Estado nutricional e capacidade funcional na úlcera por pressão em pacientes hospitalizados
Palavras-chave:
Capacidade residual funcional, Desnutrição, Pacientes hospitalizados, Úlcera por pressãoResumo
Objetivo
Correlacionar a incidência de úlcera por pressão com o estado nutricional e a capacidade funcional de pacientes internados.
Métodos
Estudo de corte transversal realizado em dois hospitais, totalizando 130 pacientes (idade mediana = 52 (14-85) anos, 77 (59,2%) homens e 53 (40,8%) mulheres), sendo 72 (55,4%) internados para tratamento clínico, 40 (30,8%) para tratamento cirúrgico e 18 (13,8%) em terapia intensiva. Os pacientes foram avaliados pela avaliação subjetiva global e classificados, de acordo com sua capacidade funcional, em acamados e não acamados. Registrou-se a presença e número de úlceras, e sua gravidade. A classificação das úlceras foi estabelecida como grave, para lesões de 3º e 4º graus, e leve, para os graus 1 e 2.
Resultados
A incidência de úlcera por pressão na população estudada foi de 19,2% (n=25). Não houve associação significativa com o sexo, a idade e tipo de tratamento do paciente. Os pacientes acamados apresentaram 7,5 vezes mais chance de apresentar úlceras (19/50; 38,0%) do que os que deambulavam (6/80; 7,5%; OR=7,5; IC95%: 2,7-20,7; p<0,001). A incidência de úlcera nos pacientes gravemente desnutridos (20/49; 40,8%) foi 10 vezes maior que nos pacientes considerados não gravemente desnutridos (5/81; 6,1%; OR=10,4 IC95%: 3,6-30,5; p<0,0001) Pela análise multivariada, tanto a capacidade funcional (acamado, OR=9,2; IC95%: 2,8-30,1; p<0,001) quanto o estado nutricional (desnutrido grave, OR=3,8; IC95%: 1,0-13,9; p=0,04) associaram-se com a úlcera por pressão.
Conclusão
A incidência de úlcera por pressão está diretamente correlacionada com a desnutrição e com a restrição ao leito dos pacientes internados.
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