Fatores de risco de anemia em lactentes matriculados em creches públicas ou filantrópicas de São Paulo

Autores

  • Tulio KONSTANTYNER Universidade Federal de São Paulo
  • José Augusto de Aguiar Carrazedo TADDEI Universidade Federal de São Paulo
  • Domingos PALMA Universidade Federal de São Paulo

Palavras-chave:

anemia, creches, fatores de risco, lactente

Resumo

Objetivo
Identificar e quantificar os fatores de risco de anemia em lactentes matriculados em creches públicas ou filantrópicas no município de São Paulo e discutir o impacto das ações da creche no controle desta carência nutricional específica.

Método
Estudo seccional compreendendo 212 lactentes de duas creches públicas e três filantrópicas. Foram realizadas entrevistas com as mães, coleta de sangue por punção digital e antropometria. Considerou-se como anemia, hemoglobina inferior a 11g/dL. Foi ajustado um modelo de regressão logística para fatores de risco entre grupos de lactentes com e sem anemia.

Resultados
A prevalência de anemia foi de 51,9%. O modelo logístico final foi composto por 4 variáveis: presença de 1 ou mais irmãos menores que 5 anos (Odds Ratio=2,57; p=0,005); estar freqüentando creche de administração exclusivamente pública (Odds Ratio=2,12; p=0,020); uso de aleitamento materno exclusivo inferior a 2 meses (Odds Ratio=1,88; p=0,044), e idade inferior a 15 meses (Odds Ratio=2,32; p=0,006).

Conclusão
Concluiu-se que a alta prevalência de anemia evidencia a ineficiência das creches estudadas para controlar e prevenir esta carência nutricional; portanto, cabe ao planejador de saúde considerar os riscos de anemia identificados e quantificados quando da elaboração de programas de controle e prevenção. 

Referências

Brasil. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Censo escolar 2005 [banco de dados na Internet]. Brasília [citado 17 jan 2006]. Disponível em: http://www.inep.gov.br/basica/censo/Escolar/resultados.htm

Palma D, Oliva CAG, Taddei JAAC, Fagundes Neto U. Diarréia aguda: perdas hídricas fecais em lactentes hospitalizados e sua correlação com agentes etiológicos e a presença de lactose na dieta. Arq Gastroenterol. 1997; 34(3):186-95.

Suárez Ojeda EN. El enfoque de riesgo en la atención perinatal y materno-infantil. Bol Of San Panam. 1982; 92(6):482-93

Torres MAA, Sato K, Queiroz SS. Anemia em crianças menores de dois anos atendidas nas unidades básicas de saúde no estado de São Paulo. Rev Saúde Pública. 1994; 28(4):290-4.

Monteiro CA, Szarfarc SC, Mondini L. Tendência secular da anemia na infância na cidade de São Paulo (1984-1996). Rev Saúde Pública. 2000; 34(6): 19-25.

Almeida CAN, Ricco RG, Del Ciampo LA, Souza AM, Pinho AP, Dutra de Oliveira JE. Factors associated with iron deficiency anemia in Brazilian preschool children. J Pediatr (Rio J). 2004; 80(3): 229-34.

Santos I, César JA, Minten G, Valle N, Neumann NA, Cercato E. Prevalência e fatores associados à anemia entre menores de seis anos de idade em Pelotas, RS. Rev Bras Epidemiol. 2004; 7(4): 403-15.

Machado EHS, Brasil ALD, Palma D, Taddei JAAC. Condição nutricional e prevalência de anemia em crianças matriculadas em creches beneficentes. Rev Paul Pediatria. 2005; 23(1):21-6.

Queiroz SS, Torres MAA. Anemia ferropriva na infância. J Pediatr (Rio J). 2000; 76(Supl 3): S298-S304.

Tantracheewathorn S, Lohajaroensub S. Incidence and risk factors of iron deficiency anemia in term infants. J Med Assoc Thai. 2005; 88(1):45-51.

Lozoff B, Wolf AW, Jimenez E. Iron-deficiency anemia and infant development: effects of extended oral iron therapy. J Pediatr. 1996; 129(3):382-9.

Batista Filho M. Da fome à segurança alimentar: retrospecto e visão prospectiva. Cad Saúde Pública. 2003; 19(4):872-3.

Beghin I, Cap M, Dujardin B. A guide to nutritional assessment. Geneva: WHO; 1988.

Rosemblit J, Abreu CR, Szterling LN, Kutner JM, Hamerschalak N, Frutuoso P, et al. Evaluation of three methods for hemoglobin measurement in blood donor setting. Rev Paul Med. 1999; 117(3): 108-12.

De Maeyer EM. Preventing and controlling iron deficiency anaemia through primary health care. Geneva: WHO; 1989.

Word Health Organization. Physical status: the use and interpretation of anthropometry. Geneva; 1995. Technical Report Series, 854.

Dean AG, Arner TG, Sangam S, Sunki GG, Friedman R, Lantinga M, et al. Epi Info 2000, a database and statistics program for public health professionals for use on Windows 95, 98, NT, and 2000 computers. Atlanta, GA: Centers for Disease Control and Prevention; 2000.

Osório MM, Lira PI, Ashworth A. Factors associated with Hb concentration in children aged 6-59 months in the State of Pernanbuco, Brazil. Br J Nutr. 2004; 91(2):307-15.

Brunken GS, Guimarães LV, Fisberg M. Anemia em crianças de creches públicas. J Pediatr (Rio J). 2002; 78(1):50-6.

Devincenzi MU, Colugnati FA, Sigulem DM. Protective factors for iron deficiency anemia: prospective study in low-income infants. Arch Latinoam Nutr. 2004; 54(2):174-9.

Spinelli MGN, Marchioni DML, Souza JMP, Souza SB, Szarfarc SC. Fatores de risco para anemia em crianças de 6 a 12 meses no Brasil. Rev Panam Salud Publica. 2005; 17(2):84-91.

Silva LSM, Giugliani ELJ, Aerts DRGC. Prevalência e determinantes de anemia em crianças de Porto Alegre, RS, Brasil. Rev Saúde Pública. 2001; 35(1):66-73.

Hadler MCCM, Juliano Y, Sigulem DM. Anemia do lactente: etiologia e prevalência. J Pediatr (Rio J). 2002; 78(4):321-6.

Assis AMO, Barreto ML, Gomes GSS, Prado MS, Santos NS, Santos LMP, et al. Childhood anemia prevalence and associated factors in Salvador, Bahia, Brazil. Cad Saúde Pública. 2004; 20(6): 1633-41.

Dewey KG, Cohen RJ, Rivera LL, Brown KH. Effects of age of introduction of complementary foods on iron status of breast-fed infants in Honduras. Am J Clin Nutr. 1998; 67(5):878-84.

Oliveira MAA, Osório MM. Consumo de leite de vaca e anemia ferropriva na infância. J Pediatr (Rio J). 2005; 81(5):361-7.

Taddei JAAC, Cannon MJ, Warner L, Souza PC, Vitalle S, Palma D, et al. Nutritional gains of underprivileged children attending a day care center in São Paulo City, Brazil: a nine month follow-up study. Rev Bras Epidemiol. 2000; 3(1/3): 29-37.

Silva EMK, Goihman S, Nóbrega FJ. Implantação do programa assistencial de saúde em creches no município de Embu (1985-7). Rev Bras Saúde Esc. 1996; 4(1/2):43-50.

World Health Organization. Iron deficiency anaemia - assessment, prevention and control: a guide for programme managers. Geneva; 2001.

Freire WB. Strategies of the Pan American Health Organization/World Health Organization for the control of iron deficiency in Latin America. Nutr Rev. 1997; 55(6):183-8.

Downloads

Publicado

14-09-2023

Como Citar

KONSTANTYNER, T. ., de Aguiar Carrazedo TADDEI, J. A., & PALMA, D. . (2023). Fatores de risco de anemia em lactentes matriculados em creches públicas ou filantrópicas de São Paulo. Revista De Nutrição, 20(4). Recuperado de https://periodicos.puc-campinas.edu.br/nutricao/article/view/9690

Edição

Seção

ARTIGOS ORIGINAIS