O CÁLCIO CONSUMIDO POR ADOLESCENTES DE ESCOLAS PÚBLICAS DE OSASCO, SÃO PAULO

Autores

  • Barbara Regina LERNER Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo
  • Dóris Lúcia Martini LEI Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo
  • Sandra Pinheiro CHAVES Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo
  • Renata Damião FREIRE Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo

Palavras-chave:

cálcio, adolescente, osteoporose, prevenção & controle

Resumo

No ano 2 000 a população brasileira contará com mais de 14 milhões de idosos e a osteoporose se destaca como uma das enfermidades que afetará pelo menos 3 em cada 20 mulheres brasileiras. Uma das medidas preventivas é assegurar o consumo adequado de cálcio dietético para garantir que o indivíduo atinja o pico de massa óssea geneticamente determinado (que se dá entre os 25 e 30 anos), mantenha esta massa na idade adulta e apresente perda mínima na velhice. O objetivo do estudo foi o de conhecer e avaliar o consumo de cálcio por adolescentes de escolas públicas do Município de Osasco, tendo em vista a prevenção da osteoporose. Foi estudado o consumo alimentar de 323 alunos de 5ª e 8ª séries de 8 escolas localizadas nas regiões central e periférica do município. Utilizou-se a média de registro alimentar de 3 dias alternados. O consumo médio diário de cálcio e a porcentagem de cálcio oriunda de alimentos lácteos não foram significativamente diferentes entre homens e mulheres. Somente 6,2% dos homens e 2,8% das mulheres apresentaram consumo de cálcio acima de 1200 mg/dia. Houve diferenças significativas entre as regiões geográficas com relação ao consumo de energia, de cálcio, assim como para a porcentagem de cálcio oriundos de alimentos lácteos e para a densidade do mineral na dieta. A média de cálcio ingerido do quartil mais alto (1015 mg/dia) não atinge a recomendação (1200 mg/dia). Os alimentos lácteos mais consumidos foram leite, queijo, sorvete e iogurte. O leite foi o alimento mais citado por todos os adolescentes, porém a quantidade difere entre os gêneros; as mulheres ingerem cerca de 190 ml por dia enquanto os homens tomam 240 ml.O consumo de cálcio dos adolescentes está muito abaixo das recomendações atuais, refletindo-se na baixa densidade do mineral na dieta diária. Seria desejável uma densidade de pelo menos 550 mgCa/1000 Kcal para alcançar os 1200 mg diários recomendados. É necessário um esforço entre os profissionais da saúde no sentido de estimular o aumento do consumo de alimentos ricos em cálcio visando a prevenção da osteoporose e suas conseqüências.

Referências

ALBERTSON, A.M., TOBELMANN, R.C., MARQUAT, L. Estimated dietary calcium intake and food sources for adolescent female: 1980-1992. Journal of Adolescent Health, New YorK, v.20, n.1, p.20-26, 1997.

ALLEN, L.H. Calcium bioavailability and absorption: a review. American Journal of Clinical Nutrition, Bethesda, v.35, p.783-808, 1982.

BARR, S.I. Associations of social and demographic variables with calcium intakes of high school students. Journal of the American Dietetic Association, Chicago, v.94, n.3, p.260-269, 1994.

BASIOTIS, P.P., WELSH, S.O., CRONIN, F.J., KELSAY, J.L., MERTZ, W. Number of day of food intake records required to estimate individual and group nutrient intakes with defined confidence. Journal of Nutrition, Bethesda, v.117, p.1638-1641, 1987.

BINGHAM, S.A. The dietary assessment of individuals: method, accuracy, new techniques and recommendations. Nutrition Abstracts and Reviews, Aberdeen, v.57, n.10, p.705-742, 1987.

BLOCK, G., DRESSER, C.M., HARTMAN, A.M., CARROL, M.D. Nutrient sources in the American diet: quantitative data from the NHANES II survey. I. Vitamins and minerals. American Journal of Epidemiology, Baltimore, v.122, n.1, p.13-26, 1985.

CARNEIRO, R.A. Repercussões socioeconômicas da osteoporose no Brasil: estimativa de custos. Arquivos Brasileiros de Medicina, Rio de Janeiro, v.62, n.1, p.65-69, 1988.

FERNANDES, C.E., RIBEIRO, R.M., MELO, N.R., PINOTTI, M. Osteoporose. Revista Brasileira de Medicina, São Paulo, v.52, p.1170-1186, 1995.

FERRO-LUZZI, A. Meaning and constrain of energy intake studies in free-living populations. In: HARRISON, G.A. (ed). Energy and effort. London : Taylor & Francis, 1982. p.115-135.

GAMBARDELLA, A.M.D. Adolescentes, estudantes de período noturno: como se alimentam e gastam suas energias. São Paulo, 1995. 81p. Tese (Doutorado) - Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo, 1995.

GUNTHRIE, H., CROCETTI, A. Variability of nutrient intake over a 3-day period. Journal of the American Dietetic Association, Chicago, v.85, n.3, p.325-327, 1985.

HAMILL, P.V.V., DRIZD,T.A., JOHNSON, C.L., REED, R.B., ROCHE, A.F., MOORE, W.M. Physical growth: National Center for Health Statistics - percentiles. American Journal of Clinical Nutrition, Bethesda, v.32, p.607-629, 1979.

HEANEY, R.P. Calcium in the prevention and treatment of osteoporosis. Journal of Internal Medicine, Oxford, v.231, n.1, p.169-180, 1992.

HUI, S.L. SLEMENDA, C.W., JOHNSTON JR., C.C. The contribution of bone loss to postmenopausal osteoporosis. Osteoporosis International, London, v.1, n.1, p.30-34, 1990.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Tabelas de composição dos alimentos. Rio de Janeiro, 1977. 201p. (Estudo Nacional da Despesa Familiar, v.3; publicações especiais, t.1).

JAIME, P.C., MOTOIE, E., CERVATO, A.M. Relação cálcio/fósforo na dieta habitual de adultos jovens. In: CONGRESO DE LA SOCIEDAD LATINOAMERICANA DE NUTRICIÓN “DR. ABRAHAM HORWITZ”, 1., 1997, Guatemala. Anais...Guatemala, 1997. p.150.

KALACHE, A., VERAS, R.P., RAMOS,L.R. O envelhecimento da população mundial, um desafio novo. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v.21, n.3, p.200-10, 1987.

KANIS, J.A., PITT, F.A. Epidemiology of osteoporosis. Bone, New York, v.13, p.7S-15S, 1992. Supplement.

LERNER, B.R. A alimentação e a anemia carencial em adolescentes. São Paulo, 1994. 90p. Tese (Doutorado) - Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo, 1994.

MATKOVIC, V. Calcium intake and peak bone mass. New England Journal of Medicine, Boston, v.327, n.2, p.119-120, 1992.

MATKOVIC V., ILICH, J.Z. Calcium requirements for growth: are current recommendations adequate? Nutrition Reviews, New York, v.51, n.6, p.171-180, 1993.

MELTON III. L.J.Epidemiology of fractures. In: RIGGS, B.L, MELTON III, L.J. (eds). Osteoporosis: etiology, diagnosis and management. New York : Raven Press, 1988. p.133-154.

MONTEIRO, C.A., LEI, D.L.M., MONDINI, L., CORDELINI, S., BARATHO, R.M., CHAVES, S.P., BONALDO, E. Coleta e análise da altura de escolares em um sistema de vigilância nutricional: desenvolvimento de metodologia, implantação e avaliação. São Paulo : USP, 1989.55p. (Relatório Técnico; Mimeografado).

NATIONAL INSTITUTE OF HEALTH. Optimal calcium intake. Journal of the American Medical Association, Chicago, v.272, n.24, p.1942-1948, 1994.

NATIONAL RESEARCH COUNCIL (USA). Recommended Dietary Allowances. 10.ed. Washington DC : National Academy Press, 1989. 284p.

PEACOCK, M. Calcium absorption efficiency and calcium requirements in children and adolescents. American Journal of Clinical Nutrition, Bethesda, v.54, p.261S-265S, 1991. Supplement.

PERSSON, L.A., CARLGREN, G. Measuring children’s diets: evaluation of dietary assessment techniques in infancy and childhood. International Journal of Epidemiology, London, v.13, p.506-517, 1984.

ROCHE, A.F., HIMES, J.H. Incremental growth charts. American Journal of Clinical Nutrition, Bethesda, v.33, n.3, p.2041-2052, 1980.

SCHAAFSMA, G. The scientific basis of recommended dietary allowances for calcium. Journal of Internal Medicine, Oxford, v.231, n.1, p.187-194, 1992.

SCHUTZ, H.G. Prediction of nutritional status from food consumption and consumer attitude data. American Journal of Clinical Nutrition, Bethesda, v.35, p.1310-1318, 1982.

TABLA de composición de alimentos para uso en America Latina, INCAP - ICNND. In: BURTON, B.T. Nutrición humana: un tratado completo sobre nutrición en la salud y la enfermedad. Washington DC : OPS, 1966. p.461-600. (OPS. Publicación Cientifica, 146).

VANNUCCHI, H., MENEZES, E.W., CAMPANA, A.O., LAJOLO, F.M. Aplicações das recomendações nutricionais adaptadas à população brasileira. Cadernos de Nutrição, São Paulo, v.2, n.1, p.1-156, 1990.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Assessment of fracture risk and its application to screening for postmenopausal osteoporosis. Geneva, 1994. (Technical Report Series, 843) YABUR, J.A. Epidemiologia, importancia social y costo de la osteoporosis. Archivos Venezolanos de Farmacologia y Terapéutica, Caracas, v.8, n.2, p.130-135, 1989.

ZERBINI, C.A.F. Por que o interesse na osteoporose? Revista Paulista de Medicina, São Paulo, v.105, p.229-300, 1987.

Downloads

Publicado

25-04-2000

Como Citar

LERNER, B. R. ., Martini LEI, D. L. ., Pinheiro CHAVES, S. ., & Damião FREIRE, R. . (2000). O CÁLCIO CONSUMIDO POR ADOLESCENTES DE ESCOLAS PÚBLICAS DE OSASCO, SÃO PAULO. Revista De Nutrição, 13(1). Recuperado de https://periodicos.puc-campinas.edu.br/nutricao/article/view/8760

Edição

Seção

ARTIGOS ORIGINAIS