Hábitos alimentares de escolares adolescentes de Pelotas, Brasil

Autores

  • Marilda Borges NEUTZLING Universidade Federal de Pelotas
  • Maria Cecília Formoso ASSUNÇÃO Universidade Federal de Pelotas
  • Maura Cavada MALCON Universidade Federal de Pelotas
  • Pedro Curi HALLAL Universidade Federal de Pelotas
  • Ana Maria Baptista MENEZES Universidade Federal de Pelotas

Palavras-chave:

Adolescentes, Hábitos alimentares, Recomendações nutricionais

Resumo

Objetivo
Descrever a frequência com que escolares adolescentes de Pelotas (RS) estão seguindo as recomendações nacionais para uma alimentação saudável.

Métodos
Estudo transversal aninhado a um estudo longitudinal em 2004, incluindo adolescentes de 13 e 14 anos matriculados em 32 escolas públicas de Pelotas (RS). A amostra incluiu 2.209 adolescentes. Para avaliação da frequência de consumo alimentar, foi utilizado questionário proposto pelo Instituto Nacional do Câncer. Foram construídos desfechos baseados nos dez passos para a alimentação saudável propostos pelo Ministério da Saúde do Brasil.

Resultados
Os hábitos alimentares saudáveis mais frequentes foram o consumo diário de feijão e leite, relatado por cerca de metade dos adolescentes. Quase metade dos jovens referiu ingerir batata frita e salgadinhos no máximo uma vez por semana. Verificou-se consumo adequado de alimentos conservados e enlatados em 44,6% dos adolescentes. Pouco menos da metade dos jovens (43,6%) nunca colocava sal adicional na comida. Quanto ao consumo de doces e outros alimentos ricos em açúcar, constatou-se que aproximadamente um terço deles consumia bolos ou biscoitos no máximo duas vezes por semana.

Conclusão
Verificou-se baixa frequência de hábitos alimentares saudáveis em todos os subgrupos estudados, sendo a frequência mais baixa entre jovens de maior nível socioeconômico e entre as meninas. O hábito alimentar que apresentou mais baixa frequência - 5,3% dos adolescentes - foi o consumo de frutas e verduras cinco ou mais vezes por dia. Políticas públicas de promoção da saúde voltadas à melhoria da alimentação e nutrição dos adolescentes são necessárias e urgentes.

Referências

Aboderin I, Kalache A, Ben-Shlomo Y, Lynch JW, Yajnik CS, Kuh D, et al. Life course perspectives on coronary heart disease, stroke and diabetes: key issues and implications for policy and research. Geneva: World Health Organization; 2001.

Mikkilä V, Räsänen L, Raitakari OT, Pietinen P, Viikari J. Longitudinal changes in diet from childhood into adulthood with respect to risk of cardiovascular diseases: the Cardiovascular Risk in Young Finns Study. Eur J Clin Nutr. 2004; 58(7):1038-45. doi: 10.1038/sj.ejcn.1601929.

Ness AR, Maynard M, Frankel S, Smith GD, Frobisher C, Leary SD, et al. Diet in childhood and adult cardiovascular and all cause mortality: the Boyd Orr cohort. Heart. 2005; 91(7):894-8. doi:10.1136/hrt.2004.043489.

Dietz WH. The obesity epidemic in young children. Reduce television viewing and promote playing. BMJ. 2001; 322(7282):313-4. doi:10.1136/bmj.322.7282.313.

Andrade R G, Pereira RA , Sichieri R. Consumo alimentar de adolescentes com e sem sobrepeso do Município do Rio de Janeiro. Cad Saúde Pública. 2003; 19(5):1485-95. doi: 10.1590/S0102-311X2003000500027.

Livingstone MB, Robson PJ, Wallace JMW. Issues in dietary intake assessment of children and adolescents. Br J Nutr. 2004; 92(Suppl. 2):S213-S22. doi: 10.1079/BJN20041169.

Muñoz KA, Krebs-Smith SM, Ballard-Barbash R, Cleveland LE. Food intakes of US children and adolescents compared with recommendations. Pediatrics. 1997; 100(3Pt1):323-9.

Brasil. Ministério da Saúde. Dez passos para uma alimentação saudável. [acesso 2009 out. 15]. Disponível em: <http://dtr2004.saude.gov.br/nutricao/documentos/folder_teste.pdf>.

Brasil. Instituto Nacional do Câncer. Inquérito domiciliar: comportamentos de risco e morbidade referida de doenças e agravos não transmissíveis. [acesso 2009 set. 15]. Disponível em: <http://www.inca.gov.br/inquerito/docs/_dieta.pdf>.

Centro de Pesquisas Epidemiológicas da UFPel. Questionário utilizado no estudo. [acesso 2009 jan. 15]. Disponível em: <http://www.epidemioufpel.org.br/_projetos_de_pesquisas/questionario_inter.doc>.

Barreto SMP, Oliveira AR, Sichieri R, Monteiro CA, Filho MB, Schimidt MI, et al. Análise da estratégia global para alimentação saudável, atividade física e saúde. 2004 [acesso 2009 jan. 15]. Disponível em: <http://dtr2004.saude.gov.br/nutricao/documentos/doc_eg_final_submetido.pdf>.

Greer FR, Krebs NF. American Academy of Pediatrics Committee on Nutrition. Optimizing bone health and calcium intakes of infants, children, and adolescents. Pediatrics . 2006; 117(2):578-85. doi: 10.1542/peds.2005-2822.

Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa. Critério de Classificação Econômica Brasil. [acesso 2009 jan. 15]. Disponível em <http://www.abep.org/codigosguias/Criterio_Brasil_2008.pdf>.

Habitch JP. Estandadización de métodos epidemiológicos cuantitativos sobre el terreno. Bol Ofic Panan. 1974; 76:375-84.

World Health Organization. Expert Committee on Physical Status: the use and interpretation of anthropometry: report of a WHO expert committee. Geneva: WHO; 1995. Technical Series, 854.

Xie B, Gilliland FD, Li YF, Rockett HR. Effects of ethnicity, family income, and education on dietary intake among adolescents. Prev Med. 2003; 36(1): 30-40. doi:10.1006/pmed.2002.1131.

Aranceta J, Pérez-Rodrigo C, Ribas L, Serra-Majem L. Sociodemographic and lifestyle determinants of food patterns in Spanish children and adolescents: the enkid study. Eur J Clin Nutr. 2003; 57(Suppl 1): S40-S4. doi:10.1038/sj.ejcn.1601813.

World Health Organization. Joint WHO/FAO Expert Conculation on Diet, Nutrition and the prevention of chronic diseases. Diet, nutrition and the prevention of chronic diseases. Geneva: WHO; 2003. Technical Report Series 916. [cited 2009 Oct.15]. Available from: <http://whqlibdoc.who.int/trs/WHO_TRS_916.pdf>.

Tuomilehto J, Jousilahti P, Rastenyte D, Moltchanov V, Tanskanen A, Pietinen P, et al. Urinary sodium excretion and cardiovascular mortality in Finland: a prospective study. Lancet. 2001; 357(9259): 848-51. doi: 10.1016/S0140-6736(00)04199-4.

Bonomo E, Caiaffa WT, César CC, Lopes AC, LimaCosta MF. Consumo alimentar da população adulta segundo perfil sócio-econômico e demográfico: Projeto Bambuí. Cad Saúde Pública. 2003; 19(5): 1461-71. doi: 10.1590/S0102-311X2003000500025.

Levy-Costa RB, Sichieri R, Pontes NS, Monteiro CA. Disponibilidade domiciliar de alimentos no Brasil: distribuição e evolução (1974-2003). Rev Saúde Pública. 2005; 39(4):530-40. doi: 10.1590/S0034-89102005000400003.

Drewnowski A. Nutrition transition and global dietary trends. Nutrition. 2000; 16(7-8):486-7. doi: 10.1016/S0899007(00)002951.

Sobal J. Commentary: globalization and the epidemiology of obesity. Int J Epidemiol. 2001; 30(5):1136-7.

Almeida SS, Nascimento PC, Quaioti TC. Quantidade e qualidade de produtos alimentícios anunciados na televisão brasileira. Rev Saúde Pública. 2002; 36(3):353-5. doi: 10.1590/S0034-89102002000300016.

McGinnis JM, Gootman JA, Kraak VI, editors. Food marketing to children: threat or opportunity? Food and nutrition board and board on children, youth, and families of the Institute of Medicine of the National Academies. Washington (DC): National Academies Press; 2005.

Sichieri R, Souza RA. Estratégias para prevenção da obesidade em crianças e adolescentes. Cad Saúde Pública. 2008; 24(Suppl 2):S209-23; discussion S224-34. doi: 10.1590/S0102-311X2008001400002.

Downloads

Publicado

28-08-2023

Como Citar

Borges NEUTZLING, M. ., Formoso ASSUNÇÃO, M. C. ., Cavada MALCON, M. ., Curi HALLAL, P. ., & Baptista MENEZES, A. M. . (2023). Hábitos alimentares de escolares adolescentes de Pelotas, Brasil. Revista De Nutrição, 23(3). Recuperado de https://periodicos.puc-campinas.edu.br/nutricao/article/view/9374

Edição

Seção

ARTIGOS ORIGINAIS