Representações sociais de usuários de restaurantes populares sobre alimentação saudável associadas à sua condição domiciliar de (in)segurança alimentar

Autores

  • Isabel Cristina BENTO Universidade Federal de Minas Gerais
  • Fernanda Martins SOBRINHO Universidade Federal de Minas Gerais
  • Mery Natali Silva ABREU Universidade Federal de Minas Gerais
  • Maria Flávia GAZZINELLI Universidade Federal de Minas Gerais
  • Simone Cardoso Lisboa PEREIRA Universidade Federal de Minas Gerais

Palavras-chave:

Alimentação coletiva, Segurança alimentar e nutricional, Hábitos alimentares, Programas e políticas de nutrição e alimentação

Resumo

Objetivo
Verificar a associação entre a forma como os usuários dos restaurantes populares de Belo Horizonte, Minas Gerais, pensam sobre alimentação saudável, bem como as dificuldades para adotá-la; e a sua condição domiciliar de (in)segurança alimentar.

Métodos
Estudo transversal conduzido com 1.656 usuários dos restaurantes populares de Belo Horizonte. A coleta de dados, com emprego de um questionário semiestruturado, contemplou a situação socioeconômica, a condição domiciliar de (in)segurança alimentar e discursos sobre alimentação saudável. Realizou-se análises descritivas para a construção de tabelas de distribuição de frequências e análise univariada. A análise dos discursos fundamentou-se na teoria das representações sociais.

Resultados
Cortar, reduzir, evitar, não comer, comer menos, diminuir carboidratos, gorduras, sal, carnes, bebidas diversas e outros alimentos é a mudança mais frequente (71,4%) que os usuários, em condição domiciliar de segurança alimentar, realizam ou pretendem realizar. Já para aqueles em condição domiciliar de insegurança alimentar é comer mais frutas, verduras, legumes e outros alimentos (34,4%). Para os usuários em segurança alimentar nutricional a dificuldade determinante é a falta de tempo (82,9%) e para aqueles em insegurança alimentar nutricional é a condição financeira (53,5%), p<0,001.

Conclusão
O que os usuários dos restaurantes populares de Belo Horizonte pensam sobre alimentação, bem como as dificuldades para se alimentar de maneira mais saudável, estão associadas à condição domiciliar de (in)segurança alimentar. Os resultados são subsídios relevantes para a elaboração de propostas educativas efetivas em alimentação e nutrição, que atuem sobre os dispositivos produtores de subjetividade desse público e que considere a sua situação de segurança alimentar e nutricional.

Referências

Shetty P. Nutrition transition and its health outcomes. Indian J Pediatr. 2013; 80(1 Suppl.):21s-7s. http:// dx.doi.org/10.1007/s12098-013-0971-5

Gubert MB, Benicio MHD, Santos LMP. Estimativas de insegurança alimentar grave nos municípios Brasileiros. Cad Saúde Pública. 2010; 26(8):1595-605. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X20100008 00013

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pes quisa de orçamentos familiares 2008-2009: des pesas, rendimentos e condições de vida. Rio de Janeiro: IBGE; 2010.

Brasil. Presidência da República. Decreto-Lei nº 11.346, de 15 de setembro de 2006. Cria o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional - Sisan com vistas em assegurar o direito humano à alimentação adequada e dá outras providências. [2015 maio 25]. Disponível em: http://www4. planalto.gov.br/consea/conferencia/documentos/ lei-de-seguranca-alimentar-e-nutricional.

Brasil. Ministério do Desenvolvimento Social e Com bate à Fome. Programa Restaurante Popular. Bra sília: Ministério do Desenvolvimento Social e Co bate à Fome; 2004 [2015 maio 25]. Disponível em http://www.ieham.org/html/docs/manual_ programa_restaurantes_populares.pdf

Boog MCF. Educação em nutrição: integrando experiências. Campinas: Komedi; 2013.

Moscovici S. Representações sociais: investigações em psicologia social. 6ª ed. Petrópolis: Vozes; 2009.

Programa das Nações Unidas para o Desenvol vimento (PNUD). Atlas do desenvolvimento humano nas regiões metropolitanas brasileiras. Brasília: PNUD; 2010 [2015 jun 20]. Disponível em: http:// pnud.org.br/IDH/IDHM.aspx?indiceAccordion= 0&li=li_IDHM

Belo Horizonte. Estatística e mapas: exclusão social 2000. Índice de vulnerabilidade social. 2012 [2015 maio 25]. http://portalpbh.pbh.gov.br/pbh/ecp/ contents.do?evento=conteudo&idConteudo=19777&ch Plc=19777&termos=A-indice

Babbie E. Survey research methods. 10th ed. Belmont: Wadsworth Publishing; 2004.

Brasil. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012. Diário Oficial da União. 2013; 13 jun, p.59, Seção 1.

Associação Nacional de Empresas de Pesquisa. Critério de classificação econômica Brasil: dados com base no levantamento sócio econômico - 2008. São Paulo: Anep; 2010 [2015 maio 25]. Disponível em: www.datavalesp.com.br/CCEB.pdf

Ferreira HS, Souza MEDS, Moura FA, Horta BL. Pre valência e fatores associados à Insegurança Ali mentar e Nutricional em famílias dos municípios do norte de Alagoas, Brasil, 2010. Ciênc Saúde Colet. 2013; 19(5):1533-42. http://dx.doi.org/10. 1590/1413-81232014195.06122013

Lefèvre F, Lefèvre AC. O discurso do sujeito coletivo: um novo enfoque em pesquisa qualitativa (des dobramentos). 2ª ed. Caxias do Sul: Educs; 2005.

Amparo LS. Avanços e desdobramentos do marco de referência da educação alimentar e nutricional para políticas públicas no âmbito da universidade e para os aspectos culturais da alimentação. Rev Nutr. 2013; 26(5):595-600. http://dx.doi.org/10. 1590/S1415-52732013000500010

Jodelet DP. As representações sociais. Rio de Janeiro: Editora UERJ; 2001.

Gonçalves MP, Campos ST, Sarti FM. Políticas pú blicas de segurança alimentar no Brasil: uma análise do Programa de Restaurantes Populares. Rev Gestão Polit Públicas. 2011 [2015 maio 25]; 1(1):92-111. Disponível em: http://each.uspnet.usp.br/rgpp/ index.php/rgpp/article/viewFile/5/7

Levy RB, Claro RM, Mondini L, Sichieri R, Monteiro CA. Distribución regional y socioeconómica de la disponibilidad domiciliaria de alimentos en Brasil, 2008-2009. Rev Saúde Pública. 2012; 46(1):6-15. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102011 005000088

Bento IC. Perfil sociodemográfico, nutricional e psicossocial dos usuários dos restaurantes e re feitório populares de Belo Horizonte - MG: fun damento para a elaboração de uma Intervenção Educativa Alimentar e Nutricional [dissertação]. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais; 2012.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Vigitel Brasil 2012: Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico. Brasília: Ministério da Saúde; 2013.

Norcross JC, Krebs PM, Prochaska JO. Stages of change. J Clin Psychol. 2011; 67(2):143-54. http:// dx.doi.org/10.1002/jclp.20758

Viegas SMF, Lanza FM, Lara MO, Lage AMD, Penna CMM. Alimentação, uma das chaves para a saúde: análise de conteúdo de reportagens da revista Veja. R Enferm Cent O Min. 2012 [2015 jun 15]; 2(1):78-92. Disponível em: http://www.seer.ufsj.edu.br/index. php/recom/article/view/178/267

Silva CL, Costa THM. Barreiras e facilitadores do consumo de frutas e hortaliças em adultos de Brasília. Sci Med. 2013; 23(2):68-74. Disponível em: http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/ scientiamedica/article/viewFile/13047/9667

Lo YT, Chang YH, Lee MS, Wahlqvist ML. Dietary diversity and food expenditure as indicators of food security in older Taiwanese. Appetite. 2012; 58(1):180-7. http://dx.doi.org/10.1016/j.appet. 2011.09.023

Mohammadi F, Harrison GG, Ghazi-Tabatabaei M, Abdollahi M, Houshiar-Rad A, Mehrabi Y, et al. Is household food insecurity associated with overweight/obesity in women? Iran J Public Health. 2013; 42(4):380-90.

Willows N, Veugelers P, Raine K, Kuhle S. Associations between household food insecurity and health outcomes in the Aboriginal population (excluding reserves). Health Reports. 2011; 22(2):15-20.

Marin-Leon L, Francisco PMSB, Segall-Corrêa AM, Panigassi G. Bens de consumo e insegurança ali mentar: diferenças de gênero, cor de pele autorrefe rida e condição socioeconômica. Rev Bras Epidemiol. 2011; 14(3):398-410. http://dx.doi.org/10.1590/ S1415-790X2011000300005

Miller CL, Bangsberg DR, Tuller DM, Senkungu J, Kawuma A, Frongillo EA, et al. Food insecurity and sexual risk in an HIV endemic community in Uganda. Aids Behav. 2011; 15(7):1512-9. http://dx.doi.org/ 10.1007/s10461-010-9693-0

Kepple AW, Segall-Corrêa AM. Conceituando e medindo a segurança alimentar e nutricional. Ciênc Saúde Colet. 2011; 16(1):187-99. http://dx.doi.org/ 10.1590/S1413-81232011000100022

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Guia alimentar para a população brasileira. 2ª ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2014.

Magalhães R. Avaliação de políticas e iniciativas públicas de segurança alimentar e nutricional: dilemas e perspectivas metodológicas. Ciênc Saúde Colet. 2014; 19(5):1339-46. http://dx.doi.org/10. 1590/1413-81232014195.12202013

Santos SMC, Santos LMP. Avaliação de políticas públicas de segurança alimentar e combate à fome no período de 1995-2002: abordagem metodo lógica. Cad Saúde Pública. 2007; 23(5):1029-40. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X20070 00500005

Brasil. Ministério do Desenvolvimento Social e Com bate à Fome; Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação. Rede de equipamentos públicos de ali mentação e nutrição: resultados de avaliações. Cad Estud Desenvol Social Debate. 2010; (14):164.

Downloads

Publicado

23-03-2023

Como Citar

Cristina BENTO, I., Martins SOBRINHO, F. ., Silva ABREU, M. N. ., GAZZINELLI, M. F. ., & Cardoso Lisboa PEREIRA, S. . (2023). Representações sociais de usuários de restaurantes populares sobre alimentação saudável associadas à sua condição domiciliar de (in)segurança alimentar. Revista De Nutrição, 29(2). Recuperado de https://periodicos.puc-campinas.edu.br/nutricao/article/view/8011

Edição

Seção

ARTIGOS ORIGINAIS