Consumo alimentar de crianças e adolescentes com disfagia decorrente de estenose de esôfago
avaliação com base na pirâmide alimentar brasileira
Palavras-chave:
Consumo alimentar, Estenose esofágica, Pirâmide alimentar, Transtornos de deglutiçãoResumo
Objetivo
Avaliar o consumo alimentar de pacientes com disfagia decorrente de estenose de esôfago, comparando dieta de consistência líquida com a dieta de consistência pastosa e sólida, com base na Pirâmide Alimentar Brasileira.
Métodos
Estudo de corte transversal, no qual foram incluídos consecutivamente 31 pacientes com estenose esofágica, sendo 18 (58,0%) cáustica, 7 (22,6%) pós-cirúrgica, 3 (9,7%) péptica e 3 (9,7%) sem causa definida. Empregou-se o recordatório de 24 horas; os alimentos foram transformados em porções em função dos oito grupos de alimentos, conforme recomendado por Philippi. Utilizou se o teste Kruskal-Wallis e Exato de Fisher, fixando em 5% o nível de rejeição da hipótese de nulidade.
Resultados
A idade variou entre 15 e 176 meses (mediana, 56 meses), sendo 28 crianças e três adolescentes, e 18 do sexo masculino. Vinte e nove pacientes (93,5%) apresentavam disfagia, sendo grave em 34,4% (10/29), moderada em 41,3% (12/29), e leve em 24,1% (7/29). O consumo mediano de porções de cereais, leguminosas, e óleos e gorduras foi menor no grupo com dieta líquida (p<0,005), o qual também apresentou maior proporção de pacientes cujo consumo foi abaixo do proposto pela pirâmide alimentar quando comparado ao grupo com dieta pastosa e sólida, com diferença estatisticamente significante (p<0,05).
Conclusão
O suporte nutricional é de extrema importância no tratamento de pacientes com estenose esofágica, principalmente na disfagia grave, cuja dieta deve ser adaptada à consistência líquida, devido ao risco nutricional que se atribui à limitada ingestão alimentar, e para que o tratamento dietético seja precocemente instituído.
Referências
Pereira-Lima JC, Marroni C, Cheinquer N, Marques DL, Hornos AP, Galant L, et al. Dilatação endoscópica de esôfago sem o auxílio de fluoroscopia: experiência em 1358 sessões. GED. 2002; 21(5): 201-6.
Michaud L, Guimber D, Sfeir R, Rakza T, Bajja H, Bonnevalle M, et al. Sténose anastomotique après traitement chirurgical de l’atrésie de l’aesophage: fréquence, facteurs de risque et efficacité dês dilatations aesophagiennes. Arch Pédiatr. 2001; 8(3):268-74
Chittmittrapap S, Spitz L, Kliely ME, Brereton RJ. Anastomotic stricture following repair of esophageal atresia. J Pediatr Surg. 1990; 25(5): 508-11.
Van der Zee VD, Bax KN. Thoracoscopic treatment of esophageal atresia with distal fistula and of tracheomalacia. Semin Pediatr Surg. 2007; 16(4): 224-30.
O’Neill JA, Betts J, Ziegler MM, Schnaufer L, Bishop HC, Templeton J. Surgical management of reflux strictures of the esophagus in childhood. Ann Surg. 1982; 196(4):453-9.
Rode H, Millar AJ, Brown RA, Cywes S. Reflux strictures of the esophagus in children. J Pediatr Surg. 1992; 27(4):462-5.
Numanoglu A, Millar AJ, Brown RA, Rode H. Gastroesophageal reflux strictures in children, management and outcome. Pediatr Surg Int. 2005; 21(8):631-4.
Poley JW, Steyerberg EW, Kuipers EJ, Dees J, Hartmans R, Tilanus HW, et al. Ingestion of acid and alkaline agents: outcome and prognostic value of early upper endoscopy. Gastrointest Endosc. 2004; 60(3):372-77.
Doan Y, Erkan T, Çokugras FÇ, Kutlu T. Caustic gastroesophageal lesion in childhood: analysis of 473 cases. Clin Pediatr. 2006; 45(5):435-8
Casasnovas AB, Martinez EE, Cives RV, Jeremias AV, Sierra RT, Cadranel S. A retrospective analysis of ingestion of caustic substances by children: tenyear statistics in Galicia. Eur J Pediatr. 1997; 156(5): 410-4
Mamede RCM, Filho FVM. Ingestion of caustic substances and its complications. São Paulo Med J. 2001; 119(1):10-5
Lamireau T, Llanas B, Deprez C, Hammar FE, Vergnes P, Demarquez JL, et al. Gravité des ingestions de produits caustiques chez l’enfant. Arch Pediatr. 1997; 4(6):529-34.
Hodge GE, Scharfe EE. Strictures of the esophagus. Can Med Assoc J. 1937; 37(6):541-7.
Contini S, Tesfaye M, Picone P, Pacchione D, Kuppers B, Zambianchi C, et al. Corrosive esophageal injures in children: a shortlived experience in Sierra Leone. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2007; 71(10):1597-604.
Ko HK, Shin JH, Song HY, Kim YJ, Ko GY, Yoon HK. Balloon dilation of anastomotic strictures secondary to surgical repair of esophageal atresia in a pediatric population: long-term results. J Vasc Interv Radiol. 2006; 17(8):1327-33.
Güitrón A, Adalid R, Nares J, Mena G, Gutiérrez JÁ, Olivares C. Estenosis esofágica benigna en pacientes lactantes y preescolares. Resultados de dilatación endoscópica. Rev Gastroenterol Mex. 1999; 64(1):12-5.
Hiley SA, Attwood SEA. Guidelines on the use of oesophageal dilatation in clinical practice. Gut. 2004; 53(1):11-6.
Kaiser LL, Melgar-Quiñonez HR, Lamp CL, Johns MC, Sutherlin JM, Harwood JO. Food security and nutritional outcomes of preschool-age Mexican- -American children. J Am Diet Assoc. 2002; 102(7): 924-9
Philippi ST, Cruz ANT, Colucci AMA. Pirâmide alimentar para crianças de 2 a 3 anos. Rev Nutr. 2003; 16(1):5-19. doi: 10.1590/S1415-5273200300100 002.
Barbosa RMS, Croccia C, Carvalho CGN, Franco VC, Salles-Costa R, Soares EA. Consumo alimentar de crianças com base na pirâmide alimentar brasileira infantil. Rev Nutr. 2005; 18(5):633-41. doi: 10.1590/S1514-52732005000500006.
Fulgoni V, Nicholls J, Reed A, Buckley R, Kafer K, Huth P. Dairy consumption and related nutrient intake in African-American adults and children in the United States: continuing survey of food intakes by individuals 1994-1996, 1998, and the National Health And Nutrition Examination Survey 1999-2000. J Am Diet Assoc. 2007; 107(2):256-64.
Freudenheim JL. A review of study designs and methods of dietary assessment in nutritional epidemiology of chronic disease. J Nutr. 1993; 123(2):401-5.
Thompson FE, Byers T. Dietary assessment resource manual. J Nutr. 1994; 124(11):2245-317
Monte CMG, Giugliani ERJ, Carvalho MFCC, Philippi ST, Albuquerque ZPA. Guia alimentar para crianças menores de dois anos Brasília: Ministério da Saúde; 2002. p.87-97. Série A. Normas e Manuais Técnicos, 107.
Philippi ST, Latterza AR, Cruz ATR, Ribeiro LC. Pirâmide alimentar adaptada: guia para escolha dos alimentos. Rev Nutr. 1999; 12(1):65-80. doi: 10.15 90/S1514-52731999000100006.
Quinton A. Jandel SigmaStat: Scientific statistical software, version 2.0. San Rafael (California); 1995.
Ferguson DD. Evaluation and management of benign esophageal strictures. Dis Esophagus. 2005; 18(6):359-64.
Pehl C, Pfeiffer A, Waizenhoefer A, Wendl B, Schepp W. Effect of caloric density of a meal on lower oesophageal sphincter motility and gastrooesophageal reflux in healthy subjects. Aliment Pharmacol Ther. 2001; 15(2):233-9.
Fox M, Barr C, Nolan S, Lomer M, Anggiansah A, Wong T. The effects of dietary fat and calorie density on esophageal acid exposure and reflux symptoms. Clin Gastroenterol Hepatol. 2007; 5(4):439-44
Oncag O, Alpoz AR, Eronat C. Salivary Streptococcus mutans, Lactobacilli levels and buffer capacity in children with esophageal burns. J Clin Pediatr Dent. 2000; 24(2):147-51.
Gersovitz M, Madden JP, Smiciklas-Wright H. Validity of the 24-hr dietary recall and seven-day record for group comparisons. J Am Dietetic Assoc. 1978; 73(1):48-55.
Sempos CT, Johnson NE, Smith EL Gilligan C. Effects of intraindividual and interindividual variation in repeated dietary records. Am J Epidemiol. 1985; 121(1):20-30.
Palaniappan U, Cue RI, Payette H, Gray-Donald K. Implications of day-to-day variability on measurements of usual food and nutrient intakes. J Nutr. 2003; 133(1):232-5.
Cavalcante AAM, Priore SE, Franceschini SCC. Estudos de consumo alimentar: aspectos metodológicos gerais e o seu emprego na avaliação de crianças e adolescentes. Rev Bras Saúde Matern Infant. 2004; 4(3):229-40.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Renata MARCIANO, Patrícia da Graça Leite SPERIDIÃO, Elisabete KAWAKAMI
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.