Aleitamento materno e níveis de hemoglobina em crianças menores de 2 anos em município do estado de São Paulo, Brasil
Palavras-chave:
aleitamento materno, anemia, fisiologia da nutrição do lactente, hemoglobinasResumo
Objetivo
Avaliar a relação entre aleitamento materno e níveis de hemoglobina em crianças menores de 2 anos residentes na cidade de Itupeva, SP, Brasil.
Métodos
Estudo transversal de base populacional, realizado em amostra representativa de 254 crianças menores de 2 anos, selecionadas aleatoriamente na área urbana de Itupeva, SP, por procedimento de amostragem por conglomerados em 3 etapas. O aleitamento materno foi classificado utilizando-se as recomendações da Organização Mundial da Saúde e a hemoglobina foi determinada em hemoglobinômetro portátil (HemoCue). Para o diagnóstico, utilizou-se o ponto de corte de 11,0g/dL.
Resultados
A prevalência de anemia foi de 41,7%. Anemia foi mais freqüente entre os menores de 6 meses que não se encontravam em aleitamento materno (p<0,05). As médias de hemoglobina das crianças em aleitamento materno também se mostraram significantemente mais elevadas entre os menores de 6 meses (p<0,05). Nessa mesma faixa etária, a média de hemoglobina das crianças em aleitamento materno exclusivo e predominante foi significantemente maior do que a observada nas crianças em alimentação artificial (12,30g/dL versus 10,99g/dL; p=0,022).
Conclusão
Os resultados encontrados sugeriram que a substituição parcial ou total do leite materno antes dos seis meses de idade associa-se com diminuição dos níveis médios de hemoglobina. A alta prevalência de anemia e o baixo percentual de crianças em aleitamento materno exclusivo chamam atenção para a necessidade do controle dessa deficiência nutricional no município e para a promoção do aleitamento materno exclusivo até os seis meses.
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