Excesso de peso gestacional e prática de aleitamento materno exclusivo entre mulheres de baixo nível socioeconômico
Palavras-chave:
Aleitamento materno, Obesidade, GravidezResumo
Objetivo
Investigar o impacto do excesso de peso gestacional na interrupção precoce do aleitamento materno exclusivo.
Métodos
Estudo longitudinal com binômios mãe-filho de baixo nível socioeconômico atendidos em Unidades de Saúde de Porto Alegre, Brasil. Foi aplicado questionário estruturado às mulheres no último trimestre de gestação com mensuração de peso. Seis meses após o parto ocorreu nova entrevista onde foram obtidos dados sobre prática alimentar da criança e a altura materna foi mensurada. O estado nutricional gestacional foi avaliado por meio do índice de massa corporal de acordo com a idade gestacional. Foi considerada interrupção precoce do aleitamento materno exclusivo a interrupção anterior aos 4 meses de vida da criança.
Resultados
Analisaram-se 619 binômios mãe-filho. A prevalência de excesso de peso no terceiro trimestre de gestação foi de 51%. A duração mediana do aleitamento materno exclusivo foi de 2,0 meses. Após análise ajustada, não foi identificado efeito do excesso de peso gestacional na interrupção precoce do aleitamento materno exclusivo. Em contrapartida, o tabagismo materno foi identificado como fator de risco (1,23, IC95%=1,13-1,35) para interrupção precoce do aleitamento materno exclusivo.
Conclusão
O excesso de peso materno não confirmou-se como fator de risco para interrupção precoce do aleitamento materno exclusivo. Contudo, as mulheres que se declararam fumantes apresentaram maior risco de interromper a prática do que aquelas que não fumavam. Isso reforça a necessidade de ações de saúde pública as quais promovam a cessação do tabagismo no período gestacional e no puerpério em virtude das consequências deletérias deste hábito à saúde materno-infantil.
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