“Eu queria aprender a ser docente”: sobre a formação de mestres nos programas de pós-graduação do campo da Alimentação e Nutrição no Brasil
Palavras-chave:
Ciências da Nutrição, Conhecimento, Educação de pós-graduaçãoResumo
Objetivo
O presente estudo tem como objetivo problematizar o campo científico da Alimentação e Nutrição, a partir do olhar de egressos de cursos de mestrado no Brasil, colocando em exame aspectos relativos às relações sociais nas quais está mergulhada a formação para o ensino. Norteia o estudo o conceito de campo científico de Pierre Bourdieu, para quem a produção do conhecimento não se dá de maneira pura ou neutra, e os consensos ocorrem em função de interesses em circulação na sociedade.
Métodos
Participaram da pesquisa 177 mestres, formados em programas de pós-graduação inseridos na área de avaliação Nutrição, na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. O grupo respondeu a perguntas abertas e fechadas, em questionários enviados pela internet.
Resultados
A grande maioria era composta por nutricionistas do sexo feminino, que ingressaram no mestrado com idade média de 28 anos e aproximadamente quatro anos e meio de conclusão da graduação. A docência destacouse dentre as expectativas ao ingressar no mestrado. Conforme aproximadamente metade dos entrevistados, suas expectativas foram plenamente alcançadas ou até mesmo superadas, tanto em razão de seu aprimoramento científico quanto da boa qualificação do corpo docente. Em contraposição, o pouco tempo, as pressões para a conclusão do mestrado e a insuficiência no preparo para a docência foram críticas presentes.
Conclusão
A conformação de novas regras no jogo científico - de modelo produtivista -, impõe que se reconheça a existência de problemas sérios nos cursos de pós-graduação stricto sensu, com repercussão sobre a formação de docentes e, por conseguinte, de nutricionistas. Nesse processo, a avaliação da produção científica por meio de métricas de mercado está no rol dos modelos a serem profundamente questionados.
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