Estresse oxidativo e micronutrientes na hanseníase

Autores

  • Fabiana Maciel de OLIVEIRA Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium
  • Fernando BARBOSA JÚNIOR Universidade de São Paulo
  • Alceu Afonso JORDÃO JÚNIOR Universidade de São Paulo
  • Norma Tiraboschi FOSS Universidade de São Paulo
  • Anderson Marliere NAVARRO Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho

Palavras-chave:

Antioxidantes, Estresse oxidativo, Hanseníase, Micronutrientes

Resumo

Objetivo
Avaliar o estresse oxidativo, perfil antioxidante e de micronutrientes em pacientes portadores de hanseníase multibacilar e paucibacilar antes do tratamento poliquimioterápico.

Métodos
Analisaram-se 52 amostras de soro de pacientes portadores de hanseníase - 38 multibacilares e 14 paucibacilares -, usuários do ambulatório de dermatologia de um hospital público universitário, além de 30 amostras controles. Quantificaram-se marcador de peroxidação lipídica malondialdeído pelo método de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico, antioxidante glutationa reduzida pelo método baseado na quantificação de tiol solúvel em ácido, antioxidante vitamina E por cromatografia líquida de alta eficiência, minerais selênio, zinco, cobre, magnésio por espectrometria de massa com fonte plasma acoplado, e sorologia do anticorpo glicolipídio fenólico I pelo método Enzyme-Linked Immunosorbent Assay. Foi utilizado teste não paramétrico de Mann-Whitney para comparar as variáveis quantificadas neste estudo entre os diferentes grupos, e correlação de Pearson para verificar associação dessas variáveis com o anticorpo. O critério de significância adotado foi de p<0,05.

Resultados
Houve diferença significativa para o malondialdeído (p<0,001) e vitamina E (p<0,001) no grupo controle comparado aos grupos com hanseníase, multibacilar e paucibacilar. No entanto, essas mesmas variáveis não diferiram entre os grupos multibacilar e paucibacilar (p=0,495 e p=0,920 respectivamente). A glutationa reduzida foi superior no grupo controle em relação ao grupo com hanseníase (p=0,012) e multibacilar (p=0,001), no entanto não diferiu do grupo paucibacilar (p=0,920). Quando comparada com os multibacilares e paucibacilares, a glutationa reduzida também não diferiu (p=0,063). Quanto aos minerais, todos se apresentaram dentro da normalidade, exceto o magnésio, cujos níveis foram deficientes em todos os pacientes do estudo. Não foi possível observar correlação do anticorpo glicolipídio fenólico I com as demais variáveis.

Conclusão
Os pacientes paucibacilares parecem possuir maior defesa antioxidante de glutationa reduzida, semelhante à de indivíduos saudáveis. Baixos níveis de vitamina E nos pacientes com hanseníase são sugestivos dos benefícios de suplementação. As alterações metabólicas observadas não evidenciaram relação com a sorologia do glicolipídio fenólico I.

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Publicado

05-04-2023

Como Citar

Maciel de OLIVEIRA, F., BARBOSA JÚNIOR, F., JORDÃO JÚNIOR, A. A., Tiraboschi FOSS, N., & NAVARRO, A. M. (2023). Estresse oxidativo e micronutrientes na hanseníase. Revista De Nutrição, 28(4). Recuperado de https://periodicos.puc-campinas.edu.br/nutricao/article/view/8232

Edição

Seção

ARTIGOS ORIGINAIS