Análise das propagandas de alimentos veiculadas em canais de televisão fechada direcionada ao público infantil segundo o guia alimentar para a população brasileira e legislação vigente
Palavras-chave:
Criança, Publicidade de alimentos, Obesidade pediátrica, TelevisãoResumo
Objetivo
O presente estudo analisou propagandas de produtos alimentícios voltados ao público infantil veiculadas em emissoras de televisão fechada do Brasil, de acordo com os tipos de alimentos e conteúdo publicitário.
Métodos
Estudo descritivo sobre a adequação de propagandas de alimentos veiculadas em seis emissoras de televisão por assinatura e direcionadas a crianças segundo dois parâmetros: “Guia Alimentar para a População Brasileira, 2014” e Resolução nº 163 de 2014 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, sobre publicidade de alimentos. A gravação das propagandas foi realizada em julho de 2015, em diferentes horários e dias da semana.
Resultados
Foram registrados 3.468 comerciais em 162 horas de gravação, sendo 1.850 referentes à programação interna e 1.618 a brinquedos (22,15%), alimentos e bebidas (5,61%), aplicativos para aparelhos eletrônicos (5,58%) e entretenimento/eventos (5,56%). O teste exato de Fisher mostrou menor número de comerciais de alimentos em comparação aos demais tipos de propaganda (p<0,001). Os itens alimentares mais veiculados em todas as emissoras foram os alimentos ultraprocessados, com nenhuma inserção de comerciais de alimentos in natura (p<0,001). Dos comerciais de alimentos, 64,30% apresentaram linguagem infantil/personagens, 43,00% tinham músicas com vozes infantis e 21,40% vincularam a distribuição de brindes ao alimento.
Conclusão
O número de propagandas de alimentos observado foi menor do que o encontrado em estudos nacionais anteriores. Entretanto, os comerciais não estavam em conformidade com a legislação vigente, indicando abusividade de comunicação mercadológica à criança. Políticas públicas mais eficazes, bem como o respeito e cumprimento da legislação sobre publicidade infantil, poderiam proteger as crianças do elevado consumo de alimentos ultraprocessados.
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