Consumo de café segundo métodos de preparo da bebida e associação com perfil lipídico sérico em hipertensos e diabéticos

Autores

  • Fabiana Accioly de LIMA Universidade Federal de Alagoas, Faculdade de Nutrição, Programa de Pós-Graduação em Nutrição.
  • Sandra Mary Lima VASCONCELOS Universidade Federal de Alagoas, Faculdade de Nutrição, Laboratório de Nutrição em Cardiologia.
  • Antônio Euzébio Goulart SANT’ANA Universidade Federal de Alagoas, Programa de Pós-Graduação em Química e Biotecnologia, Instituto de Química e Biotecnologia.
  • Terezinha da Rocha ATAÍDE Universidade Federal de Alagoas, Faculdade de Nutrição, Programa de Pós-Graduação em Nutrição.
  • Cristhiane Maria Bazílio de OMENA Universidade Federal de Alagoas, Faculdade de Nutrição, Laboratório de Nutrição em Cardiologia.
  • Maria Emília da Silva MENEZES Universidade Federal de Alagoas, Faculdade de Nutrição, Laboratório de Nutrição em Cardiologia.
  • Cyro Rêgo CABRAL JÚNIOR Universidade Federal de Alagoas, Faculdade de Nutrição, Programa de Pós-Graduação em Nutrição.

Palavras-chave:

Café, Cafestol, Colesterol, Dislipidemias, Kaweol, Lipídeos séricos

Resumo

Objetivo
Verificar o consumo da bebida café segundo a quantidade ingerida e os métodos de preparo, e sua associação com o perfil lipídico sérico de hipertensos e diabéticos.
Métodos
Foram coletados, por meio de entrevista, dados demográficos, de estilo de vida e de consumo alimentar, aferidas medidas antropométricas e colhido sangue para análise de perfil lipídico sérico. Análise descritiva, testes t de Student, qui-quadrado e de correlação linear de Pearson foram utilizados com 5% de probabilidade de erro experimental.

Resultados
Foram avaliados 182 indivíduos hipertensos e diabéticos tipo 2, consumidores de café, distribuídos em dois grupos segundo o método de preparo da bebida: à brasileira e fervido. Os grupos foram semelhantes quanto aos dados demográficos, antropométricos, de estilo de vida, de consumo alimentar e de perfil lipídico sérico. A quantidade per capita de pó utilizado no método à brasileira e no fervido foi de M=7,52, DP=4,99g e M=7,91, DP=5,87g, respectivamente. O volume ingerido e a frequência de consumo dos indivíduos do grupo à brasileira foi de M=517,3, DP=402,7mL e M=2,14, DP=1,06 vezes/dia, e para os consumidores de café fervido, M=513,4, DP=409,8mL e M=2,2, DP=0,94 vezes/dia. Não houve associação significativa entre a quantidade ingerida da bebida café e o perfil lipídico sérico.
Conclusão
Não houve associação entre o consumo de café à brasileira ou fervido e o perfil lipídico sérico, possivelmente em função da quantidade consumida e/ou da diluição utilizada. Se, por um lado, os resultados não permitem desestimular o consumo da bebida na quantidade ingerida pela população estudada, como medida de prevenção cardiovascular, por outro lado autorizam concluir que há necessidade de avançar nessa linha de investigação.

Referências

Brasil. Associação Brasileira da Indústria do Café. [acesso 2007 out 22]. Disponível em: <http://www.abic.com.br>

Monteiro MC, Trugo LC. Determinação de compostos bioativos em amostras comerciais de café torrado. Quím Nova. 2005; 28(4):637-41.

Speer K, Kolling-Speer I. The lipid fraction of the coffee bean. Braz J Plant Phys. 2006; 18(1):201-16.

Kurzrock T, Speer K. Diterpenes and diterpeno esters in coffe. Food Rev Inter. 2001; 17(4):433-50.

Urget R, Katan MB. The cholesterol-rasing factor from coffee beans. An Rev Nutr. 1997; 17(11):305-24.

Lee KJ, Jeong HG. Protective effects of kahweol and cafestol against hydrogen peroxide-induced oxidative stress and DNA damage. Toxicol Letters. 2007; 173(2):80-7.

Masten S, Tice R. Cafestol and kahweol: review of toxicological literature. North Corolina: Integ Lab Syst; 1999. p.2-39.

Dias RCE. Discriminação de espécies de café (Coffea arábica e Coffea canephora) em diferentes graus de torra [mestrado]. Londrina: Universidade Estadual de Londrina; 2005.

Moreira RFA, Trugo LC, De Maria CAB. Componentes voláteis do café torrado. Parte II: compostos alifáticos, alicíclicos e aromáticos. Quím Nova. 2000; 23(2):195-203.

Nakasato M, Giogi DMA, Isosaki M. Mitos e verdades sobre o café e doenças do coração. Rev SOCESP. 2001; 11(6):13-20.

Zock PL, Katan MB, Merkus MP, Dusseldorp MV, Harryan JL. Effect of a lipid-rich fraction from boiled coffee on serum cholesterol. Lancet. 1990; 335(8700):1235-37.

Dusseldorp MV, Katan MB, Vliet TV, Demacker PNM, Stalenhoef AFH. Cholesterol-raising factor from boiled coffee does not pass a paper filter. Arterioscler Thromb Vasc Biol. 1991; 11:586-93

Wei M, Macera CA, Homung CA, Blair SN. The impact of changes in coffee consumption on serum cholesterol. J Clin Epidemiol. 1995; 48(10):1189-96.

Jee SH, He J, Appel LJ, Whelton PK, Suh II, Klag MJ. Coffee consumption and serum lipids: a metaanalysis of randomized controlled clinical trials. Am J Epidemiol. 2001; 153(3):353-62.

Costa RP, Izar MCO, Elias MC, Ihara SSM, Santos AO, Pinto LESA, et al. Moderate comsumption of drip paper-filtered or boiled and cotton-filtered coffee does not affect lipid profile, and improves lipid peroxidation in patients with primary hypercholesterolemia. Int J Atheroscler. 2006; 1(2): 149-55

De Ross B, Katan MB. Possible mechanisms underlyind the cholesterol-raising effect of the coffee diterpene cafestol. Curr Opin Lipidol. 1999; 10(1):41-5.

World Health Organization. Physical status: the use and interpretation of anthropometry. Geneva: World Health Organization; 1995. WHO Technical Report Series, 854.

Brasil. Ministério da Saúde. Coordenação Geral da Política de Alimentação e Nutrição. Orientações básicas para a coleta, processamento, análise de dados e informação em serviços de saúde para o sistema de vigilância alimentar e nutricional [versão preliminar]. Brasília: Ministério da Saúde; 2004.

Sociedade Brasileira de Cardiologia. IV Diretriz Brasileira sobre Dislipidemia e Prevenção da Aterosclerose. Arq Bras Cardiol. 2007; 88(Suppl 1): S2-S19.

Núcleo de Estudos e Pesquisa em Alimentação. Tabela brasileira de composição de alimentos [versão II]. Campinas: Flamboyant; 2006.

Institute of Medicine. Dietary References Intakes for energy carbohydrate, fiber, fatty, fatty acids, cholesterol, protein and amino acids. Washington: National Academy Press; 2002.

Gotteland M, De Pablo S. Algunas verdades sobre el café. Rev Chil Nutr. 2007; 34(2):105-115

Ulvik A, Vollset SE, Hoff G, Ueland PM. Coffee consumption and circulating B-vitamins in healthy middle-aged men and women. Clin Chem. 2008; 54:91489-96.

Christensen B, Mosdol A, Retterstol L, Landaas S, Thelle DS. Abstention from filtered coffee reduces the concentrations ofplasma homocysteine and serum cholesterol: a randomized controlled trial. Am J Clin Nutr. 2001; 74(3):302-7.

Grubben MJ, Boers GH, Blom HJ, Broekhuizen R, De Jong R, Rijt LV, et al. Unfiltered coffee increases plasma homocysteine concentrations inhealthy volunteers: a randomized trial. Am J Clin Nutr. 2000; 71(2):480-4.

Nygard O, Refsum H, Ueland PM, Stensvold I, Nordrehaug JE, Kvale G, et al. Coffee an consumption and plasma total homocysteine: the Hordaland homocysteine study. Am J Clin Nutr. 1997; 65(1): 136-43.

Verhoef P, Pasman WJ, Van Vliet T, Urgert R, Katan MB.Contribution of caffeine to the homocysteineraising effect of coffee: a randomized controlled trial in humans. Am J Clin Nutr. 2002; 76(6):1244-8.

Pintó Sala XP. La homocisteína en la prevención de las enfermedades cardiovasculares. JANO. 2004; 67(1541):1749-52

Uehara SK, Baluz K, Rosa G. Possíveis mecanismos trombogênicos da hiper-homocisteinemia e o seu tratamento nutricional. Rev Nutr. 2005; 18(6): 743-51. doi: 10.1590/S1415-52732005000600005.

Higdon JV, Frei B. Coffee and health: a review of recent human research. Crit Rev Food Sci Nutr. 2006; 46(2):101-23.

Aro A, Tuomilehto J, Kostiainen E, Usitalo U, Pietinen P. Boiled coffee increases serum low density lipoprotein concentration. Metabolism. 1987; 36(11): 1027-30.

Bonna K, Arnesen E, Thekken DS, Forde OH. Coffee and cholesterol: is it all in the brewing? The Tromso Heart Study. Br Med J. 1988; 297(6656):1103-4.

Haffner SM, Knapp JA, Stern MP, Hazuda HP, Rosenthal M, Franco LJ. Coffee consumption, diet, and lipids. Am J Epidemiol. 1985; 122(1):1-12.

Lancaster T, Muir J, Silagy C. The effect of coffee on serum lipids and blood pressure in a UK population. J R Soc Med. 1994; 87(9):506-7.

Schilter BI, Perrin CC, Huggett AC. Placental glutathione S-transferase (GST-P) induction as a potential mechanism for the anti-carcinogenic effect of coffee-specif components cafestol and kahweol. Carcinogenesis. 1996; 17(11):2377-84.

Lee C. Antioxidant ability of caffeine and is metabolites based on the study of oxygen radical absorbing capacity and inhibition of LDL peroxidation. Clin Chim Acta. 2000; 295(1-2): 141-54.

Dórea JG, Costa THM. Is coffee a functional food? BJN. 2005; 93(6):773-82.

Devasagayam TPA, Kamat JP, Mohan H, Kesavan PC. Caffeine as an antioxidant: inhibition of lipid peroxidation induced by reactive oxygen species. Biochim Biophys Acta. 1996; 1282(1):63-70.

Daglia M, Papetti A, Gregotti C, Berte F, Gazzani G. In vitro antioxidant and ex vivo protective activities of Green and roasted coffee. J Agric Food Chem. 2000; 48(5):1449-54.

Hu FB, Willett WC. Optimal diets for prevention of coronary heart disease. JAMA. 2002; 288(20): 2569-78.

Hu FB. Plant-based foods and prevention of cardiovascular disease: an overview. Am J Clin Nutr. 2003; 78(Suppl 1):S544-S51.

Berliner JA, Navab M, Fogelman AM, Frank JS, Demer LL, Edwars PA, et al. Atherosclerosis: basic mechanisms. Oxidation, inflammation, and genetics. Circulation. 1995; 91(9):2488-96.

Natella F, Nardini M, Belelli F, Scaccini C. Coffee drinking induces incorporation of phenolic acids into LDL and increases the resistance of LDL to ex vivo oxidation in humans. Am J Clin Nutr. 2007; 86(3):604-9.

Bonita JF, Mandarano M, Shuta D, Vinson J. Coffee and cardiovascular disease: in vitro, cellular, animal, and human studies. Pharmacol Res. 2007; 55(3):187-98.

Nardini M, Cirillo E, Natella F, Scaccini C. Absorption of phenolic acids in humans after coffee consumption. J Agric Food Chem. 2002; 50(20): 5735-41.

Yukawa GS, Mune M, Otani H, Tone Y, Liang XM, Iwahashi H. Effects of coffee consumption on oxidative susceptibility of low-density lipoproteins and serum lipid levels in humans. Biochemistry. 2004; 69(1):70-74.

Downloads

Publicado

23-08-2023

Como Citar

LIMA, F. A. de ., VASCONCELOS, S. M. L. ., SANT’ANA, A. E. G. ., ATAÍDE, T. da R. ., OMENA, C. M. B. de ., MENEZES, M. E. da S. ., & CABRAL JÚNIOR, C. R. . (2023). Consumo de café segundo métodos de preparo da bebida e associação com perfil lipídico sérico em hipertensos e diabéticos. Revista De Nutrição, 24(1). Recuperado de https://periodicos.puc-campinas.edu.br/nutricao/article/view/9277

Edição

Seção

ARTIGOS ORIGINAIS