Proporcionalidade corporal na avaliação antropométrica de adolescentes pós-menarca

Autores

  • Bruna BRONHARA Universidade Federal de Alfenas
  • Valéria Cristina Ribeiro VIEIRA Universidade Federal de Alfenas

Palavras-chave:

adolescente, antropometria, composição corporal, estado nutricional

Resumo

Objetivo
Verificar o comportamento da proporcionalidade corporal em adolescentes pós-menarca e sua influência na avaliação antropométrica desses indivíduos, com ênfase na relação peso/estatura.

Métodos
Avaliaram-se 80 adolescentes de uma escola pública de Alfenas, Minas Gerais, com pelo menos 12 meses pós-menarca. As medidas antropométricas foram realizadas conforme procedimentos padronizados. A proporcionalidade corporal foi avaliada pelo Índice de Cormic. A população foi dividida em grupos de estudo (Índice de Cormic > mediana) e controle (Índice de Cormic.≤.mediana). Os grupos foram comparados em relação às idades cronológica e ginecológica, peso, estatura, estatura tronco-cefálica, comprimento de pernas, índice de massa corporal e indicadores de adiposidade global e localizada.

Resultados
Os grupos estudados eram homogêneos em relação ao desenvolvimento físico, visto que as médias das idades cronológica e ginecológica não diferiram estatisticamente. A média e o desvio-padrão do Índice de Cormic corresponderam a 0,52 e 0,013, respectivamente. Os grupos não diferiram em relação à estatura (p=0,23), porém o grupos de estudo apresentou valores de estatura tronco-cefálica significantemente superiores em relação ao grupo controle (p<0,01). Proporção significantemente superior (67,6%) do grupo de estudo apresentou índice de massa corporal > mediana, em comparação ao grupo controle (37,2%). Quanto aos indicadores de adiposidade global ou localizada, não foram observadas diferenças estatísticas entre os grupos.

Conclusão
As diferenças na proporcionalidade corporal não se relacionaram com a estatura. Altos valores de Índice de Cormic parecem estar associados a elevado índice de massa corporal, mas não à composição corporal e à topografia da gordura corporal. Questiona-se, assim, a utilização exclusiva do índice de massa corporal para avaliação antropométrica em serviços de saúde, visto que pode gerar resultados inexatos em populações com comprometimento na proporcionalidade corporal. 

Referências

Trowbridge FL, Marks JS, Romano GL, Madrid S, Boutton TW, Klein PD. Body composition of Peruvian childrem with short stature and high weight-for-height. II-Implications for the interpretation for weight-for height as an indicator of nutritional status. Am J Clin Nutr. 1987; 46(3):411-8.

Frongillo EA. Symposium: causes and etiology of stunting. J Nutr. 1999; 129(Suppl. 2):529S-30S.

Norgan NG. Population differences in body composition in relation to the body mass index. Eur J Clin Nutr. 1994; 48(Suppl. 3):S10-25.

Henneberg M, Harrison GA, Brush G. The small child: anthropometric and physical performance characteristics of short-for-age children growing in good and in poor socio-economic conditions. Eur J Nutr. 1998; 52(4):286-91.

Vieira VCR. Baixa estatura em adolescentes pós-menarca: abordagem nutricional retrospectiva e atual [dissertação]. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa; 2003.

Norgan NG, Jones PRM. The effect of standardizing the body mass index for relative sitting height. Int J Obes. 1995; 19(3):206-8.

Popkin BM, Richards MK, Monteiro CA. Stunting is associated with overweight in children of four nations that are undergoing the nutrition transition. J Nutr. 1996; 126(12):3009-16.

Post CLA, Victora, CG, Barros AJD. Baixa prevalência de déficit de peso para estatura: comparação de crianças brasileiras com e sem déficit estatural. Rev Saúde Pública. 1999; 33(6):575-85.

Anjos LA. Índice de massa corporal como indicador do estado nutricional de adultos: revisão de literatura. Rev Saúde Pública. 1992; 26(6):431-6.

Bellizzi MC, Dietz WH. Workshop on childhood obesity: summary of the discussion. Am J Clin Nutr. 1999; 70(1):173S-5S.

Garn SM, Leonard WR, Hawthorne VM. Three limitations of the body mass index. Am J Clin Nutr. 1986; 44(6):996-7.

Sichieri R, Siqueira KS, Moura AS. Obesity and abdominal fatness associated with undernutrition early in life in a survey in Rio de Janeiro. Int J Obes. 2000; 24(5):614-8.

Velásquez-Meléndez G, Martins IS, Cervato AM, Fornés NS, Maruci MFN, Coelho LT. Relationship between stature, overweight and central obesity in the adult population in São Paulo, Brazil. Int J Obes. 1999; 23(6):639-44.

Norgan NG. On the interpretation of low body mass indices: Australian Aborigines. Am J Clin Nutr. 1994; 94(2):229-37.

Norgan NG. Body mass index and nutritional status - the effect of adjusting the body mass index for relative sitting height on estimates of the prevalence of chronic energy deficiency, overweight and obesity. Asia Pacific J Clin Nutr. 1995; 4(1): 137-9.

Sigulem DM, Devincenzi UM, Lessa AC. Diagnóstico do estado nutricional da criança e do adolescente. J Pediatr. 2000; 76(Suppl 3): S275-84.

Vanitallie TB, Yang MU, Heymsfield SB, Funk RC, Boileau RA. Height-normalized indices of the body’s fat-free mass and fat mass: potentially useful indicator of nutritional status. Am J Clin Nut. 1990; 52(6):953-9.

Velásquez-Meléndez G, Silveira EP, Souza PA, Kac G. Relationship between sitting-height-to-stature ratio and adiposity in brazilian women. Am J Hum Biol. 2005; 17(5):646-53.

Vieira VCR, Bronhara B, Priore SE, Franceschini SCC. Influência da proporcionalidade corporal na avaliação pôndero-estatural em adolescentes pós-menarca. In: Anais do I Congresso Mineiro de Alimentação e Nutrição, 2005; Ouro Preto, Brasil. Ouro Preto: UFOP; 2005. CD-ROM.

Organización Mundial de La Salud. Necesidades de salud de los adolescentes. Ginebra: OMS; 1977. Série de Informes Técnicos, n.724.

Jelliffe DBI. Evaluación del estado de nutrición de la comunidad. Ginebra: OMS; 1968.

Sangi H, Mueller WH. Which Measure of Body Fat Distribution is Best for Epidemiologic Research among Adolescents? Am J Epidemiol. 1991; 133(9):870-83.

Lohman T, Roche AF, Martorell R. Anthropometric Standardization Reference Manual. Champaing: Human Kinetics Books; 1988.

Sampei MA, Novo NF, Juliano Y, Sigulem DM. Comparison of the body mass index to other methods of body fat evaluation in ethnic Japanese and Caucasian adolescent girls. Int J Obes Relat Metab Disord. 2001; 25(3):400-8.

Bénèfice E, Garnier D, Simondon KB, Malina RM. Relationship between stunting in infancy and growth and fat distribution during adolescence in Senegalese girls. Eur J Clin Nutr. 2001; 55(1): 50-8.

Hojo T, Nakashima T, Hirao T. Stature, sitting height and relative sitting height of female northern Kyushuites. J UOEH. 1984; 6(4):355-7.

Wadsworth MEJ, Hardy RJ, Paul AA, Marshal SF, Cole TJ. Leg and trunk length at 43 years in relation to childhood health, diet and family circumstances; evidence from the 1946 national birth cohort. Int J Epidemiol. 2002; 31(2):383-90.

Gunnel DJ, Smith GD, Frankel S, Nanchahal K, Bradon FEM, Pemberton J, et al. Childhood leg length and adult mortality: follow up of the Carnegie (boyd orr) survey of diet and health in pre-war Britain. J Epidemiol Community Health. 1998; 52(3):142-52.

Baugust A, Walley T. An alternative to body mass index for standardizing body weight for stature. Q J Med. 2000; 93(9):589-96.

Caprio S, Hyman LD, McCarthy S, Lange R, Bronson M, Tamborlane WV . Fat distribution and cardiovascular risk factors in obese adolescent girls: importance of the intraabdominal fat depot. Am J Clin Nutr. 1996; 64(1):12-7.

Han TS, McNelly G, Campbell D. The relation between women’s birth weight and their current intra-abdominal fat-mass. Proc Nutr Soc. 1995; 54(3):182A.

Downloads

Publicado

06-09-2023

Como Citar

BRONHARA, B. ., & Ribeiro VIEIRA, V. C. . (2023). Proporcionalidade corporal na avaliação antropométrica de adolescentes pós-menarca. Revista De Nutrição, 20(1). Recuperado de https://periodicos.puc-campinas.edu.br/nutricao/article/view/9650

Edição

Seção

ARTIGOS ORIGINAIS