Situação da amamentação e alimentação complementar em um município de médio porte do Vale do Ribeira, São Paulo
Palavras-chave:
Aleitamento materno, Indicadores, Suplementação alimentarResumo
Objetivo
Analisar a situação da amamentação e alimentação complementar no município de Registro, São Paulo.
Métodos
Estudo transversal no qual foram coletadas informações sobre alimentação e dados sociodemográficos de crianças menores de um ano que participaram da campanha de multivacinação de 2011. Foram consideradas elegíveis todas as crianças menores de um ano que participaram da campanha de vacinação, a fim de garantir a representatividade das informações para o município. Realizou-se a análise dos indicadores de aleitamento materno e alimentação complementar, propostos pela Organização Mundial de Saúde. A associação entre os desfechos (aleitamento materno exclusivo e introdução da alimentação complementar) e as variáveis explanatórias (características maternas e infantis), realizou-se por meio do modelo de regressão de Poisson com variância robusta.
Resultados
Foram analisados dados de 713 crianças. A prevalência do aleitamento materno exclusivo de 0 a 6 meses foi de 50,0%. As crianças que estavam mamando exclusivamente no primeiro dia em casa (RP=2,40; IC95%=1,42-4,06) e não usavam chupeta (RP=1,95; IC95%=1,15-3,30) foram as que apresentaram maior chance de aleitamento materno exclusivo. Ao analisar os indicadores de alimentação complementar, observou-se que a proporção de crianças de 6 a 8,9 meses que consumiram fruta mais papa salgada foi de 62,1%. Nenhuma das variáveis explanatórias mostrou associação significativa com esse desfecho.
Conclusão
O estudo identificou práticas de alimentação infantil inadequadas. A realização de estudos desse tipo pode contribuir para a formulação de propostas de intervenção, o que se torna particularmente relevante em um contexto de desenvolvimento social pouco favorável, como o que caracteriza o município estudado.
Referências
Bhutta ZA, Das JK, Rizvi A, Gaffey MF, Walker N, Horton S, et al. Evidence-based interventions forimprovement of maternal and child nutrition: What can be done and at what cost? Lancet. 2013; 382(9890):452-77.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Dez passos para uma alimentação saudá vel: guia alimentar para crianças menores de dois anos: um guia para o profissional da saúde na aten ção básica. 2ª ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2013.
Venancio SI, Saldiva SRDM, Monteiro CA. Tendência secular da amamentação no Brasil. Rev Saúde Pública. 2013; 47(6):1205-8.
Bortolini GA, Gubert MB, Santos LMP. Consumo alimentar entre crianças brasileiras com idade de 6 a 50 meses. Cad Saúde Pública. 2010; 28(9):1759- 71.
Dias MCAP, Freire LMS, Franceschini SCC. Reco mendações para alimentação complementar de crianças menores de dois anos. Rev Nutr. 2010; 23(3):475-86. http://dx.doi.org/10.1590/S1415-52 732010000300015
World Health Organization. Global strategy for infant and young child feeding. Geneva: WHO; 2003.
Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. Re gistro, SP: indicadores de desenvolvimento huma no. 2013 [acesso 2014 nov 22]. Disponível em http:/ /www.atlasbrasil.org.br/2013/pt/perfil_m/registro_ sp#idh
Venancio SI, Saldiva SRDM, Castro ALS, Gouveia AGC, Santana AC, Pinto JCC, et al. Projeto ama mentação e municípios: a trajetória de implantação de uma estratégia para a avaliação e monito ramento das práticas de alimentação infantil no Estado de São Paulo, no período de 1998-2008. Bepa. 2010; 7(83):4-15.
World Health Organization. Indicators for assessing infant and young child feeding practices: Conclusions of a consensus held 6-8 November 2007. Washington (DC): WHO; 2008.
Ministério da Saúde. Organização Pan-Americana de Saúde. Guia alimentar para crianças menores de 2 anos. 2ª ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2010. Série A. Normas e Manuais Técnicos.
Venancio SI, Escuder MML, Saldiva SRDM, Giugliani ERJ. Breastfeeding pratice in Brazilian capital cities and Federal District: Current status e advances. J Pediat. 2010; 86(4):317-24.
Barros AJD, Hirakata VN. Alternatives for logistic regression in cross-sectional studies: An empirical comparison of models that directly estimate the prevalence ratio. BMC Med Res Methodol. 2003; 3:21.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. II Pesquisa de prevalência de aleitamento materno nas capitais brasileiras e Distrito Federal. Brasília: Ministério da Saúde; 2009.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Pesquisa de prevalência de aleitamento materno em municípios brasileiros. Brasília: Minis tério da Saúde; 2010.
Audi CAF, Correa MAS, Latorre MRDO. Alimentos complementares e fatores associados ao aleita mento materno e ao aleitamento materno exclusivo em lactentes até 12 meses de vida em Itapira, São Paulo, 1999. Rev Bras Saúde Matern Infant. 2003; 3(1):85-93.
Barros VO, Cardoso MAA, Carvalho DF, Gomes MMR, Ferraz NV, Medeiros CCM. Aleitamento ma terno e fatores associados ao desmame precoce em crianças atendidas no programa de saúde da família. Nutrire. 2009; 34(2):101-14.
Souza SNDH, Migoto MT, Rossetto EG, Mello DF. Prevalência de aleitamento materno e fatores as sociados no município de Londrina - PR. Acta Paul Enferm. 2012; 25(1):29-35. 18. Soares ME, Giugliani ER, Braun ML, Salgado AC, Oliveira AP, Aguiar PR. Uso de chupeta e sua relação com o desmame precoce em população de crianças nascidas em Hospital Amigo da Criança. J Pediatr. 2003; 79(4):309-16.
Feldens CA, Vitolo MR, Rauber F, Cruz LN, Hilgert JB. Risk factors for discontinuing breastfeeding in southern Brazil: A survival analysis. Matern Child Health. 2011; 16(6):1257-65.
Sanches MT, Buccini GD, Gimeno SG, Rosa TE, Bonamigo AW. Fatores associados à interrupção do aleitamento materno exclusivo de lactentes nas cidos com baixo peso assistidos na atenção básica. Cad Saúde Pública. 2011; 27(5):953-65.
França GVA, Brunken GS, Silva SM, Escuder MM, Venancio SI. Determinantes da amamentação no primeiro ano de vida em Cuiabá, Mato Grosso. Rev Saúde Pública. 2007; 41(5):711-8.
Venancio SI. Dificuldades para o estabelecimento da amamentação: o papel das práticas assistenciais das maternidades. J Pediatr. 2003; 79(1):1-2.
Venancio SI, Saldiva SRDM, Escuder MML, Giugliani ERJ. The baby-friendly hospital initiative shows positive effects on breastfeeding indicators in Brazil. J Epidemiol Comm Health. 2012; 66(10):914-8.
Vieira TO, Vieira GO, Oliveira NF, Mendes CMC, Giugliani ERJ, Silva LR. Duration of exclusive breastfeeding in a Brazilian population: New determinants in a cohort study. BMC Pregnancy and Childbirth. 2014; 14:175.
Brasil. Ministério da Saúde. Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher - PNDS 2006. Brasília: Ministério da Saúde; 2009.
Boccolini CS, Carvalho ML, Oliveira MIC, Leal MC, Carvalho MS. Factors that affect time between birth and first breastfeeding. Cad Saúde Pública. 2008; 24(11):2681-94.
D’Orsi E, Chor D, Giffin K, Ângulo-Tuesta A, Barbosa GP, Gama AS, et al. Qualidade da atenção ao parto em maternidades do Rio de Janeiro. Rev Saúde Pública. 2005; 39(4):645-54.
Edmond KM, Zandoh C, Quigley MA, Amenga Etego S, Owusu-Agyei S, Kirkwood BR. Delayed breastfeeding initiation increases risk of neonatal mortality. Pediatrics. 2006; 117(3):380-6.
Boccolini CS, Carvalho ML, Oliveira MI, Pérez Escamilla R. Breastfeeding during the first hour of life and neonatal mortality. J Pediatr. 2013; 89(2):131-6.
Neves ACM, Moura EC, Santos W, Carvalho KMB. Factors associated with exclusive breastfeeding in the Legal Amazon and Northeast regions, Brazil, 2010. Rev Nutr. 2014; 27(1):81-95. http://dx. doi.org/10.1590/1415-52732014000100008
Santos CS, Lima LS, Javorski M. Fatores que inter ferem na transição alimentar de crianças entre cinco e oito meses: investigação em serviço de pueri cultura do Recife, Brasil. Rev Bras Saúde Mater Infant. 2007; 7(4):373-80.
Saldiva SRDM, Venancio SI, Gouveia AGC, Castro ALS, Escuder MML, Giugliani ERJ. Influência re gional no consumo precoce de alimentos diferentes do leite materno em menores de seis meses residentes nas capitais brasileiras e Distrito Federal. Cad Saúde Pública. 2011; 27(11):2253-62.
Bortolini GA, Vitolo MR, Gubert MB, Santos LM. Early cow’s milk consumption among Brazilian children: Results of a national survey. J Pediatr. 2013; 89(6):608-13.
Garcia MT, Granado FS, Cardoso MA. Complementary feeding and nutritional status of 6-24-month-old children in Acrelândia, Acre State, Western Brazilian Amazon. Cad Saúde Pública. 2011; 27(2):305-16.
Palmeira PA, Santos SMC, Vianna RPT. Prática ali mentar entre crianças menores de dois anos de idade residentes em municípios do semiárido do Estado da Paraíba, Brasil. Rev Nutr. 2011; 24(4):553-63. http://dx.doi.org/10.1590/S1415-52 732011000400004
Caetano MC, Ortiz TTO, Silva SGL, Souza FIS, Sarni ROS. Complementary feeding: Inappropriate practices in infants. J Pediatr. 2010; 86(3):196-201.
Agostoni C, Braegger C, Decsi T, Kolacek S, Koletzko B, Michaelsen KF, et al. Breastfeeding: A commentary by the ESPGHAN committee on nutrition. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2009; 49(1):112-25.
Kleiman RE, editor. Pediatric nutrition handbook. 6th ed. Elk Grove Village (IL): American Academy of Pediatrics; 2009.
Santos LM, Paes-Sousa R, Silva Junior JB, Victora CG. National immunization day: A strategy to monitor health and nutrition indicators. Bull World Health Organ. 2008; 86(6):474-9.
Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.920/2013. Institui a estratégia nacional para promoção do aleitamento materno e alimentação complementar saudável no Sistema Único de Saúde (SUS) - Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil. Brasília: Ministério da Saúde; 2013.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Gislene dos Anjos TAMASIA, Sonia Isoyama VENÂNCIO, Silvia Regina Dias Medici SALDIVA
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.