O corpo para o trabalho de marisqueira e o significado da obesidade
Palavras-chave:
Saúde, Obesidade, Estigma social, MulheresResumo
Objetivo
Compreender a relação entre o corpo e o trabalho de marisqueiras da Ilha de Itaparica, Bahia sob a perspectiva da alimentação.
Métodos
Abordagem qualitativa, descritiva, de caráter analítico. Foram realizadas entrevistas individuais em profundidade e adotou-se também o diário de campo como uma ferramenta importante para o processo de imersão no campo-tema. A análise das narrativas se deu a partir de aproximações com a hermenêutica-dialética.
Resultados
As participantes deste estudo são mulheres negras e mães, com idade entre 20 e 72 anos que encontram na mariscagem uma estratégia para o sustento familiar. A mariscagem é uma atividade intrínseca às pescadoras artesanais, na qual o aprendizado ocorre ainda na infância e se mantém ao longo da vida. As marisqueiras apresentam o comprometimento da mobilidade física decorrente do excesso de peso ou pelas condições derivadas. As pescadoras não consideram seus corpos obesos e/ou doentes, apesar da possibilidade de limitação na movimentação.
Conclusão
As marisqueiras deste estudo classificam o “corpo gordo” como corpo forte e o consideram essencial e propício para a execução das atividades inerentes ao trabalho pesqueiro.
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