Geografia Anticolonial e a Pedagogia do Movimento
notas introdutórias sobre um diálogo possível
DOI:
https://doi.org/10.24220/2318-0870v28e2023a6936Palavras-chave:
Anticolonialismo, Colonialidade, Ensino de Geografia, Pensamento críticoResumo
O anticolonialismo tem se apresentado como aporte teórico e prático para a renovação do pensamento crítico nas ciências humanas em geral e tem sido incorporado às agendas de produção e pesquisa nas mais diversas áreas da ciência geográfica. Partindo de pressupostos anticapitalistas e anti-imperialistas, a teoria anticolonial busca evidenciar as continuidades e descontinuidades cotidianas da colonialidade como expressão da violência e do poder, próprias da reprodução capitalista. Nesse mesmo sentido, a Pedagogia do Movimento oferece um aporte teórico-metodológico que emerge do bojo das lutas de (re)existência pela/na terra de camponesas e camponeses organizados no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. No primeiro momento, debruça-se sobre os aspectos relacionados ao debate em torno da colonialidade e, no segundo momento, são evidenciados os traços gerais da Pedagogia do Movimento esboçando o diálogo com o anticolonialismo. Portanto, o presente trabalho tem o objetivo de estabelecer algumas notas introdutórias de um diálogo possível entre a Pedagogia do Movimento Sem-Terra e uma Geografia Anticolonial. A partir desse diálogo, buscar-se-á evidenciar elementos para a renovação e a construção de um ensino de Geografia anti-opressões, contra-hegemônico e para além do capital. Nesse sentido, a pesquisa evidenciou múltiplas outras possibilidades para uma construção teórico-metodológica de um ensino de Geografia crítico e anticolonial a partir das matrizes pedagógicas do Movimento.
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