Tempo excessivo diante da televisão e sua influência sobre o consumo alimentar de adolescentes

Autores

  • Carla Cristina ENES Pontifícia Universidade Católica de Campinas
  • Beatriz Guerra LUCCHINI Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho

Palavras-chave:

Adolescente, Comportamento, Consumo de alimentos, Obesidade, Televisão

Resumo

Objetivo

Investigar a associação entre o tempo diante da televisão e o consumo alimentar de adolescentes.

Métodos

Trata-se de estudo transversal com 815 adolescentes de ambos os sexos, de escolas públicas de Piracicaba, São Paulo. Foram obtidos dados sociodemográficos e antropométricos, bem como sobre o tempo despendido em frente à televisão e o consumo alimentar habitual. Este último foi obtido mediante aplicação do Questionário de Frequência Alimentar, avaliando-se a adequação do consumo (porções/dia) de sete grupos alimentares conforme recomendação do Guia Alimentar Brasileiro. O tempo de televisão foi obtido a partir do total de horas diárias dedicadas a assistir à televisão, sendo classificadas duas categorias: <2 horas/dia e >2 horas/dia. Utilizou-se o teste t de Student para avaliar a diferença de médias entre as variáveis contínuas. A relação entre variáveis independentes e tempo de televisão foi testada pela regressão de Poisson.

Resultados

Os adolescentes que permanecem mais tempo em frente à televisão consumiram mais leite e derivados (p=0,03), açúcares e doces (p=0,01) e refrigerante (p=0,02). Observou-se que o baixo consumo de frutas, assim como o consumo excessivo de doces, açúcares e refrigerantes e a menor idade, estavam associados ao maior tempo de televisão. Na análise multivariável, hábitos alimentares não saudáveis, como a baixa ingestão de frutas (p=0,014) e o consumo elevado de doces e açúcares (p=0,041), permaneceram independentemente associados ao tempo de televisão.

Conclusão
O tempo excessivo em frente à televisão se associou a hábitos alimentares inadequados. Os adolescentes que permanecem tempo excessivo em frente à televisão devem ser incentivados a adotar uma prática alimentar mais saudável, já que a alimentação inadequada e o sedentarismo, sobretudo em associação, aumentam o risco de doenças crônicas ainda na adolescência.

Referências

Tremblay MS, LeBlanc AG, Kho ME, Saunders TJ, Larouche R, Colley RC, et al. Systematic review of sedentary behaviour and health indicators in school aged children and youth. Int J Behav Nutr Phys Act. 2011; 8:98-119.

Institute of Medicine. Food marketing to children and youth: Threat of opportunity? Washington (DC): The National Academies Press; 2006.

Robinson TN. Reducing children’s television viewing to prevent obesity: A randomized controlled trial. JAMA. 1999; 282:1561-7.

Dietz W, Strasburger VC. Children, adolescents, and television. Curr Probl Pediatr Adolesc Health Care. 1991; 21:8-32.

Kotz K, Story M. Food advertisements during children’s Saturday morning television programming: Are they consistent with dietary recommendations? J Am Diet Assoc. 1994; 94(11):1296-300.

Assis MAA, Rolland-Cachera MF, Vasconcelos FAG, Bellisle F, Calvo MCM, Luna MEP, et al. Overweight and thinness in 7-9 year old children from Flo rianópolis, Southern, Brazil: A comparison with a French study using a similar protocol. Rev Nutr. 2006; 19(3):299-308. http://dx.doi.org/10.1590/ S1415-52732006000300001

Enes CC, Slater B. Variation in dietary intake and physical activity pattern as predictors of change in Body Mass Index (BMI) Z-score among Brazilian adolescentes. Rev Bras Epidemiol. 2013; 16(2):493-501.

Klesges RC, Shelton ML, Klesges LM. Effects of television on metabolic rate: Potential implications for childhood obesity. Pediatrics. 1993; 91(2):281-6.

Gantz W, Schwartz M, Angelini JR, Rideout V. Food for throught: Television food advertising to children in the United States. Menlo Park (CA): Kaiser Family Foundation; 2007.

Moura NC. Influência da mídia no comportamento alimentar de crianças e adolescentes. Segur Aliment. 2010; 17(1):113-22.

Pearson N, Ball K, Crawford D. Mediators of longitudinal associations between television viewing and eating behaviours in adolescents. Int J Behav Nutr Phys Act. 2011; 8:23-31.

Boynton-Jarrett R, Thomas TN, Peterson KE, Wiecha J, Sobol AM, Gortmaker SL. Impact of television viewing patterns on fruit and vegetable consumption among adolescents. Pediatrics. 2003; 112(6 Pt. 1):1321-6.

Vereecken CA, Todd J, Roberts C, Mulvihill C, Maes L. Television viewing behaviour and associations with food habits in different countries. Pub Health Nutr. 2006; 9(2):244-50.

Ramos E, Costa A, Araújo J, Severo M, Lopes C. Effect of television viewing on food and nutrient intake among adolescents. Nutrition. 2013; 29(11-12):1362-7.

Toral N, Slater B, Silva MV. Consumo alimentar e excesso de peso de adolescentes de Piracicaba, São Paulo. Rev Nutr. 2007; 20(5):449-59. http://dx. doi.org/10.1590/S1415-52732007000500001

Taylor RW, Jones IE, Williams SM, Goulding A. Evaluation of waist circumference, waist-to-hip ratio, and the conicity index as screening tools for high trunk fat mass, as measured by dual-energy X-ray absorptiometry, in children aged 3-19 y. Am J Clin Nutr. 2000; 72(2):490-95. 17. Lohman TG, Roche AF, Martorell R. Anthropometric standardization reference manual. Champaign: Human Kinetics Books; 1988.

De Onis M, Onyango AW, Borghi E, Siyam A, Nishida C, Siekmann J. Development of a WHO growth reference for school-aged children and adolescents. Bull World Health Org. 2007; 85(9):660-7.

Voci SM, Enes CC, Slater B. Validação do Ques tionário de Frequência Alimentar para Adolescen tes (QFAA) por grupos de alimentos em uma po pulação de escolares. Rev Bras Epidemiol. 2008; 11(4):561-72.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Guia alimentar para a população brasileira: promovendo a alimentação saudável. Série A. Nor mas e Manuais Técnicos. Brasília: Ministério da Saúde; 2005.

American Academy of Pediatrics. Children, adolescents, and television. Pediatrics. 2001; 107(2):423-6.

Marshall WA, Tanner JM. Variations in pattern of pubertal changes in girls. Arch Dis Child. 1969; 44(235):291-3003.

Marshall WA, Tanner JM. Variations in pattern of pubertal changes in boys. Arch Dis Child. 1970; 45(239):13-23.

Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa. Critério padrão de classificação econômica Brasil. São Paulo: Abep; 2008 [acesso 2014 fev 23]. Dispo nível em: http://www.abep.org/codigosguias/ Criterio_Brasil_2008.pdf

Manios Y, Kondaki K, Kourlaba G, Grammatikaki E, Birbilis M, Ioannou E. Television viewing and food habits in toddlers and preschoolers in Greece: The GENESIS study. Eur J Pediatr. 2009; 168(7):801-8.

Salmon J, Campbell KJ, Crawford DA. Television viewing habits associated with obesity risk factors: A survey of Melbourne schoolchildren. Med J Aust. 2006; 184(2):64-7.

Wiecha JL, Peterson KE, Ludwig DS, Kim J, Sobol A, Gortmaker SL. When children eat what they watch: Impact of television viewing on dietary intake in youth. Arch Pediatr Adolesc Med. 2006; 160(4):436-42.

Chamberlain LJ, Wang Y, Robinson TN. Does children’s screen time predict requests for advertised products? Arch Pediatr Adolesc Med. 2006; 160(4):363-8.

Borzekowski DLG, Robinson TN. The 30-second effect: An experiment revealing the impact of television commercials on food preferences of preschoolers. J Am Diet Assoc. 2001; 101(1):42-6.

Blass EM, Anderson DR, Kirkorian HL, Pempek TA, Price I, Koleini MF. On the road to obesity: Television viewing increases intake of high-density foods. Physiol Behav. 2006; 88(4-5):597-604.

Miller SA, Taveras EM, Rifas-Shiman SL, Gillman MW. Association between television viewing and poor diet quality in young children. Int J Pediatric Obes. 2008; 3(3):168-76.

Downloads

Publicado

23-03-2023

Como Citar

ENES, C. C., & Guerra LUCCHINI, B. . (2023). Tempo excessivo diante da televisão e sua influência sobre o consumo alimentar de adolescentes. Revista De Nutrição, 29(3). Recuperado de https://periodicos.puc-campinas.edu.br/nutricao/article/view/8041

Edição

Seção

ARTIGOS ORIGINAIS