Crescimento linear das crianças brasileiras: reflexões no contexto da equidade social

Autores/as

  • Dixis FIGUEROA PEDRAZA Universidade Estadual da Paraíba

Palabras clave:

Desigualdades em saúde, Estatura, Iniquidade social, Inquéritos nutricionais, Políticas públicas

Resumen

O artigo teve por objetivo refletir a respeito do crescimento linear das crianças no contexto da equidade social e sistematizou, primeiramente, os resultados das pesquisas que analisaram fatores associados ao declínio do deficit de estatura das crianças menores de cinco anos no Brasil. Posteriormente, os resultados foram con[1]textualizados do ponto de vista da equidade social. Os nove artigos revisados mostraram variação temporal positiva do deficit de estatura, com valores nacionais que oscilaram de 37,1 a 7,1%; na região Nordeste a variação foi de 33,9 a 5,9%. Quatro razões principais explicaram o declínio do deficit de estatura: 1) aumento do poder aquisitivo/renda familiar nos lares de baixo poder aquisitivo; 2) melhoria da escolaridade materna; 3) expansão da rede pública de saneamento básico, e 4) expansão dos cuidados básicos de saúde. Porém, destacam- -se disparidades que marcam a persistência das iniquidades sociais relacionadas ao deficit de estatura no País, as quais prejudicam populações marginalizadas. Enfoca-se a necessidade de refletir a baixa estatura na perspectiva da influência mediada pela situação da segurança alimentar, do estado nutricional de micronutrientes e dos modos de vida contemporâneos. Na perspectiva das políticas públicas, ressalta-se a importância do trabalho intersetorial. Em conclusão, sugere-se que apesar do declínio do deficit de estatura no Brasil, como reflexo do impacto das políticas públicas, ainda persistem iniquidades com vulnerabilidade marcada em grupos socioculturais desfavorecidos. Assim, o enfrentamento desta conjuntura torna imprescindível o direcionamento das pesquisas e das ações para esses segmentos populacionais.

Citas

Figueiroa JN, Alves JGB, Lira PIC, Batista Filho M. Evolução intergeracional da estatura no Estado de Pernambuco, Brasil, entre 1945 e 2006. 2 - aspectos analíticos. Cad Saúde Pública. 2012; 28(8):1468-78.

Leal VL, Lira PIC, Menezes RCI, Oliveira JS, Sequeira SLA, Andrade SLS, et al. Fatores associados ao de clínio do déficit estatural em crianças e adolescentes em Pernambuco. Rev Saúde Pública. 2012; 46(2):234-41.

Monteiro CA, Benicio MH, Conde WL, Konno S, Lovadino AL, Barros AJD, et al. Narrowing socioeconomic inequality in child stunting: The Brazilian experience, 1974-2007. Bull World Health Organ. 2010; 88:305-11.

de Onis M, Frongillo EA, Blössner M. Is malnutrition declining? An analysis of changes in levels of child malnutrition since 1980. Bull World Health Organ. 2000; 78(10):1222-33.

de Onis M, Blössner M, Borghi E. Prevalence and trends of stunting among pre-school children, 1990-2020. Public Health Nutr. 2012; 15(1):142-8.

United Nations. The Millennium Development Goals Report. New York: United Nations; 2007.

Ananias P. Accelerating the reduction of maternal and child malnutrition: Contributions to the debate based on the Brazilian experience. SCN News. 2008; 36:8-11.

Neri M. Miséria, desigualdade e políticas de renda: o real do Lula. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas; 2007.

Sánchez-Abanto J. Evolución de la desnutrición crónica en menores de cinco años en el Perú. Rev Peru Med Exp Salud Pública. 2012; 29(3):402-5.

Barros FC, Victora CG, Scherpbier R, Gwatkin D. Socioeconomic inequities in the health and nutrition of children in low/middle income countries. Rev Saúde Pública. 2010; 44(1):1-16.

Van de Poel E, Hosseinpoor AR, Speybroeck N, Van Ourti T, Vega J. Socioeconomic inequality in malnutrition in developing countries. Bull World Health Organ. 2008; 86(6):282-91.

World Health Organization. Length/height-for-age, weight-for-age, weight-for-length, weight-for-height and body mass index-for-age. Geneva: WHO; 2006.

Lima AL, Silva AC, Konno SC, Conde WL, Benicio MH, Monteiro CA. Causes of the accelerated decline in child undernutrition in Northeastern Brazil (1986-1996-2006). Rev Saúde Pública. 2010; 44(1):17-27.

Monteiro CA, Benicio MH, Konno SC, Silva ACF, Lima AL, Conde WL. Causes for the decline in child under-nutrition in Brazil, 1996-2007. Rev Saúde Pública. 2009; 43(1):35-43.

Monteiro CA, Conde WL. Tendência secular da des nutrição e da obesidade na infância na cidade de São Paulo (1974-1996). Rev Saúde Pública. 2000; 34(Supl. 6):52-61.

Monteiro CA, Benicio MHDA, Conde WL, Konno SC, Lima ALL, Barros AJD, et al. Desigualdades socioeconômicas na baixa estatura infantil: a experiência brasileira, 1974-2007. Estud Av. 2013; 27(78):36-49.

Matijasevich A, Santos IS, Menezes AM, Barros AJ, Gigante DP, Horta BL, et al. Trends in socioeconomic inequalities in anthropometric status in a population undergoing the nutritional transition: Data from 1982, 1993 and 2004 Pelotas birth cohort studies. BMC Public Health. 2012; 12:511.

Ferreira HS, Cesar JÁ, Assunção ML, Horta BL. Time trends (1992-2005) in undernutrition and obesity among children under five years of age in Alagoas State, Brazil. Cad Saúde Pública. 2013; 29(4):793-800.

Bacallao J, Peña M, Díaz A. Desnutrición crónica en las bases biosociales para la salud y el desarrollo. Rev Panam Salud Pública. 2012; 32(2):145-50.

Brasil. Ministério da Saúde. Marco de referência da educação alimentar e nutricional para as políticas públicas. Brasília: Ministério da Saúde; 2011.

Goulart RMM, Banduk MLS, Taddei JAAC. Uma revisão das ações de nutrição e do papel do nutri cionista em creches. Rev Nutr. 2010; 23(4):655-65. http://dx.doi.org/10.1590/S1415-527320100004 00015

Maranhão DG, Sarti CA. Creche e família: uma par ceria necessária. Cad Pesq. 2008; 38(133):171-94.

Menezes RCE, Lira PIC, Leal VS, Oliveira JS, Santana SCS, Sequeira LAS, et al. Determinantes do déficit estatural em menores de cinco anos no Estado de Pernambuco. Rev Saúde Pública. 2011; 45(6):1079-87.

Monteiro CA, Conde WL, Konno SC, Lima AL, Silva AC, Benicio MH. Avaliação antropométrica do estado nutricional de mulheres em idade fértil e crianças menores de cinco anos. In: Brasil, Ministério da Saúde. Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher: PNDS 2006: dimensões do processo reprodutivo e da saúde da criança. Brasília: Ministério da Saúde; 2009. p.213-30.

Horta BL, Santos RV, Welch JR, Cardoso AM, Santos JV, Assis AMO, et al. Nutritional status of indigenous children: Findings from the First National Survey of Indigenous People’s Health and Nutrition in Brazil. Int J Equity Health. 2013; 12:23.

Brasil. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Avaliação da evolução temporal do estado nutricional das crianças de 0 a 5 anos beneficiárias do Programa Bolsa Família (PBF), acompanhadas nas condicionalidades de saúde. Brasília: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; 2014.

Guimarães RCR, Silva HP. Estado nutricional e cres cimento de crianças quilombolas de diferentes comunidades do estado do Pará. Amazônica. 2015; 7(1):186-209.

Silveira KBR, Alves JFR, Ferreira HS, Sawaya AL, Florêncio TMMT. Association between malnutrition in children living in favelas, maternal nutritional status, and environmental factors. J Pediatr. 2010; 86(3):215-20.

Lang RMF, Almeida CCB, Taddei JA. Segurança alimentar e nutricional de crianças menores de dois anos de famílias de trabalhadores rurais Sem Terra. Ciênc Saúde Colet. 2011; 16(7):3111-8.

Silva SA, Moura EC. Determinantes do estado de saúde de crianças ribeirinhas menores de dois anos de idade do Estado do Pará, Brasil: um estudo trans versal. Cad Saúde Pública. 2010; 26(2):273-85.

Bezerra TA, Figueroa Pedraza D. (In)segurança ali mentar entre famílias com crianças menores de cin co anos residentes em área de vulnerabilidade social de Campina Grande, Paraíba. Rev Nutr. 2015; 18(6):655-65.

Figueroa Pedraza D, Queiroz D, Paiva AA, Cunha MAL, Lima ZN. Seguridad alimentaria, crecimiento y niveles de vitamina A, hemoglobina y zinc en niños preescolares del Nordeste de Brasil. Ciênc Saúde Colet. 2014; 19(2):641-50.

Oliveira JS, Lira PIC, Andrade SLLS, Sales AC, Maia SR, Batista Filho M. Insegurança Alimentar e estado nutricional de crianças de São João do Tigre, no semi-árido do Nordeste. Rev Bras Epidemiol. 2009; 12(3):413-23.

Morais DC, Dutra LV, Franceschini SCC, Priore SE. Insegurança alimentar e indicadores antropo métricos, dietéticos e sociais em estudos brasileiros: uma revisão sistemática. Ciênc Saúde Colet. 2014; 19(5):1475-88.

Santos LPD, Gigante DP. Relação entre insegurança alimentar e estado nutricional de crianças brasileiras menores de cinco anos. Rev Bras Epidemiol. 2013; 16(4):984-94.

Figueroa Pedraza D. Evidências do impacto da su plementação múltipla com micronutrientes no cres cimento de pré-escolares. Rev Bras Saúde Matern Infant. 2014; 14(1):17-37.

Conde WL, Monteiro CA. Nutrition transition and double burden of undernutrition and excess of weight in Brazil. Am J Clin Nutr. 2014; 100(Supl.):1617S-22.

Wanderley EM, Ferreira VA. Obesidade: uma pers pectiva plural. Ciênc Saúde Colet. 2010; 15(1):185-94.

Souza MM, Pedraza DF, Menezes TN. Estado nutri cional de crianças assistidas em creches e situação de (in)segurança alimentar de suas famílias. Ciênc Saúde Colet. 2012; 17(12):3425-36.

Facchini LA, Nunes BP, Motta JVS, Tomasi E, Silva SM, Thumé E, et al. Insegurança alimentar no Nor deste e Sul do Brasil: magnitude, fatores associados e padrões de renda per capita para redução das iniquidades. Cad Saúde Pública. 2014; 30(1):161-74.

Rissin A, Figueiroa JN, Benício MHD, Batista Filho M. Retardo estatural em menores de cinco anos: um estudo “baseline”. Ciênc Saúde Colet. 2011; 16(10):4067-76.

Borja PC. Política pública de saneamento básico: uma análise da recente experiência brasileira. Saúde Soc. 2014; 23(2):432-47.

Imdad A, Sadig K, Bhutta ZA. Evidence-based prevention of childhood malnutrition. Curr Opin Clin Nutr Metab Care. 2011; 14(3):276-85.

Ashworth A, Shrimpton R, Jamil K. Growth monitoring and promotion: Review of evidence of impact. Maternal Child Nut. 2008; 4:86-117.

Anschau FR, Matshuo T, Segall-Corrêa AM. Inse gurança alimentar entre beneficiários de programas de transferência de renda. Rev Nutr. 2012; 25(2):177-89. http://dx.doi.org/10.1590/S1415-52 732012000200001

Brasil. Presidência da República. Decreto nº 7.492, de 2 de junho de 2011. Institui o Plano Brasil sem Miséria. Diário Oficial da União. 2011; 3 jun.

Ferreira IRC, Moysés SJ, França BHS, Carvalho ML, Moysés ST. Percepções de gestores locais sobre a intersetorialidade no Programa Saúde na Escola. Rev Bras Educ. 2014; 19(56):61-76.

Jaime PC, Silva ACF, Lima AMC, Bortolini GA. Ações de alimentação e nutrição na atenção básica: a experiência de organização no Governo Brasileiro. Rev Nutr. 2011; 24(6):809-24. http://dx.doi.org/ 10.1590/S1415-52732011000600002

Burlandy L. A construção da política de segurança alimentar e nutricional no Brasil: estratégias e desa fios para a promoção da intersetorialidade no âmbito federal de governo. Ciênc Saúde Colet. 2009; 14(3):851-60.

Minayo MCS. A busca da verdade no campo cien tífico da saúde. Ciênc Saúde Colet. 2012; 18(10):2806-12.

Amparo-Santos L. Avanços e desdobramentos do marco de referência da educação alimentar e nutri cional para políticas públicas no âmbito da univer sidade e para os aspectos culturais da alimentação. Rev Nutr. 2013; 26(5):595-600. http://dx.doi.org/ 10.1590/S1415-52732013000500010

Descargas

Publicado

2023-03-23

Cómo citar

FIGUEROA PEDRAZA, D. (2023). Crescimento linear das crianças brasileiras: reflexões no contexto da equidade social. Revista De Nutrição, 29(2). Recuperado a partir de https://periodicos.puc-campinas.edu.br/nutricao/article/view/8020