Déficit estatural em crianças em idade escolar e em menores de cinco anos: uma análise comparativa

Autores

  • Glória Elizabeth Carneiro LAURENTINO Universidade Federal de Pernambuco
  • Ilma Kruze Grande de ARRUDA Universidade Federal de Pernambuco
  • Maria Cristina Falcão RAPOSO Universidade Federal de Pernambuco
  • Malaquias BATISTA FILHO Instituto Materno Infantil de Pernambuco

Palavras-chave:

criança, déficit estatural, nanismo nutricional, saúde escolar

Resumo

Objetivo
Investigar se a ocorrência de déficit estatural em crianças em idade escolar seria semelhante à encontrada em menores de cinco anos, em termos de prevalência e de alguns fatores de risco.

Métodos
A amostra foi constituída de 894 crianças em idade escolar (entre seis e doze anos) e de 2.078 crianças menores de cinco anos. Adotou-se o teste c2 de associação de Pearson para testar, em cada um dos grupos estudados, a associação entre o déficit estatural e os possíveis fatores de risco. Utilizou-se o teste de igualdade de proporções para verificar as diferenças das prevalências de déficit estatural em cada grupo de idade e ajustou-se um modelo multivariado explicativo do déficit estatural em menores de cinco anos.

Resultados
Considerando o total da amostra, a proporção de déficit estatural entre crianças em idade escolar (16,9%) foi significativamente maior, quando se comparou com o valor percentual (12,1%) obtido entre os menores de cinco anos. O modelo multivariado indicou que o déficit estatural da criança em idade escolar, a renda per capita, a escolaridade e a idade materna foram os fatores que melhor explicaram o déficit estatural das crianças menores de cinco anos.

Conclusão
Nas áreas urbanas do Estado de Pernambuco, o indicador altura/idade pode ser indicativo de colinearidade entre crianças em idade escolar e menores de cinco anos. A ocorrência de déficit estatural na criança em idade escolar foi o principal fator preditivo do déficit estatural no irmão menor de cinco anos.

Referências

Tanner JM. A History of the study of human growth. Cambridge: Cambridge Universty Press; 1981.

Habicht JP, Martorell R, Yarbrough C, Malina RM, Klein RE. Height and weight standards for preschool children: how relevant are ethnic differences in growth potencial? Lancet. 1974; 1:611-5.

Giugliani ER. Baixa estatura: um mal da sociedade brasileira. J Pediatr. 1994; 70(5):261-2.

Rissin A. Estado nutricional de crianças menores de cinco anos: uma análise epidemiológica no Brasil e, especialmente no Nordeste, como referência para a fundamentação de programas de intervenção nutricional. Recife, 1997 [dissertação]. Recife: Instituto Materno Infantil de Pernambuco; 1997.

França Júnior I, Silva GR, Monteiro CA. Tendência secular da altura na idade adulta de crianças nascidas na cidade de São Paulo entre 1950 e 1976. Rev Saúde Pública. 2000; 34(Supl 6):102-7.

Waterlow JC. Observations on the natural history of stunting. In: Linear growth retardationin less Developer countries. New York: Nestlé; 1988. Nutrition Workshop series nº 14.

Waterlow JC. Protein-energy malnutrition the nature and extint of the problem. Clin Nutr. 1997; 16(Suppl 1):3-9.

Monteiro CA, Torres AM. Can secular trendes in child growth be estimated from a single cross sectional survey? Br Med J. 1992; 305(6857): 797-9

Organización Panamericana de la Salud. Vigilancia Alimentaria y Nutricional in las Americas. Indicadores Nutricionales en los sistemas de vigilancia alimentaria y nutricional. Washington (DC); 1989. OPS. Publicación Científica nº 516.

Carvalho AT, Costa MJC, Ferreira LOC, Batista Filho M. Retardo estatural em escolares na Paraíba: variações de gênero e idade nas quatro mesorregiões fisiográficas do Estado. Rev IMIP. 1998; 12:24-9.

Carvalho AT, Costa MJC, Ferreira LOC, Batista Filho M. Cartografia do retardo estatural em escolares do Estado da Paraíba, Brasil. Rev Saúde Pública. 2000; 34(1):3-8.

Monteiro CA. Coleta e análise da altura dos alunos ingressantes nas escolas de primeiro grau do país: uma proposta para um sistema nacional de acompanhamento do estado de saúde e nutrição da população. J Pediatr. 1989; 65:89-92.

Valverde V, Rojas Z, Vinocur P, Payne P, Thompson A. Organization of an information system for food and nutritional programmes in Costa Rica. Food Nutr Bull. 1981; 7(1):32-40.

Valverde V, Delgado H, Flores S, Sibrian R, Palmieri M. The school as a source for food and nutrition surveillance systems in Central America and Panama. Food Nutr Bull. 1985; 7:32-7.

Valverde V, Delgado H, Flores S, Sibrian R, Palmieri M. Uses and constrainsts of school children’s height data for planning purposes: national experiences in Central America. Food Nutr Bull. 1986; 8:42-8.

Parillon CD, Valverde V, Delgado H, Newman B. Distribuición politico administrativa del estado nutricional segun el censo de talla de ninõs escolares del primer grado en Panama. Arch Latinoam Nutr. 1988; 38(1):42-54.

Mondini L, Monteiro CA, Lei DLM, Cordelini S. A coleta da altura de alunos ingressantes nas escolas de primeiro grau em um sistema de vigilância nutricional: qualidade dos dados e análise de custo em dois municípios brasileiros. J Pediatr. 1994; 70(5):267-72.

Guerra VMCO, Oliveira AA, Souza MER, Dantas MJBL, Sá MLB, Girão MSN. Primeiro censo estadual de altura/idade dos escolares de primeira série do ensino fundamental. Fortaleza: Secretaria Estadual de Educação; 1993.

Rivera F, Rivera MA, Leitão S, Carvalho A, Moura HJ, Benígna MJ, et al. A desnutrição crônica por municípios nos estudantes da primeira série do primeiro grau da sétima região educacional do Estado da Paraíba. Rev Nutr. 1994; 7(2):113-31.

Piauí. Secretaria de Educação e Cultura. Fundação de Amparo ao Estudante. Primeiro censo estadual de altura/idade dos escolares de primeira série do ensino fundamental do Estado do Piauí. Teresina: A Secretaria; 1993.

Batista Filho M & Romani SAM, organizadores. Alimentação, nutrição e saúde no Estado de Pernambuco. Recife: Instituto Materno Infantil de Pernambuco; 2002. Série Publicações Científicas nº 7.

Laurentino GEC. Prevalência da desnutrição em crianças menores de 5 anos, do Estado de Pernambuco e sua relação com alguns fatores de risco-1997 [dissertação]. Recife: Departamento de Nutrição, Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco; 1997.

World Health Organization. Use and interpretation of anthropometric indicators of nutritional status. Bull World Health Organ. 1986; 64(6):929-41.

Brasil. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio-PNAD [CD-room]. Rio de Janeiro: IBGE; 2002.

Carvalho AT. Nanismo em escolares do Estado da Paraíba: uma abordagem ecológica [dissertação]. Recife: Instituto Materno Infantil de Pernambuco; 1997.

Benício MHD’A, Monteiro CA. Desnutrição infantil nos municípios brasileiros: risco de ocorrência. São Paulo: NUPENS/USP; 1997.

Batista Filho M, Rissin A. A transição nutricional no Brasil: tendências regionais e temporais. Cad Saúde Pública. 2003; 19(Supl 1):S181-91.

Reichenheim ME, Harpham T. Perfil Intracomunitário da deficiência nutricional: estudo de crianças abaixo de cinco anos numa comunidade de baixa renda do Rio de Janeiro (Brasil). Rev Saúde Pública. 1990; 24(1):69-79.

Sousa FJP. Determinantes socioeconômicos da desnutrição infantil no Estado do Ceará [dissertação]. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará; 1991.

Onis M, Frongillo EA, Blossner M. Is malnutrition declining? An analysis of changes in levels of child malnutrition since 1980. Bull World Health Organ. 2000; 78(10):1222-33.

Downloads

Publicado

19-09-2023

Como Citar

Carneiro LAURENTINO, G. E. ., Grande de ARRUDA, I. K., Falcão RAPOSO, M. C. ., & BATISTA FILHO, M. . (2023). Déficit estatural em crianças em idade escolar e em menores de cinco anos: uma análise comparativa. Revista De Nutrição, 19(2). Recuperado de https://periodicos.puc-campinas.edu.br/nutricao/article/view/9777

Edição

Seção

ARTIGOS ORIGINAIS