Ambiguidade genital: motivos do encaminhamento tardio para serviço especializado

Autores

  • Francisco de Machado Neto
  • Maria Tereza Matias Baptista
  • Antonio Paula Marques-de-Faria
  • Roberto Benedito de Paiva e Silva
  • Mariângela Ceschini
  • Andréa Trevas Maciel-Guerra
  • Gil Guerra Júnior

Palavras-chave:

ambiguidade genital, interdisciplinaridade, nivel socioeconomico

Resumo

Objetivo
A ambiguidade genital é uma emergência médica e social, necessitando diagnóstico ágil e preciso para definição do sexo social, preferencialmente antes do registro civil. Esta função tem sido desempenhada pelo Grupo Interdisciplinar de Estudos da Determinação e Diferenciação do Sexo, da Universidade Estadual de Campinas, desde a sua criação em 1989. Assim, esta pesquisa objetiva avaliar as características dos pacientes com ambiguidade genital na primeira consulta no Grupo Interdisciplinar de Estudos da Determinação e Diferenciação do Sexo.

Métodos
Análise retrospectiva de 254 casos de ambiguidade genital atendidos no Grupo Interdisciplinar de Estudos da Determinação e Diferenciação do Sexo, de janeiro de 1989 a dezembro de 2001, com dados de identificação, socioeconômicos e de exame físico da genitália externa.
Resultados
A faixa etária predominante foi maior de 1 ano de idade à primeira consulta no Grupo lnterdisciplinar de Estudos da Determinação e Diferenciação do Sexo, apenas 10% tendo menos de 1 mês de idade. Das crianças (78%) apresentavam sexo social previamente definido, sendo 52% masculino e 26% feminino. Cerca de 60% das famílias recebiam menos de 1 salário-mínimo de renda per capita; e 50% das mães apresentavam tempo de escolaridade menor que 4 anos. Cerca de 45% das crianças apresentavam genitália externa com graus 3 e 4 de Prader e mais de 50% dos casos apresentavam ambas as gônadas palpáveis, justificando em parte a preferência pelo sexo social previamente definido como masculino.
Conclusão
Uma das prioridades atuais do Grupo Interdisciplinar de Estudos da Determinação e Diferenciação do Sexo, é a divulgação destes dados, em especial para os pediatras e neonatologistas, com o objetivo de sensibilizá-los para a identificação precoce da ambiguidade genital na criança e a necessidade do correto encaminhamento dos casos.

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Publicado

2004-12-25

Como Citar

Machado Neto, F. de, Baptista, M. T. M., Marques-de-Faria, A. P., Paiva e Silva, R. B. de, Ceschini, M., Maciel-Guerra, A. T., & Guerra Júnior, G. (2004). Ambiguidade genital: motivos do encaminhamento tardio para serviço especializado. Revista De Ciências Médicas, 13(4). Recuperado de https://periodicos.puc-campinas.edu.br/cienciasmedicas/article/view/1207

Edição

Seção

Artigos Originais