Tradição apostólica: uma perspectiva evangélico-luterana
DOI:
https://doi.org/10.24220/2447-6803v41n2a3757Palabras clave:
Ecumenismo. Hermenêutica. Ordenação feminina. Princípio escriturístico. Tradição apostólica.Resumen
O problema da tradição em sua relação com a escritura surgiu a partir de divergências específicas. Como é sabido, o momento despertador da Reforma foi a crítica de Lutero às indulgências. No entanto, ao combatê-las, introduziu algo mais fundamental: o uso da escritura como crítica contra o magistério eclesial e a soberania papal. Nos tempos mais recentes, foram objeto de controvérsia os dogmas marianos, decisões unilaterais do magistério papal. Por outro lado, vem sendo contestada a inovação ocorrida em consideráveis setores do protestantismo, do anglicanismo e do veterocatolicismo, a partir do século XIX: o ministério ordenado feminino. O cerne do debate, além da força dos costumes culturais (também conhecidos como “tradições”), é a interpretação correta da escritura e o peso atribuído à tradição. Quem decide, afinal, sobre a verdade evangélica – a escritura, a tradição, o magistério eclesiástico, o sensus fidelium, a academia, cada fiel por si ou um conjunto dessas instâncias? Parece que se chegou a certo consenso, concordando, a princípio, que o processo de tradição precisa ser compreendido numa visão “holística”, bem como sendo, essencialmente, a “tradição interpretativa da Escritura”. Isso significa que o princípio de sola scriptura não seria compreendido num sentido literalista nem estático, mas como referente à viva vox evangelii, que continua sendo ouvida até hoje pela força do Espírito Santo. Por outro lado, a compreensão concreta da convergência alcançada, em especial, o papel da igreja e do seu magistério, continua como profunda divergência. Parece que não há como resolver o problema genericamente, mas apenas testando-o em casos específicos.
Palavras-chave: Ecumenismo. Hermenêutica. Ordenação feminina. Princípio escriturístico. Tradição apostólica.
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