Validade relativa de um questionário de freqüência alimentar para utilização em adultos
Palavras-chave:
Epidemiologia nutricional, Inquéritos sobre dietas., Métodos, QuestionárioResumo
Objetivo
Validar um questionário semiquantitativo de freqüência alimentar para avaliar a ingestão dietética de adultos na cidade de Viçosa, Minas Gerais.
Métodos
Noventa e quatro adultos de ambos os sexos e representando diferentes níveis educacionais. Como método de referência para o estudo de validação, quatro recordatórios 24 horas foram usados com intervalos de um mês. Um questionário semiquantitativo de freqüência alimentar constituído de 58 itens alimentares foi aplicado no final do estudo. Os dados dietéticos foram calculados pelo software Diet Pro e analisados segundo diferenças de médias e estimativas de correlação de Pearson, ajustados pela energia e corrigidos pela variância intrapessoal, bem como pela classificação cruzada dos métodos.
Resultados
Diferenças de médias ou medianas dos nutrientes obtidos pela aplicação das metodologias referidas revelaram subestimação no questionário semiquantitativo de freqüência alimentar de micronutrientes (vitamina C, retinol e cálcio). Porém, quando avaliados pelas estimativas de correlação e corrigidos pela variância esses micronutrientes apresentaram valores adequados. Lipídio foi o único nutriente que indicou baixa consistência na avaliação dietética entre os métodos (r=0,33); e os demais nutrientes apresentaram resultados variáveis de correlação (r=0,40 a r=0,76), com média de r=0,52. A análise da correta classificação conferiu uma concordância não perfeita, mas aceitável entre os métodos.
Conclusão
O questionário semiquantitativo de freqüência alimentar apresentou aceitável desempenho na avaliação do consumo alimentar habitual da maioria dos nutrientes pela população estudada. O questionário em estudo poderá ser adaptado e utilizado em outras populações, mas novo estudo de validação se faz necessário se as características da população forem diferentes.
Referências
Willett W. Nutritional epidemiology. 2nd ed. New York: Oxford University Press; 1998.
Margetts BM, Nelson M. Design concepts in nutritional epidemiology. 2nd ed. Oxford; University Press; 1997.
Crispim SP, Franceschini SCC, Priore SE, Fisberg RM. Validação de inquéritos dietéticos: uma revisão. Nutrire Rev Soc Bras Aliment Nutr. 2003; 26(10) 27-41.
Molag ML, Vries JH, Ocke MC, Dagnelie PC, van den Brandt PA, Jansen MC, et al. Design characteristics of food frequency questionnaires in relation to their validity. Am J Epidemiol. 2007; 166(12):1468-78.
Beaton GH. Approaches to analysis of dietary data: relationship between planned analyses and choice of methodology. Am J Clin Nutr. 1994; 59(1 Suppl): 253S-61S.
Block G, Hartman AM. Issues in reproducibility and validity of dietary studies. Am J Clin Nutr. 1989; 50(5 Suppl):1133-8; discussion 231-5.
Lopez J. Validez de la evaluación de la ingesta dietética. In: Majem L, Bartrina J, Verdu J, editores. Nutrición y salud pública Métodos, bases científicas y aplicaciones. Barcelona: Masson; 1995. p.132-6.
Dwyer J. Avaliação dietética. In: Shills ME, Olson JA, Shike M, editores. Tratado de nutrição moderna na saúde e na doença. São Paulo: Manole; 2003. p.937-59.
Sales RL, Silva MMS, Costa NMB, Euclydes MP, Eckhardt VF, Rodrigues CMA, et al. Desenvolvimento de um inquérito para avaliação da ingestão alimentar de grupos populacionais. Rev Nutr. 2006; 19(5)39-52.
Cade J, Thompson R, Burley V, Warm D. Development, validation and utilisation of food-frequency questionnaires: a review. Public Health Nutr. 2002; 5(4):567-87.
Carter RL, Sharbaugh CO, Stapell CA. Reliability and validity of the 24-hour recall. J Am Diet Assoc. 1981; 79(5):542-7.
Karvetti RL, Knuts LR. Validity of the 24-hour dietary recall. J Am Diet Assoc. 1985; 85(11):1437-42.
Thompson FE, Byers T. Dietary assessment resource manual. J Nutr. 1994; 124(11Suppl):2245S-317S.
Zabotto C, Viana R, Gil M. Registro fotográfico para inquéritos dietéticos: utensílios e porções. Goiânia: UFG; 1996.
Pinheiro A, Lacerda E, Benzecry E, Gomes M, Costa V. Tabela para avaliação de consumo alimentar em medidas caseiras. Rio de Janeiro: UFRJ; 1994.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estudo nacional da despesa familiar: tabela de composição química. 4a. ed. Rio de Janeiro: IBGE;1996.
United States Department of Agriculture. Nutrient database for standard reference. Beltsville (MD); 1998.
Willett W, Stampfer MJ. Total energy intake: implications for epidemiologic analyses. Am J Epidemiol. 1986; 124(1):17-27.
Liu K, Stamler J, Dyer A, McKeever J, McKeever P. Statistical methods to assess and minimize the role of intra-individual variability in obscuring the relationship between dietary lipids and serum cholesterol. J Chronic Dis. 1978; 31(6/7):399-418.
Beaton GH, Milner J, Corey P, McGuire V, Cousins M, Stewart E, et al. Sources of variance in 24-hour dietary recall data: implications for nutrition study design and interpretation. Am J Clin Nutr. 1979; 32(12):2546-59.
Beaton GH, Milner J, McGuire V, Feather TE, Little JA. Source of variance in 24-hour dietary recall data: implications for nutrition study design and interpretation. Carbohydrate sources, vitamins, and minerals. Am J Clin Nutr. 1983; 37(6):986-95.
Bohlscheid-Thomas S, Hoting I, Boeing H, Wahrendorf J. Reproducibility and relative validity of energy and macronutrient intake of a food frequency questionnaire developed for the German part of the EPIC project: European prospective investigation into cancer and nutrition. Int J Epidemiol. 1997; 26(Suppl 1):S71-81.
Rodriguez MM, Mendez H, Torun B, Schroeder D, Stein AD. Validation of a semi-quantitative foodfrequency questionnaire for use among adults in Guatemala. Public Health Nutr. 2002; 5(5):691-9.
Fraser GE, Shavlik DJ. Correlations between estimated and true dietary intakes. Ann Epidemiol. 2004; 14(4):287-95.
Sempos CT, Johnson NE, Smith EL, Gilligan C. Effects of intraindividual and interindividual variation in repeated dietary records. Am J Epidemiol. 1985; 121(1):120-30.
Basiotis PP, Thomas RG, Kelsay JL, Mertz W. Sources of variation in energy intake by men and women as determined from one year’s daily dietary records. Am J Clin Nutr. 1989; 50(3):448-53.
Sichieri R, Everhart J. Validity of a brazilian food frequency questionnaire against dietary recalls and estimated energy intake. Nutr Res. 1998; 18(10): 1649-59.
Fornes NS, Stringhini ML, Elias BM. Reproducibility and validity of a food-frequency questionnaire for use among low-income Brazilian workers. Public Health Nutr. 2003; 6(8):821-7.
Hernandez-Avila M, Romieu I, Parra S, HernandezAvila J, Madrigal H, Willett W. Validity and reproducibility of a food frequency questionnaire to assess dietary intake of women living in Mexico City. Salud Pública de México. 1998; 40(2):133-40.
Pisani P, Faggiano F, Krogh V, Palli D, Vineis P, Berrino F. Relative validity and reproducibility of a food frequency dietary questionnaire for use in the Italian EPIC centres. Int J Epidemiol. 1997; 26(Suppl 1):S152-60.
Kroke A, Klipstein-Grobusch K, Voss S, Moseneder J, Thielecke F, Noack R, et al. Validation of a selfadministered food-frequency questionnaire administered in the European Prospective Investigation into Cancer and Nutrition (EPIC) Study: comparison of energy, protein, and macronutrient intakes estimated with the doubly labeled water, urinary nitrogen, and repeated 24-h dietary recall methods. Am J Clin Nutr. 1999; 70(4):439-47.
Parr CL, Barikmo I, Torheim LE, Ouattara F, Kaloga A, Oshaug A. Validation of the second version of a quantitative food-frequency questionnaire for use in Western Mali. Public Health Nutr. 2002; 5(6): 769-81.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Sandra Patrícia CRISPIM, Rita de Cássia Lanes RIBEIRO, Emanuelle PANATO, Margarida Maria Santana da SILVA, Lina Enriqueta Frandsen Paez ROSADO, Gilberto Paixão ROSADO
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.