Ingestão alimentar de pacientes em hemodiálise

Autores

  • Inaiana Marques Filizola VAZ Universidade Federal de Goiás
  • Ana Tereza Vaz de Souza FREITAS Universidade Federal de Goiás
  • Maria do Rosário Gondim PEIXOTO Universidade Federal de Goiás
  • Sanzia Francisca FERRAZ Secretaria Estadual de Saúde
  • Marta Izabel Valente Augusto Morais CAMPOS Secretaria Estadual de Saúde

Palavras-chave:

Ingestão de alimentos, Nutrientes, Diálise renal

Resumo

Objetivo
Avaliar o consumo de energia e nutrientes de indivíduos em hemodiálise, segundo recomendações específicas para essa população, e de acordo com o Guia Alimentar para a População Brasileira.

Métodos
Trata-se de estudo transversal, com 118 pacientes adultos considerados estáveis, tratados em 10 centros de diálise em Goiânia, Estado de Goiás. A ingestão alimentar foi estimada por meio de seis recordatórios de 24 horas, sendo classificada em adequada ou inadequada, conforme recomendações específicas para indivíduos em hemodiálise, é recomendado para uma alimentação saudável. Foi realizada análise descritiva dos dados.

Resultados
Observou-se ingestão alimentar média de 2022,40 ± 283,70 kcal/dia; 31,18 kcal/kg/dia; 55,03 ± 4,20% de carboidrato; 30,23 ± 3,71% de lipídeo; e 1,18 ± 0,23 g de proteína/kg/dia. Importantes prevalências de inadequação foram observadas para a ingestão de calorias (39,0%), proteínas (39,0%) e outros nutrientes, como retinol (94,9%), gordura saturada (87,3%), colesterol (61,9%), ferro (61,0%), potássio (60,2%) e zinco (45,0%). Os pacientes apresentaram baixa ingestão de alimentos do grupo das frutas (1,22 ± 0,89 porções), legumes e verduras (1,76 ± 1,01 porções), leite e derivados (0,57 ± 0,43 porções), bem como ingestão elevada de alimentos do grupo dos óleos e gorduras (3,45 ± 0,95 porções) e açúcares e doces (1,55 ± 0,77 porções).

Conclusão
Foi observado um consumo alimentar em desequilíbrio, caracterizado pelo excesso de óleos e gorduras, sobretudo gordura saturada e colesterol, açúcares e doces, paralelamente à baixa ingestão de frutas, legumes e verduras, leite e derivados. Um percentual considerável de pacientes deixou de ingerir a recomendação mínima de calorias, proteína, retinol, ferro, zinco e potássio.

Referências

National Kidney Foundation Kidney Disease Outcomes Quality (NKF/DOQI). Clinical practice guidelines for nutrition in chronic renal failure. Am J Kidney Dis. 2000; 35(Suppl. 2):1-140. doi: 10.1053/kd.2000.6671

Cuppari L, Kamimura MA. Avaliação nutricional na doença renal crônica: desafios na prática clínica. J Bras Nefrol. 2009; 31(Supl. 1):28-35.

Fouque D, Vennegoor M, Wee PT, Wanner C, Basci A, Canaud B, et al. EBPG Guideline on nutrition. Nephrol Dial Transplant. 2007; 22(Supl. 2):45-87. doi: 10.1093/ndt/gfm020

Lou LM, Campos B, Gimeno JA, Boned B. Main dietary deficits in hemodialysis patients: Approach to a healthy dietary model based on the

Mediterranean diet. Nefrología. 2007; 27(1):38-45.

Ribeiro MMC, Araújo ML, Netto MP, Cunha LM. Impacto do hábito de jantar sobre o perfil dietético de pacientes em hemodiálise. J Bras Nefrol. 2011; 33(1):69-77. doi: 10.1590/S0101-28002011000100010

Pinto DE, Ullmann LS, Burmeister MM, Antonello ICF, Pizzato A. Associações entre ingestão energética, proteica e de fósforo em pacientes portadores de doença renal crônica em tratamento hemodialítico. J Bras Nefrol. 2009; 31(4):269-76. doi: 10.1590/S0101-28002009000400005

Sanlier N, Demircioglu Y. Correlation of dietary intakes and biochemical determinants of nutrition in hemodialysis patients. Ren Fail. 2007; 29(2):213-18. doi: 10.1080/08860220601098904

World Health Organization. Energy and protein requirements. Report of a joint FAO/WHO/ONU meeting. Geneva: World Health Organization; 1985. Technical Report Series, nº 724.

World Health Organization. Obesity: Preventing and managing the global epidemic. Geneva: WHO; 1997. Report of a WHO consultation on obesity.

Goldberg GR, Black AE, Jebb SA, Cole TJ, Murgatroyd PR, Coward WA, et al. Critical evaluation of energy intake data using fundamental

principles of energy intake physiology: 1 derivation of cut-off limits to identify underrecording. Eur J Clin Nutr. 1991; 45(12):569-81.

Kamimura MA, Avesani CM, Bazanelli AP, Baria F, Draibe AS, Cuppari L. Are prediction equations reliable for estimating resting energy expenditure in chronic kidney disease patients? Nephrol Dial Transplant. 2010; 26(2)544-50. doi: 10.1093/ndt/gfq452

Durning JVGA. Energy requirements: General principles. Eur J Clin Nutr. 1996; 50(Suppl. 1):S2-10.

Kloppenburg WD, Jong PE, Huisman RM. The contradiction of stable body mass despiste low reported dietary energy intake in chronic kidney disease patients. Nephrol Dial Transplant. 2002; 17(9):1628-33. doi: 10.1093/ndt/17.9.1628

Avesani CM, Kamimura MA, Draibe SA, Cuppari L. Is energy intake underestimated in nondialyzed chronic kidney disease patients? J Ren Nutr. 2005; 15(1):159-65. doi: 10.1053/j.jrn.2004.09.010

Fasset RG, Robertson IK, Geraghty DP, Ball MJ, Coombes JS. Dietary intake of patients with chronic kidney disease entering the LORD trial: Adjusting for underreporting. J Ren Nutr. 2007; 17(4):235-42. doi: 10.1053/j.jrn.2007.04.004

Tabela Brasileira de Composição de Alimentos. 4ª ed. Campinas: Unicamp; 2011 [acesso 2012 set 25]. Disponível em: <http://www.unicamp.br/nepa/taco/tabela.php>.

Brasil. Ministério da Saúde. Coordenação Geral da Política de Alimentação e Nutrição. Guia alimentar para a população brasileira: promovendo a alimentação saudável. Brasília: Ministério da Saúde; 2006.

National Kidney Foundation Kidney Disease Outcomes Quality. Clinical practice guidelines for managing dyslipidemias in chronic kidney diseases. Am J of Kidney Dis. 2003; 41(Suppl. 3):1-92. doi: 0272-6386/03/4104-0305

Khoueiry G, Waked A, Goldman M, El-Charabaty E, Dunne E, Smith M, et al. Dietary intake in hemodialysis patients does not reflect a hearth healthy diet. J Ren Nutr. 2011; 21(6):438-47. doi: 10.1053/j.jrn.2010.09.001

Belizi V, Di Ioro BR, Terracciano V, Minutolo R, Iodice C, De Nicola L, et al. Daily nutrient intake represents a modifiable determinant of nutritional status in chronic haemodialysis patients. Nephrol Dial Transplant. 2003; 18:(9)1874-81. doi: 10.1093/ndt/gfg/239

Lima JJG. Dislipidemia na doença renal crônica. Rev Soc Cardiol Estado São Paulo. 2007; 17(1):60-5.

Cuppari L, Amâncio OMS, Nobrega M, Sabbaga E. Preparo de vegetais para utilização em dieta restrita em potássio. Nutrire. 2004; 28:17-30.

Carvalho AB, Cuppari L. Controle da hiperfosfatemia na DRC. J Bras Nefrol. 2011; 33(Supl. 1):1-6. doi: 10.1590/S0101-28002011000200012

Molina MCB, Cunha RS, Herkenhoff LF, Mill JG. Hipertensão arterial e consumo de sal em população urbana. Rev Saúde Pública. 2003; 37(6):743-50. doi: 10.1590/S0034-89102003000600009

Nerbass FB, Cuppari L. In: Hemodiálise. Cuppari L, Avesani CM, Kamimura MA. Nutrição na doença renal crônica. Barueri: Manole; 2013.

Scagliusi FB, Lancha Junior AH. Subnotificação da ingestão energética na avaliação do consumo alimentar. Rev Nutr. 2003; 16(4):471-81. doi: 10.1590/S1415-52732003000400010.

Downloads

Publicado

18-04-2023

Como Citar

Marques Filizola VAZ, I. ., Vaz de Souza FREITAS, A. T. ., Gondim PEIXOTO, M. do R., FERRAZ, S. F., & Valente Augusto Morais CAMPOS, M. I. . (2023). Ingestão alimentar de pacientes em hemodiálise. Revista De Nutrição, 27(6). Recuperado de https://periodicos.puc-campinas.edu.br/nutricao/article/view/8360

Edição

Seção

ARTIGOS ORIGINAIS