Avaliação in vivo da qualidade protéica do champignon do Brasil (Agaricus brasiliensis Wasser et al.)
Palavras-chave:
Agaricus brasiliensis, Dietas experimentais, Avaliação nutricional protéicaResumo
Objetivo
O trabalho aqui descrito trata da avaliação de uma dieta experimental contendo Champingnon do Brasil (Agaricus brasiliensis) como fonte de proteína em um modelo experimental de ratos.
Métodos
Para este propósito, foram selecionados 24 ratos Wistar machos, recém desmamados (21 dias) divididos em 3 grupos de 8 animais cada, que foram alimentados com uma dieta padrão de caseína, ou com uma dieta experimental de proteína de Agaricus brasiliensis ambas contendo 10% de proteína e isoenergéticas ou ainda, com uma dieta com muito baixo teor de proteína. O ensaio biológico foi realizado em 28 dias, ao longo dos quais se determinou a concentração de nitrogênio na urina e nas fezes, além dos cálculos do Quociente de Eficiência Alimentar (ganho de peso dividido pelo consumo de dieta), do Quociente de Eficiência Protéica (ganho de peso dividido pelo consumo de proteína), da Razão Protéica Líquida (ganho de peso corrigido dividido pelo consumo de proteína) e da Digestibilidade Verdadeira.
Resultados
Os resultados demonstraram que quando o Champignon do Brasil foi utilizado como fonte exclusiva de proteína na dieta, os índices de qualidade protéica apresentaram-se baixos (Quociente de Eficiência Alimentar=0,08, Quociente de Eficiência Protéica=0,92 e Razão Protéica Líquida=3,00), quando comparados com a dieta padrão caseína (Quociente de Eficiência Alimentar=0,30, Quociente de Eficiência Protéica=3,05 e Razão Protéica Líquida=4,21). Os índices obtidos para o grupo Agaricus mostraram-se comparáveis àqueles apresentados por alguns tipos de proteína vegetal e podem ser explicados por sua limitação em aminoácidos essenciais, notadamente a lisina e a leucina, respectivamente primeiro e segundo aminoácido limitante.
Conclusão
Os dados apontam para a utilização da proteína do Agaricus brasiliensis como uma boa fonte para complementação protéica, quando combinada com outras culturas vegetais comuns na dieta típica brasileira.
Referências
Chang ST, Miles PG. Edible mushrooms and their cultivation. Boca Raton: CRC Press; 1989.
Wasser PS, Weis AL. Medicinal properties of substances occurring in higher Basidiomycetes mushrooms: current perspectives (Review). Int J Med Mushrooms. 1999; 1(1):31-62.
Wasser PS, Didukh MY, Amazonas MALA, Nevo E, Stamets P, Eira AF. Is a widely cultivated culinarymedicinal Royal Sun Agaricus (the Himematsutake mushroom) indeed Agaricus blazei Murrill? Int J Med Mushrooms. 2005; 7(3):507-511.
Kawagishi H, Inagaki R, Kanao T, Mizuno T. Fractionation and antitumor activity of the water-insoluble residue of Agaricus blazei fruiting bodies. Carbohyd Res. 1989; 186(3): 267-73.
Mizuno M, Morimoto M., Minato K-I, Tsuchida H. Polysaccharides from Agaricus blasei stimulate lymphocyte T-cell subsets in mice. Biosci Biotechnol Biochem. 1998; 62(3):434-7.
Ito H, Shimura K, Itoh H, Kawade M. Antitumor effects of a new polysaccharide-protein complex (ATOM) prepared from Agaricus blazei (Iwade strain 101) ‘Himematsutake’ and its mechanisms in tumor-bearing mice. Anticancer Res. 1997; 17(3A):277–84.
Stamets P. Call it Himematsutake or call it the Almond Portobello: it’s special. Mushroom J. 2000; 18(3):10-3.
Stijve T, Amazonas MALA. Agaricus blazei Murrill, un nouveau champignon gourmet et medicament qui nous vient du Brésil. Misc Mycol. 2001; 69(1): 41-7.
Stijve T, Amazonas MALA. L’Agaric royal: culture, goût et santé! Champignons Magazine. 2002; 30(1):26-7.
Stijve T, Amazonas MALA, Giller V. Flavour and taste components of Agaricus blazei ss. Heinem. A New Gourmet and Medicinal Mushroom. Dtsch Lebensm Rundsch. 2002; 98(12):448-53.
Miles PG, Chang ST. Mushroom biology: concise basics and current developments. Singapore: World Scientific; 1997.
Chang S-T, Mshigeni KE. Mushrooms and human health: their growing significance as potent dietary supplements. Namibia: University of Namibia, 2001.
Dabbour, IR, Takruri HR. Protein digestibility using corrected amino acid score method (PDCAAS) of four types of mushrooms grown in Jordan. Plant Foods Hum Nutr. 2002; 57(1):13-24.
Schaafsma, G. The protein digestibility-corrected amino acid score (PDCAAS): a concept for describing protein quality in foods and food ingredients: a critical review. J AOAC Intern. 2005; 88(3):988-94.
Reeves PG, Nielsen FH, Fahey GC. AIN-93 purified diets for laboratory rodents: final report of the American Institute of Nutrition Ad Hoc Writing Committee on the reformulation of the AIN-76A rodent diet. J Nutr. 1993; 123(11):1939-51.
Association of Official Analytical Chemists. Official Methods of Analysis. 16th ed. Washington (DC); 1995.
Voragen F, Beldman G, Schols H. Chemistry and enzymology of pectins. In: McCleary V, Prosky L. Advanced dietary fibre technology. London: Blackwell Science; 2001. p.379-98.
Bender AE, Doell BH. Note on the determination of net protein utilization by carcass analysis. Brit J Nutr. 1957; 11(1):138-43.
Henley EC, Kuster JM. Protein quality evaluation by protein digestibility-corrected amino acid scoring. Food Technol. 1994; 4(1):74-7.
Fujihara S, Kasuga A, Aoyagi Y, Sugahara T. Nitrogen-to-protein conversion factors for some common edible mushrooms. J Food Sci. 1995;
(5):1045-7. 21. Sgarbieri VC. Alimentação e nutrição: fator de saúde e desenvolvimento. São Paulo: Almed; 1987.
Braga LGT, Lopes DC, Costa NMB, Pereira JS, Teixeira MP. Uso de ratos de laboratório para determinar o valor nutritivo do milho em diversos níveis de carunchamento. R Bras Zootec. 2003; 32(2):331-6.
Glória EC, Almeida NAV, Costa ASV, Junior EH, Martins SL, Paula H, et al. Avaliação protéica de uma nova multimistura com base no milho QPM 473. Rev Nutr. 2004; 17(3):379-85.
Dabbour IR, Takruri HR. Protein quality of four types of edible mushrooms found in Jordan. Plant Foods Hum Nutr. 2002; 57(1):1-11.
Pires CV, Oliveira, MGA, Rosa, JC, Costa NMB. Qualidade nutricional e escore químico de aminoácidos de diferentes fontes protéicas. Ciênc Tecnol Aliment. 2006; 26(1):179-87.
Pereira CAS, Costa NMB. Proteínas do feijão preto sem casca: digestibilidade em animais convencionais e isentos de germes (germ-free). Rev Nutr. 2002; 15(1):5-14.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Gilberto Simeone HENRIQUES, Maria Lúcia Ferreira SIMEONE, Maria Angela Lopes de Almeida AMAZONAS

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.