Retorno às aulas presenciais (pós-) pandemia e o tempo escolar
qual o espaço para as heterogeneidades?
DOI:
https://doi.org/10.24220/2318-0870v30a2025e15077Palavras-chave:
Alfabetização, Ensino Fundamental, Escola pública, Escrita, LeituraResumo
O retorno às aulas presenciais, após o período do ensino não presencial, trouxe inúmeros desafios ao desenvolvimento do trabalho docente, especialmente no contexto dos anos iniciais do Ensino Fundamental, tendo em vista as especificidades que envolvem o processo de aprendizagem inicial da leitura e da escrita. Desse modo, este artigo, baseado em pressupostos autoetnográficos, tem como objetivo geral identificar as possíveis mudanças em uma escola pública municipal após o retorno às aulas presenciais, no alusivo às práticas de ensino direcionadas aos estudantes em processo de alfabetização e se desdobra em dois objetivos específicos: 1) descrever propostas didático-metodológicas desenvolvidas com estudantes do 3º ano e 2) analisar quais os espaços criados para o atendimento as heterogeneidades dos estudantes, a partir das experiências vivenciadas e dos planos de aulas construídos no decorrer do ano letivo de 2022. A turma com a qual as experiências compartilhadas se vinculam era composta por 21 estudantes com idade entre 8 e 9 anos, sendo que mais de cinquenta por cento ainda estavam em processo inicial de alfabetização. Por conseguinte, o trabalho desenvolvido pautou-se na busca de outras formas de se compreender os tempos de e na escola, com foco nos pressupostos da interdisciplinaridade e transversalidade dos conteúdos escolares e heterogeneidade das aprendizagens. Dadas essas circunstâncias, evidenciou-se a importância da criação de uma organização diferenciada da rotina escolar, que levasse em conta os diferentes ritmos de aprendizagem, a necessidade de escuta e consideração dos conhecimentos prévios das crianças, e a busca por espaços para o protagonismo infantil.
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