Epistemologia travesti
uma etnografia online de Sara Wagner York
DOI:
https://doi.org/10.24220/2318-0870v29a2024e12825Palavras-chave:
Cibercultura, Epistemologia trans/travesti, Gênero e sexualidade, LGBTQIA+, Sara Wagner YorkResumo
O presente artigo é resultado de uma pesquisa de Mestrado realizada no Programa de Pós-Graduação em Educação, Contextos Contemporâneos e Demandas Populares da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, sob orientação da Professora Doutora Edméa Oliveira dos Santos, líder do Grupo de Pesquisa Docência e Cibercultura. O objetivo do trabalho foi compreender como mulheres trans/travestis construíam suas autorias e epistemologias no Instagram. Para a investigação deste trabalho, utilizamos a metodologia etnografia on-line, visando acompanhar as praticantes em seu cotidiano no Instagram. A pesquisa etnografou quatro cientistas trans/travestis por aproximadamente um ano, observando e analisando como essas pesquisadoras desenvolviam dispositivos de formação na rede social, construindo autorias que promoviam a formação de seus seguidores e a formação de uma estrutura organizada para a difusão do conhecimento trans. Neste artigo, será apresentada a etnografia on-line de Sara Wagner York, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Educação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Ao observar a praticante, buscou-se entender como a cibercultura, as suas narrativas e a plataformização dialogam com a produção de saberes científicos, formativos e inclusivos que são construídos e vivenciados no Instagram por essas cientistas trans/travestis. Objetivou-se, portanto, avançar nos processos de inclusão das autorias de mulheres trans/travestis na ciência, legitimando seu rigor científico e potencializando debates tão necessários para a permanência desses corpos na academia. Desejamos que este trabalho possa afetar o leitor e mobilizá-lo a pensar nesse movimento como um processo democrático e de direito para cientistas trans/travestis.
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