Sedentarismo e variáveis clínico-metabólicas associadas à obesidade em adolescentes

Autores/as

  • Priscila Trapp ABBES Universidade Federal do Amazonas, Faculdade de Educação Física e Fisioterapia.
  • Maria Silvia Ferrari LAVRADOR Universidade Federal de São Paulo, Escola Paulista de Medicina, Pós-Graduação em Nutrição, Departamento de Pediatria.
  • Maria Arlete Meil Schimith ESCRIVÃO2 Universidade Federal de São Paulo, Escola Paulista de Medicina, Pós-Graduação em Nutrição, Departamento de Pediatria.
  • José Augusto de Aguiar Carrazedo TADDEI Universidade Federal de São Paulo, Escola Paulista de Medicina, Pós-Graduação em Nutrição, Departamento de Pediatria.

Palabras clave:

Adolescente, Atividade motora, Fatores de risco, Índice de massa corporal, Obesidade

Resumen

Objetivo
Estudar a associação da obesidade com variáveis metabólicas, variáveis clínicas e sedentarismo, em adolescentes pós-púberes de escolas públicas de São Paulo.
Métodos
Estudo caso-controle com 128 adolescentes obesos (índice de massa corporal u percentil 95) e 151 adolescentes eutróficos (índice de massa corporal entre percentis 5 e 85). Foram realizados exame físico, avaliação bioquímica e de composição corporal. Foi aplicado questionário previamente testado, que gerou um escore de sedentarismo. Na análise estatística, foi realizada a análise de variância com testes de comparações múltiplas de Bonferroni e qui-quadrado (Pearson). O modelo logístico múltiplo foi utilizado para verificar as associações entre variáveis clínicas, variáveis metabólicas, escore de sedentarismo e estado nutricional.
Resultados
Por meio da análise de variância, foi identificado um gradiente nos valores médios das variáveis metabólicas e clínicas com piora dessas variáveis em paralelo ao aumento do grau de sedentarismo, o que foi confirmado pelo teste qui-quadrado. Na análise bivariada de riscos para obesidade, os adolescentes obesos apresentaram maiores frequências de sedentarismo, de alterações nos níveis de lipoproteína de alta densidade e triglicérides, de hiperinsulinemia e homeostasis model assessment for insulin resistence alterado, e de pressão arterial alterada (p<0,05). O modelo logístico múltiplo mostrou associações entre obesidade e variáveis de sedentarismo (OR=2,23), lipoproteína de alta densidade reduzida (OR=3,05), pressão arterial alterada (OR=3,57), triglicerídeos aumentados (OR=4,13) e homeostasis model assessment for insulin resistence aumentado (OR=11,65).

Conclusão
Sedentarismo, lipoproteína de alta densidade reduzida, hipertrigliceridemia, resistência insulínica e hipertensão estão fortemente associados com a obesidade em adolescentes. Estratégias para redução do peso corporal por meio de mudanças nos hábitos de vida devem fazer parte das políticas e programas de saúde pública, especialmente para essa faixa etária.

Citas

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Antropometria e análise do estado nutricional de crianças e adolescentes no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE; 2006.

Pinhas-Hamiel O, Lerner-Geva L, Copperman, PRENOMENM, MS. Lipid and insulin levels in obese children: changes with age and puberty. Obesity. 2007; 15:2825-31. doi: 10.1038/oby.2007.335.

Kim HM, Park J, Kim HS, Kim DH, Park SH. Obesity and cardiovascular risk factors in Korean children and adolescents aged 10-18 years from the Korean National Health and Nutrition Examination Survey 1998 and 2001. Am J Epidemiol. 2006; 164:787-93. doi: 10.1093/aje/kwj251.

Freedman DS, Mei Z, Srinivasan SR, Berenson GS, Dietz WH. Cardiovascular risk factors and excess adiposity among overweight children and adolescents: the Bogalusa Heart Study. J Pediatr. 2007; 150(1):12-7. doi: 10.1016/j.jpeds.2006.08.0 42

Sorof J, Daniels S. Obesity hypertension in children: a problem of epidemic proportions. Hypertension. 2002; 40(4):441-7. doi: 10.1161/01.HYP.0000032 940.33466.12.

Kelishadi R, Ardalan G, Gheiratmand R, Gouya MM, Razaghi EM, Delavari A, et al. Association of physical activity and dietary behaviours in relation to the body mass index in a national sample of Iranian children and adolescents: CASPIAN Study. Bull World Health Organ. 2007; 85(1):19-26. doi: 10.1590/S0042-96862007000100008.

Frutuoso MFP, Bismarck-Nasr EM, Gambardella AMD. Redução do dispêndio energético e excesso de peso corporal em adolescentes. Rev Nutr. 2003; 16(3):257-63. doi: 10.1590/S1415-52732003000 300003.

Silva KS, Nahas MV, Hoefelmann LP, Lopes AS, Oliveira ES. Associações entre atividade física, índice de massa corporal e comportamentos sedentários em adolescentes. Rev Bras Epidemiol. 2008; 11(1): 159-68. doi: 10.1590/S1415-790X20080001000 15.

Ochoa MC, Moreno-Aliaga MJ, Martínez-González MA, Martínez JA, Marti A; GENOI Members. Predictor factors for childhood obesity in a Spanish case-control study. Nutrition. 2007; 23(5):379-84. doi: 10.1016/j.nut.2007.02.004.

Tanner JM. Growth at adolescence with a general consideration of the effects of hereditary and environmental factors upon growth and maturation from birth to maturity. 2nd ed. Oxford: Blackwell; 1962.

Must A, Dallal GE, Dietz WH. Reference data for obesity: 85th and 95th percentiles of body mass index (wt/ht2) and triceps skinfold thickness. Am J Clin Nutr. 1991; 53(4):839-46. Erratum in: Am J Clin Nutr. 1991; 54(5):773.

Lohman TG, Roche AF, Martorell R. Anthropometric standardization reference manual. Chicago: Human Kinetics Books; 1988.

National High Blood Pressure Education Program Working Group on High Blood Pressure in Children and Adolescents. The fourth report on the diagnosis, evaluation, and treatment of high blood pressure in children and adolescents. Pediatrics. 2004; 114(2):555-76. doi: 10.1542/peds.114.2.S2.555.

Friedewald WT, Levy RI, Fredrickson DS. Estimation of the concentration of low-density lipoprotein in plasma, without the use of preparative ultracentrifuge. Clin Chem. 1972; 18(6):499-502.

Kavey RE, Daniels SR, Lauer RL, Atkins DL, Hayman LL, Taubert K, et al. American Heart Association guidelines for primary prevention of atherosclerotic cardiovascular disease beginning in childhood. Circulation. 2003; 107(11): 1562-6. doi: 10.1161/ 01.CIR.0000061521.1573 0.6E.

Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes [Internet]. Tratamento e acompanhamento do diabetes mellitus. Sociedade Brasileira de Diabetes; 2007; [acesso 2009 set. 14]. Disponível em: .

Cuartero BG, Lacalle CG, Lobo J, Vergaz AG, Rey CC, Villar MJA, et al. Índice HOMA y QUICKI, insulina y peptido C in Niños sanos. Punto de corte de riesgo cardiovascular. An Pediatr (Barc). 2007; 66(5):481-90. doi: 10.1157/13102513

Van der Ark LA. Mokken scale analysis in R. JSS. 2007; 20(11):1-19.

Florindo AA, Romero A, Peres SV, Silva MV, Slater B. Desenvolvimento e validação de um questionário de avaliação da atividade física para adolescentes. Rev Saúde Pública. 2006; 40(5):802-9. doi: 10.15 90/S0034-89102006005000002.

Rothman KJ, Greenland S, Lash TL. Case-control studies. In: Rothman KJ, Greenland S, Lash TL. Modern Epidemiology. 3rd ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins; 2008. p.111-27.

Weffort VRS, Cardoso AL, Bracco MM, Obelar MS, Pires MMS. Nutrição e atividade física. In: Weffort VRS, Lamounier JA, editors. Nutrição em pediatria: da neonatologia à adolescência. Barueri: Manole; 2009. p.485-502

Ceschini FL, Andrade DR, Oliveira LC, Araújo Júnior JF, Matsudo VKR. Prevalence of physical inactivity and associated factors among high school students from state’s public schools. J Pediatr (Rio J). 2009; 85(4):301-6. doi: 10.1590/S0021-755720090004 00006.

Strong WB, Malina RM, Blimkie CJ, Daniels SR, Dishman RK, Gutin B, et al. Evidence based physical activity for school-age youth. J Pediatr. 2005; 146(6):732-7. doi: 10.1016/j.jpeds.2005.01.055.

Nader PR, Bradley RH, Houts RM, McRitchie SL, O’Brien M. Moderate-to-vigorous physical activity from ages 9 to 15 years. JAMA. 2008; 300(3): 95-305. doi: 10.1001/jama.300.3.295.

Neutzling MB, Taddei JAAC, Gigante D. Risk factors of obesity among Brazilian adolescents: a casecontrol study. Public Health Nutr. 2003; 6(8):743-9. doi: 10.1079/PHN2003490.

Silveira D, Taddei JAAC, Escrivão MA, Oliveira FL, Ancona-Lopez F. Risk factors for overweight among Brazilian adolescents of low-income families: a case-control study. Public Health Nutr. 2006; 9(4): 421-8. doi: 10.1590/S0066-782X2010005000087.

Reinehr T, Andler W, Denzer C, Siegried W, Mayer H, Wabitsch M. Cardiovascular risk factors in overweight German children and adolescents: relation to gender, age and degree of overweight. Nutr Metab Cardiovasc Dis. 2005; 15(3):181-7. doi: 10.1016/j.numecd.2004.06.003.

Botton J, Heude B, Kettaneh A, Borys JM, Lommez A, Bresson JL, et al. Cardiovascular risk factor levels and their relationships with overweight and fat distribution in children: the Fleurbaix Laventie Ville Santé II study. Metabolism. 2007; 56(5):614-22. doi: 10.1016/j.metabol.2006.12.006.

Reinehr T, Sousa G, Andler W. Longitudinal analyses among overweight, insulin resistance, and cardiovascular risk factors in children. Obes Res. 2005; 13(10):1824-33. doi: 10.1038/oby.2005.2 22.

Keskin M, Kurtoglu S, Kendirci M, Atabek ME, Yazici C. Homeostasis model assessment is more reliable than the fasting glucose/insulin ratio and quantitative insulin sensitivity check index for assessing insulin resistance among obese children and adolescents. Pediatrics. 2005; 115(4):e500-3. doi: 10.1007/s00431-006-0165-5.

Chiolero A, Madeleine G, Gabriel A, Burnier M, Paccaud F, Bovet P. Prevalence of elevated blood pressure and association with overweight in children of a rapidly developing country. J Hum Hypertens. 2007; 21(12):120-7. doi:10.1038/sj. jhh.1002125.

Publicado

2023-09-21

Cómo citar

ABBES, P. T. ., LAVRADOR, M. S. F., ESCRIVÃO2, M. A. M. S. ., & TADDEI, J. A. de A. C. (2023). Sedentarismo e variáveis clínico-metabólicas associadas à obesidade em adolescentes. Revista De Nutrição, 24(4). Recuperado a partir de https://periodicos.puc-campinas.edu.br/nutricao/article/view/9572

Número

Sección

ARTIGOS ORIGINAIS