Ficcionalidade e experiência religiosa na proposta teórica de Gershom Scholem

Resumo

O presente ensaio, em primeiro lugar, apresenta a tendência à rejeição da autonomia da religião em estudos que têm sido desenvolvidos desde o século 18. Em seguida, indica que a preservação da autonomia do tratamento da religião em perspectiva acadêmica pode ser realizada por meio de dois critérios de abordagem teórica a serem desenvolvidos em pesquisas acadêmicas: a ficcionalidade e a experiência. Por fim, aponta como as elaborações teóricas do estudioso do judaísmo Gershom Scholem, no caso, aplicadas ao messianismo judaico-cristão dos primeiros séculos da era comum, podem ser compreendidas como aportes para estudos da religião que, por seguirem os critérios mencionados, preservam a autonomia do objeto religioso e não o reduzem a um subproduto das Ciências Sociais. As leituras de “Grandes Correntes da Mística Judaica e Sabai Tzvi: O Messias Místico”, de Scholem, em correlação com leituras de textos de estudiosos como Otto, Eliade, Terrin e Nogueira, permitem a compreensão de uma teoria da autonomia do fenômeno religioso.