Fatores demográficos e hábitos de vida relacionados com a inatividade física de lazer entre gêneros

Autores

  • Suzana Patrícia de SÁ-SILVA Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Edna Massae YOKOO Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Rosana SALLES-COSTA Universidade Federal do Rio de Janeiro

Palavras-chave:

Atividade motora, Estilo de vida, Identidade de gênero

Resumo

Objetivo
Analisar a associação entre variáveis sociodemográficas e hábitos de vida com Inatividade Física de Lazer, entre os sexos, em população de baixa renda.

Métodos
Estudo transversal de base populacional, em Duque de Caxias, Rio de Janeiro (2005). A coleta de dados constou de visita domiciliar e amostra de 1.113 adultos. Foram avaliados alguns dados sobre Atividade Física de Lazer, informações sociodemográficas, hábitos de vida (hábito de fumar, consumo de refrigerantes) e medidas antropométricas. Na análise de dados foi empregado o modelo hierárquico, utilizando a regressão de Poisson e a Inatividade Física de Lazer (indivíduos que responderam não praticar nenhum tipo de Atividade Física de Lazer) como desfecho. O primeiro nível do modelo considerou variáveis sociodemográficas e o segundo, o estado nutricional (índice de massa corporal em kg/m2 (baixo peso <18,5; eutrófico ≥18,5 e <25,0; sobrepeso ≥25,0 e <30,0; e obeso ≥30,0), hábitos de vida e consumo alimentar.

Resultados
A prevalência de Inatividade Física de Lazer foi de 33,0% (IC95%: 28,6-37,6) para os homens, e 67,0% (IC95%: 62,3-71,3) para as mulheres. No modelo final, entre os homens, a Inatividade Física de Lazer foi associada com excesso de peso (sobrepeso: RP=1,50, obesidade: RP=1,50, p-valor=0,004) e cor de pele (pretos/pardos: RP=0,71, p-valor=0,003). Entre mulheres, a Inatividade Física de Lazer foi associada com escolaridade (RP=1,15, p-valor=0,019), perímetro de cintura (RP=0,87, p-valor=0,042), hábito de fumar (RP=1,17, p-valor=0,003) e maior ingestão de refrigerantes (RP=1,22, p-valor=0,015).

Conclusão
Os fatores associados com a Inatividade Física de Lazer diferiram entre os gêneros. As mulheres possuíam estilos de vida não saudáveis, ou seja, fumavam, consumiam mais refrigerantes, e eram mais inativas fisicamente. 

Referências

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo 2010. Brasil: IBGE; 2010.

Brasil. Ministério da Saúde. A vigilância, o controle e a prevenção das doenças crônicas não-transmissíveis: DCNT no contexto do Sistema Único de Saúde brasileiro. Brasília: Ministério da Saúde; 2005.

Malta DC, Castro AM, Gosch CS, Cruz DKA, Bressan A, Nogueira JD, et al. A política nacional de promoção da saúde e a agenda da atividade física no contexto do SUS. Rev Bras Ativ Fís Saúde. 2008; 13(1):24-7.

Azevedo MR, Araújo CL, Reichert FF, Siqueira FV, Silva MC, Hallal PC. Gender differences in leisuretime physical activity. Int J Public Health. 2007; 52(1):8-15. doi: 10.1007/s00038-006-5062-1.

Meseguer CM, Galan I, Herruzo R, Zorrilla B, Rodriguez-Artalejo F. Leisure-time physical activity in a Southern European Mediterranean country: Adherence to recommendations and determining factors. Rev Esp Cardiol. 2009; 62(10):1125-33. doi: 10.1016/S1885-5857(09)73327-4.

Olinto MT, Willett WC, Gigante DP, Victora CG. Sociodemographic and lifestyle characteristics in relation to dietary patterns among young Brazilian adults. Public Health Nutr. 2010; 14(1):150-9. doi: 10.1017/S136898001000162X.

Rintala M, Lyytikainen A, Leskinen T, Alen M, Pietilainen KH, Kaprio J, et al. Leisure-time physical activity and nutrition: A twin study. Public Health Nutr. 2011; 14(5):846-52. doi: 10.1017/S136898001000090X.

Sodergren M, McNaughton SA, Salmon J, Ball K, Crawford D. Associations between fruit and vegetable intake, leisure-time physical activity, sitting time and self-rated health among older adults: Cross-sectional data from the WELL study. BMC Public Health. 2012; 12(1):551. doi: 10.1186/1471-2458-12-551.

Salvador EP, Florindo AA, Reis RS, Costa EF. Perception of the environment and leisure-time physical activity in the elderly. Rev Saúde Pública. 2009; 43(6):972-80. doi: 10.1590/S0034-89102009005000082.

Homenko DR, Morin PC, Eimicke JP, Teresi JA, Weinstock RS. Food insecurity and food choices in rural older adults with diabetes receiving nutrition education via telemedicine. J Nutr Educ Behav. 2010; 42(6):404-9. doi: 10.1016/j.jneb.2009.08.001.

Nogueira D, Faerstein E, Rugani I, Chor D, Lopes CS, Werneck GL. Does leisure-time physical activity in early adulthood predict later physical activity? Pro-Saude Study. Rev Bras Epidemiol. 2009; 12:3-9. doi: 10.1590/S1415-790X2009000100001.

Santos R, Silva P, Santos P, Ribeiro JC, Mota J. Physical activity and perceived environmental attributes in a sample of Portuguese adults: Results from the Azorean physical activity and health study. Prev Med. 2008; 47(1):83-8. doi: 10.1016/j.ypmed.2008.02.027.

Salles-Costa R, Pereira RA, Vasconcellos MTL, Veiga GV, Marins VMR, Jardim BC, et al. Associação entre fatores socioeconômicos e insegurança alimentar: estudo de base populacional na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, Brasil. Rev Nutr. 2008; 21(Supl):99s-109s.

Salles-Costa R, Heilborn ML, Werneck GL, Faerstein E, Lopes CS. Gênero e prática de atividade física de lazer. Cad Saúde Pública. 2003; 19 (Supl 2):S325-33. doi: 10.1590/S0102-311X2003000800014.

Sa Silva SP, Sandre-Pereira G, Salles-Costa R. Fatores sociodemográficos e atividade física de lazer entre homens e mulheres de Duque de Caxias/RJ. Ciênc Saúde Colet. 2011; 16(11):4491-501. doi: 10.1590/S1413-81232011001200022.

Perez-Escamilla R, Segall-Correa AM, Kurdian ML, Sampaio MMF, Marin-Leon L, Panigassi G. An adapted version of the U.S. Department of Agriculture Food Insecurity module is a valid tool for assessing household food insecurity in Campinas, Brazil. J Nutr. 2004; 134(8):1923-8.

Hay P. The epidemiology of eating disorder behaviors: An Australian community-based survey. Int J Eating Disord. 1998; 23(4):371-82. doi: 10.1002/(SICI)1098-108X(199805)23:4<371::AID-EAT4>3.0.CO;2-F [pii].

Ferreira JES, Veiga GV. Confiabilidade (teste-reteste) de um questionário simplificado para triagem de adolescentes com comportamentos de risco para transtornos alimentares em estudos epidemiológicos. Rev Bras Epidemiol. 2008; 11(3):393-401. doi: 10.1590.

Sichieri R, Everhart JE. Validity of a Brazilian food frequency questionnaire against dietary recalls and estimated energy intake. Nutr Res. 1998; 18(10): 1649-59. doi: 10.1016/S0271-5317(98)00151-1.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estudo nacional de despesa familiar. Brasil: IBGE; 1974.

Lohman TG, Roche AF, Martorell R. Antropometric standardization reference manual. Champaing (IL): Human Kinetics Books; 1988.

Centers for Disease Control and Prevention. Basics about overweight and obesity. Geneve: CDC; 2002.

Stata Statistical Software: Release 11. College Station (TX): StataCorp LP; 2009.

Charilaou M, Karekla M, Constantinou M, Price S. Relationship between physical activity and type of smoking behavior among adolescents and young adults in Cyprus. Nicotine Tob Res. 2009; 11(8): 969-76. doi: 10.1093/ntr/ntp096.

Kaczynski AT, Manske SR, Mannell RC, Grewal K. Smoking and physical activity: A systematic review. Am J Health Behav. 2008; 32(1):93-110. doi: 10.5555/ajhb.2008.32.1.93.

Gonseth S, Jacot-Sadowski I, Diethelm PA, Barras V, Cornuz J. The tobacco industry’s past role in weight control related to smoking. Eur J Public Health. 2012; 22(2):234-7. doi: 10.1093/eurpub/ckr023.

Camoes M, Lopes C. Dietary intake and different types of physical activity: Full-day energy expenditure, occupational and leisure-time. Public Health Nutr. 2007; 6:1-8. doi: 10.1017/S1368980007001309.

Brasil. Ministério da Saúde. Política nacional de alimentação e nutrição. Brasília: Ministério da Saúde; 2012.

Canesqui AM, Garcia RWD. Antropologia e nutrição: um diálogo possível. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2005.

Arao T, Oida Y, Maruyama C, Mutou T, Sawada S, Matsuzuki H, et al. Impact of lifestyle intervention on physical activity and diet of Japanese workers. Prev Med. 2007; 45(2-3):146-52. doi: 10.1016/j.ypmed.2007.05.004.

Yusuf S, Pitt B. A lifetime of prevention: The case of heart failure. Circulation. 2002; 10:106(24): 2997-8. doi: 10.1161/01.CIR.0000046804.13847.5D.

Waxman A. Why a global strategy on diet, physical activity and health? World Rev Nutr Diet. 2005; 95:162-6. doi: 10.1159/000088302.

Teixeira MS, Moore FE. A mulher e o esporte: a experiência dos municípios do Rio de Janeiro e de São Paulo: relatório final. Rio de Janeiro: Instituto Noos; 2008.

Medronho RA, Bloch KV, Luiz RR, Werneck GL. Epidemiologia. 2ª ed. Atheneu; 2008.

Downloads

Publicado

05-05-2023

Como Citar

de SÁ-SILVA, S. P. ., Massae YOKOO, E. ., & SALLES-COSTA, R. (2023). Fatores demográficos e hábitos de vida relacionados com a inatividade física de lazer entre gêneros. Revista De Nutrição, 26(6). Recuperado de https://periodicos.puc-campinas.edu.br/nutricao/article/view/8528

Edição

Seção

ARTIGOS ORIGINAIS