A monstruosidade do sagrado em Medeia, de Pasolini
DOI:
https://doi.org/10.24220/2447-6803v50a2025e15536Palavras-chave:
Medeia, Mito, Monstruosidade, Pasolini, SagradoResumo
Este artigo discute a abordagem de Pier Paolo Pasolini do mito e do sagrado no cinema e, no escopo de sua filmografia, de maneira particular, em Medeia de 1969, à luz de algumas teses do que se convencionou chamar de “monster theory”, da noção de infamiliar segundo Freud e sua recepção. Não é nosso objetivo, portanto, realizar uma comparação entre a tragédia original euripediana e sua transposição para o cinema. Tampouco será feita uma análise exaustiva do filme desde um ponto de vista semiótico ou da teoria do cinema. Nosso interesse recai sobre o reuso do mito e a retomada da religião, no seu aspecto hierôfanico, como crítica “profanadora” da contemporaneidade. Para isso, recorreremos aos comentários que Pasolini fez acerca da presença do sagrado em sua obra e a alguns comentadores, bem como à teoria dos monstros e outros aportes teóricos, buscando salvaguardar a autonomia do filme como expressão estética. Há de se manter isso presente para, ao fim e ao cabo, não soterrar a adaptação pasoliniana com construtos teóricos exógenos, mas, inclusive, perceber como o cinema pode tensionar o próprio aparato teórico.
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