De quem é a mão invisível? A captura da mão providencial de Deus no capitalismo
DOI:
https://doi.org/10.24220/2447-6803v49a2024e13002Palavras-chave:
Mão invisível, Mercado, Neoliberalismo, Progresso, ProvidênciaResumo
Nesse artigo, explorei a metáfora da mão invisível do mercado como forma secularizada da mão providencial de Deus. O trajeto realizado passa, primeiro, pela explicação da metáfora da mão de Deus que remete à ação providencial divina encontrada no Antigo e no Novo Testamento, e que serve como símbolo para o funcionamento do mundo na pré-modernidade. Em seguida, demonstro como o advento da modernidade substitui a necessidade da mão de Deus pelo novo ideal do progresso científico, onde o ser humano torna-se o agente central de seu futuro. Por fim, proponho que já na modernidade ocorre uma apropriação da mão de Deus dentro da lógica capitalista, por meio de Adam Smith e a mão invisível, mas que avançando para a contemporaneidade, a mão invisível transforma-se numa teologia da providência secularizada a partir do conceito de ordem espontânea do mercado em Friedrich Hayek.
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