Padrão de consumo alimentar e obesidade em pré-escolares, Feira de Santana, Bahia

Autores

  • Karina Emanuella Peixoto de Souza GOMES Universidade Estadual de Feira de Santana
  • Maria Conceição Oliveira COSTA Universidade Estadual de Feira de Santana
  • Tatiana de Oliveira VIEIRA Universidade Estadual de Feira de Santana
  • Sheila Maria Alvim MATOS Universidade Federal da Bahia
  • Graciete Oliveira VIEIRA Universidade Estadual de Feira de Santana

Palavras-chave:

Pré-escolar, Análise fatorial, Comportamento alimentar, Obesidade

Resumo

Objetivo
Avaliar a associação entre padrões de consumo alimentar e a obesidade de pré-escolares em Feira de Santana, Bahia.

Métodos
Análise transversal de 813 crianças de uma coorte de nascidos vivos de base populacional, iniciada em 2004 em Feira de Santana, Bahia. O estado antropométrico entre menores de quatro anos foi avaliado por meio do cálculo do índice de massa corporal, sendo a obesidade/obesidade grave definida em escore Z (>+2). O Questionário de Frequência Alimentar foi o instrumento utilizado para identificar os padrões alimentares por meio da análise fatorial de componentes principais. A associação entre a obesidade e os padrões de consumo alimentar foi avaliada mediante teste Qui-quadrado de Pearson e da regressão logística, tomando-se como
critério de associação, valor de p<0,05.

Resultados
A obesidade para idade foi observada em 12,7% das crianças estudadas. Foram identificados quatro padrões alimentares: padrão alimentar 1 (leite e derivados, verduras e tubérculos, cereais, leguminosas, frutas e pescados); padrão alimentar 2 (salgadinhos, refrigerante/sucos artificiais, óleos e gorduras, doces e café/chá); padrão alimentar 3 (embutidos, fast-food, catchup/maionese e ovos); e, padrão alimentar 4 (frango e carnes vermelhas). A obesidade mostrou-se estatisticamente associada à alta adesão ao padrão alimentar 3 (OR=1,92; IC95%=1,01–3,66).

Conclusão
Os resultados da pesquisa mostraram que a elevada ingestão de alimentos altamente energéticos (padrão alimentar 3) foi fator contributivo para a ocorrência da obesidade na infância. Estes dados reforçam a necessidade de políticas públicas e programas de educação alimentar, nas unidades de saúde e escolas, para mudança dos hábitos alimentares das crianças, importante preditor de problemas nutricionais.

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Publicado

21-03-2023

Como Citar

Peixoto de Souza GOMES, K. E., Oliveira COSTA, M. C., de Oliveira VIEIRA, T. ., Alvim MATOS, S. M., & Oliveira VIEIRA, G. . (2023). Padrão de consumo alimentar e obesidade em pré-escolares, Feira de Santana, Bahia. Revista De Nutrição, 30(5). Recuperado de https://periodicos.puc-campinas.edu.br/nutricao/article/view/7920

Edição

Seção

ARTIGOS ORIGINAIS