Hipovitaminose A em escolares da zona rural de Minas Gerais

Autores

  • Margarete Aparecida SANTOS Universidade Federal de Ouro Preto
  • Eliane Garcia REZENDE Centro Universitário Federal
  • Joel Alves LAMOUNIER Universidade Federal de Minas Gerais
  • Márcio Antônio Moreira GALVÃO Universidade Federal de Ouro Preto
  • Élido BONOMO Universidade Federal de Ouro Preto
  • Romário Cerqueira LEITE Universidade Federal de Minas Gerais

Palavras-chave:

causalidade, hipovitaminose A, escolares

Resumo

Objetivo
Com o presente estudo, procurou-se identificar a prevalência da hipovitaminose A em escolares da zona rural do município de Novo Cruzeiro, MG, bem como possíveis fatores predisponentes para sua ocorrência.

Métodos
A amostra foi constituída de 241 crianças, de seis a catorze anos de idade, de quatro escolas rurais. Os níveis séricos de retinol foram interpretados pelos critérios do Interdepartmental Committee on Nutrition for National Defense. A importância epidemiológica da hipovitaminose A foi avaliada segundo os critérios da organização Mundial da Saúde. Foram adotados como fatores predisponentes da hipovitaminose A, as parasitoses intestinais, a desnutrição energético-protéica, o consumo inadequado de fontes de vitamina A e a renda familiar per capita. Por se tratar de um estudo transversal, com variáveis dicotômicas, empregou-se o teste qui-quadrado na análise estatística.

Resultados
Identificou-se a hipovitaminose A em 29,0% dos indivíduos estudados; 23,2% deles apresentaram desnutrição pregressa (stunting), 8,7% eram desnutridos segundo o índice de massa corporal; em 63,1% dos casos identificou-se inadequação no consumo de fontes alimentares de vitamina A e 78,8% dos escolares eram portadores de algum tipo de parasita intestinal. A maioria das famílias dos escolares (87,1%) tinha renda mensal per capita de até um quarto do salário mínimo; as demais famílias apresentavam-se, 10,4%, na faixa de renda per capita entre um quarto de salário e meio salário mínimo inclusive; 2,1%, na faixa entre meio salário e um salário mínimo inclusive; e apenas 0,4% das famílias, na faixa de renda maior que um salário mínimo.

Conclusão
Concluiu-se que a hipovitaminose A é um problema de saúde pública entre os escolares. Não se observou associação estatisticamente significante entre hipovitaminose A e os fatores predisponentes estudados. 

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Publicado

22-09-2023

Como Citar

Aparecida SANTOS, M. ., Garcia REZENDE, E., Alves LAMOUNIER, J., Moreira GALVÃO, M. A. ., BONOMO, Élido ., & Cerqueira LEITE, R. . (2023). Hipovitaminose A em escolares da zona rural de Minas Gerais. Revista De Nutrição, 18(3). Recuperado de https://periodicos.puc-campinas.edu.br/nutricao/article/view/9834

Edição

Seção

ARTIGOS ORIGINAIS