Educação inclusiva e relações étnico-raciais: uma análise interseccional afrocentrada

Autores

DOI:

https://doi.org/10.24220/2318-0870v27e2022a5428

Palavras-chave:

Afrocentricidade, Estatuto da igualdade racial, Inclusão

Resumo

A população brasileira possui raízes e identidades étnico-raciais plurais, o que torna complexo e desafiador o alcance de princípios de equidade e igualdade racial. Embora “o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação” estejam assegurados pela Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, ao analisar o perfil cultural, social e econômico das pessoas negras, mais precisamente daquelas que portam Necessidades Educacionais Especiais, observa-se que o fenômeno da inclusão precisa driblar estereótipos pejorativos que as descrevem a partir de referenciais marginais que os invisibilizam socialmente. É nesta perspectiva que propomos, neste artigo, sistematizar a garantia de direitos previstos pela Lei nº 13.146/2015 – Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência –, a partir de uma crítica afrocêntrica explorando a necessidade de uma abordagem insterseccional propositiva, tendo o Estatuto da Igualdade Racial, promulgado pela Lei nº 12.288/2010, como dispositivo basilar de intersecção. Trata-se de uma reflexão, ainda no estado da arte, que nos possibilitou identificar e colocar em evidência os (des)caminhos do processo de inclusão da pessoa negra com Necessidades Educacionais Especiais na escola/sociedade.

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Publicado

2022-03-30

Como Citar

de Souza Freitas, A. ., Loze Grossi , G. ., & Costa de Melo, E. (2022). Educação inclusiva e relações étnico-raciais: uma análise interseccional afrocentrada. Revista De Educação PUC-Campinas, 27, 1–17. https://doi.org/10.24220/2318-0870v27e2022a5428

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