Suprimento de micronutrientes, adequação energética e progressão da dieta enteral em adultos hospitalizados
Palavras-chave:
Adulto, Dietoterapia, Nutrição enteral, Terapia nutricionalResumo
Objetivo
Avaliar a adequação da dieta enteral, em termos de micronutrientes e energia e identificar fatores interferentes na progressão da dieta enteral prescrita a adultos hospitalizados em um hospital geral de alta complexidade.
Métodos
Entre junho de 2004 e maio de 2005, adultos internados em um hospital de alta complexidade do sul do Brasil foram avaliados quanto às suas características clínicas e da prescrição da nutrição enteral. As características da nutrição enteral foram avaliadas e comparadas às recomendações diárias de ingestão, obtendo-se o percentual de adequação de nutrientes prescritos na dieta enteral em relação aos valores de recomendação para cada paciente. Os fatores associados à prescrição de energia foram identificados por meio de Regressão Linear Múltipla.
Resultados
Foram acompanhados 230 pacientes em uso de nutrição enteral. As recomendações diárias foram alcançadas satisfatoriamente para vitaminas hidrossolúveis (exceto ácido fólico), lipossolúveis (exceto vitamina D) e minerais (exceto cálcio). Em média, as prescrições iniciais de nutrição enteral ofereceram 24,0kcal/kg/dia (desvio-padrão=10,8, e valores mínimo e máximo de 4,3 a 69,2), e progrediram até 28,4kcal/kg/dia (desvio-padrão=11,8, valores mínimo e máximo de 1,4 a 69,2). A recomendação de 25 a 35kcal/kg/dia foi prescrita para 32,6% dos pacientes. Para 15,7% dos pacientes foram prescritas acima de 40kcal/kg/dia. Somente o índice de massa corporal e o número de dias de hospitalização, ajustados para a quantidade de energia já inicialmente prescrita, associaram-se de forma independente à prescrição energética final.
Conclusão
Pequena proporção das prescrições esteve adequada em relação à quantidade de energia, e a progressão da dieta enteral ocorreu independentemente das características clínicas dos pacientes.
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