R. Ser y advenimiento: estancias en el pensamiento de Heidegger. Madrid: Fundación Universitaria Española, 2003. p. 62-65.

GONÇALVES, P. S. L. A religião nas tensões e inquietações da vida: análise fenomenológica da experiência religiosa de Santo Agostinho. Pistis e Práxis: Teologia e Pastoral, v. 8, n. 2, p. 279-305, 2016.

HEBECHE, L. O escândalo de Cristo: ensaio sobre Heidegger e São Paulo. Ijuí: Editora Unijuí, 2005. p. 326.

HEIDEGGER, M. Grundprobleme der Phänomenologie (1919/20). Frankfurt: Vittorio Klostermann, 1993. p. 31-62.

HEIDEGGER, M. Phänomenologische Interpretationen zu Aristoteles: Einführung in die phänomenologische Forschung. Frankfurt: Vittorio Klostermann, 1994. p. 86.

HEIDEGGER, M. Augustinus und der neuplatonismus (1921). In: HEIDEGGER, M. Phänomenologie des religiösen Lebens. Frankfurt: Vittorio Klostermann, 1995a. p. 160-300.

HEIDEGGER, M. Einleitung in die phänomenologie der religion (1920/1921). In: HEIDEGGER, M. Phänomenologie des religiösen Lebens. Frankfurt: Vittorio Klostermann, 1995b. p. 1-159.

HEIDEGGER, M. O conceito de experiência em Hegel. In: HEIDEGGER, M. Caminhos de floresta. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2002. p. 139-239.

HEIDEGGER, M. O conceito de tempo. Lisboa: Fim de Século, 2003.

KIRCHNER, R. A problemática do tempo na conferência heideggeriana “Der Begriff der Zeit”. Aoristo: International Journal of Phenomenology, Hermeneutics and Metaphysics, v. 1, n. 1, p. 105-123, 2017.

LARA, F. Heidegger y el cristianismo de San Pablo y San Agustín. Eidos, n. 7, p. 28-46, 2007.

LEÃO, E. C. As confissões: uma caminhada da libertação. In: SANTO AGOSTINHO. Confissões. 28. ed. Petrópolis: Vozes, 2015. p. 17-24.

MACHADO, J. A. T. Os indícios de Deus no homem: uma abordagem a partir do método fenomenológico de Martin Heidegger. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2006. p. 103.

MARTINS, M. B. A leitura heideggeriana do Livro X das Confissões de Agostinho. In: CENTRO DE LITERATURA E CULTURA PORTUGUESA E BRASILEIRA. Actas do Congresso Internacional: as Confissões de Santo Agostinho 1600 anos depois: presença e actualidade. Lisboa: Universidade Católica Editora, 2002. p. 377-406.

PEREIRA, A. A acto de confessar (breve meditação). In: CENTRO DE LITERATURA E CULTURA PORTUGUESA E BRASILEIRA. Actas do Congresso Internacional: as Confissões de Santo Agostinho 1600 anos depois: presença e actualidade. Lisboa: Universidade Católica Editora, 2002. p. 723-728.

ROSA, J. M. S. Da cisão extrema, no maniqueísmo, à identidade como relação, em Confissões X. In: CENTRO DE LITERATURA E CULTURA PORTUGUESA E BRASILEIRA. Actas do Congresso Internacional: as Confissões de Santo Agostinho 1600 anos depois: presença e actualidade. Lisboa: Universidade Católica Editora, 2002. p. 697-722.

SÁNCHEZ, P. R. El proyecto incumplido de Heidegger: la explicación de la indicación formal en Introducción a la fenomenología de la religión (1920-1921). Pensamiento: Revista de Investigación e Información Filosófica, v. 57, n. 217, p. 3-23, 2001.

SANTO AGOSTINHO. Confissões. 28 ed. Petrópolis: Vozes, 2015.

SANTOS, B. S. Heidegger e Agostinho: o fenômeno da tentatio e a historicidade do si na apropriação fenomenológica do Livro X das Confissões. Transformação, v. 42, n. 4, p. 135-158, 2019.

VEDDER, B. Heidegger’s Philosophy of religion: from God to the gods. Pittsburgh: Duquesne University Press, 2006. p. 45.

VOLPI, F. Glossario. In: HEIDEGGER, M. Essere e tempo. Milano: Longanesi, 2015. p. 542-592.

Publicado

2020-09-29

Cómo citar

Provinciatto, L. G. (2020). Heidegger, leitor das "Confissões": a contribuição da autobiografia para sua fenomenologia da religião. Reflexão, 45, 1–11. https://doi.org/10.24220/2447-6803v45e2020a4908

Número

Sección

Seção Temática: Fenomenologia da religião: conceito, desdobramentos e aplicação analítica