Afrocentricidade: um conceito para a discussão do currículo escolar e a questão étnico-racial na escola

Autores

  • Maurício Silva Universidade Nove de Julho

DOI:

https://doi.org/10.24220/2318-0870v21n2a2903

Palavras-chave:

Cultura afro-brasileira, Currículo, Educação, Relações étnicas

Resumo

Este artigo trata da relação entre a Lei nº 10.639 de 2003, que tornou obrigatório o estudo de história e cultura africana e afro-brasileira nos ensinos fundamental e médio, e o currículo escolar, relacionando-o a temas próprios desses universos culturais. O objetivo do artigo é discutir a aplicação de um currículo afrocentrado, tomando como ponto de partida o conceito de afrocentricidade, proposto pelo educador afroamericano Molefi Asante. Discute-se, nesse sentido, a promoção de práticas de interação dos diversos contextos sociais nos quais os alunos estão inseridos, dentro da dinâmica histórica e cultural própria do continente africano. A análise explora o conceito de afrocentricidade, divulgado nos Estados Unidos da América entre os anos 1980 e 1990, sobretudo por Molefi Asante, conceito que tem em seus fundamentos as teorias da negritude de Aimé Césaire e do pan-africanismo de Du Bois e Garvey. Segundo Moleti, a ideia de afrocentricidade se opõe à visão excludente, discriminatória e preconceituosa que a cultura eurocêntrica historicamente manifesta, defendendo a assunção dos afrodescendentes como sujeitos e agentes de práticas culturais e escolares.

Palavras-chave: Cultura afro-brasileira. Currículo. Educação. Relações étnicas.

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Biografia do Autor

Maurício Silva, Universidade Nove de Julho

Doutor em Letras Clássicas e Vernáculas pela Universidade de São Paulo. Professor do Programa de Mestrado e Doutorado em Educação na Universidade Nove de Julho (Capes 5).

 

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Publicado

2016-09-02

Como Citar

Silva, M. (2016). Afrocentricidade: um conceito para a discussão do currículo escolar e a questão étnico-racial na escola. Revista De Educação PUC-Campinas, 21(2), 255–261. https://doi.org/10.24220/2318-0870v21n2a2903