Cotas raciais no Ensino Médio: processos de identificação e diálogo intercultural crítico
DOI:
https://doi.org/10.24220/2318-0870v21n3a3442Palavras-chave:
Ação afirmativa, Educação, Ensino Médio, Identificação, RacismoResumo
A implementação da reserva de vagas com componente racial no ensino médio da rede federal de educação, a partir da Lei nº 12.711/12, traz novas questões para a pesquisa acadêmica em torno da temática das ações afirmativas e do combate ao racismo na educação escolar. Considerando as especificidades da educação básica, este artigo discute os impactos da inclusão do viés racial em cotas para ingresso no nível médio do Colégio Pedro II, tradicional e valorizada instituição de ensino do Rio de Janeiro. Com base na perspectiva intercultural crítica - cuja apropriação é exposta em diálogo com Gayatri Spivak, Stuart Hall e Vera Candau - apresenta-se a síntese da problematização das entrevistas realizadas com gestores e professores do ensino médio nessa instituição, a respeito do novo quadro instaurado com as cotas raciais. A análise se constrói em dois eixos de interpretação: quanto às identificações dos alunos negros e quanto à promoção do diálogo intercultural crítico. Tomando também como referência estudos sobre ações afirmativas e racismo na Educação, desenvolvidos por autores como Antônio Sergio Guimarães, Kabengele Munanga e Nilma Lino Gomes, conclui-se pela relevância das ações afirmativas de viés racial também nesse nível de ensino, não apenas pela reparação histórica que oportunizam para a população negra do país, como ainda por favorecer a educação para as relações raciais de todos os sujeitos da escola.
Palavras-chave: Ação afirmativa. Educação. Ensino Médio. Identificação. Racismo.
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