Penitente João: a vivência do desamparo e a face feminina de Deus
DOI:
https://doi.org/10.24220/2447-6803v42n2a4062Palabras clave:
Alteridade. Intersubjetividade. Penitente. Romeiro.Resumen
Este artigo apresenta a cosmoteogonia anunciada pelos clamores do penitente João, de Juazeiro do Norte, Ceará, compartilhados em meio a multidões de romeiros em praça pública. Sua perspectiva de fé narra a criação do mundo e dos homens ao povo simples do lugar. Nas terras santas de Nossa Senhora das Dores, reina, ao lado da mãe de Jesus, o legado do padre Cícero Romão Batista – o Meu Santo Padim, a quem Deus atribuiu a tarefa de recuperar as ovelhas desgarradas de seu rebanho, na forma de ajudante na administração do reino terrestre, recolocando-as no caminho da fé, da obediência, da caridade, da simplicidade e do compartilhamento com os irmãos. A imagem sagrada de Maria compõe com a trindade uma quarta dimensão, justaposta ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, como polo materno da face feminina de Deus. O penitente João perambula pelas calçadas da igreja da cidade, reproduzindo o mito vivo da presença contundente do padre que trouxe alento, acolhimento e esperança ao povo sofrido do nordeste brasileiro, declarando, em seu discurso espacializante, a ausência presente do padre Cícero e sua tarefa nos planos divinos. As narrativas do penitente foram colhidas por meio de escuta presencial e vídeo, tendo como objetivo a explicitação dos modos de produção da fé romeira, com vistas à nutrição de suas esperanças. A participação de Maria na Santíssima trindade introduz, no imaginário peregrino, o colo materno que assegura, salva e acolhe.
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Citas
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